Descrição de chapéu Folhajus

Aras vai a Lula em busca de recondução na PGR e com discurso de algoz da Lava Jato

Procurador-geral busca vencer resistências ao seu nome, atrelado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL); encontro durou quase 1h30 no Palácio do Planalto

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Brasília

Em busca de sua recondução ao cargo, o procurador-geral da República, Augusto Aras, se encontrou com o presidente Lula (PT) nesta quinta-feira (17), em uma reunião que durou quase uma hora e meia, no Palácio do Planalto.

Segundo aliados do procurador, ele pretenda fazer uma espécie de balanço da sua gestão.

Ciente dos obstáculos que enfrenta para permanecer mais dois anos à frente do MPF (Ministério Público Federal), Aras pretendia ressaltar ao petista que teve papel fundamental para desmontar a Operação Lava Jato, que levou Lula à prisão e mirou uma série de políticos.

Também queria frisar ao presidente que atuou para acabar com a criminalização da política, teve força para controlar o MPF e buscou a estabilidade entre as instituições.

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Lula se encontra com Aras durante comemoração do Dia do Exército - Gabriela Biló - 19 abr. 2023/Folhapress

Segundo argumenta a pessoas próximas, a relação que manteve com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o STF (Supremo Tribunal Federal) foi fundamental para buscar a harmonia entre os Poderes e para a democracia.

Aras está no cargo desde 2019 e seu mandato expira no final de setembro. Embora queira permanecer no posto, o procurador-geral costuma dizer que sabe da resistência de uma parte dos aliados de Lula, que o classificam como bolsonarista, e não considera grandes as chances de ser escolhido.

Entre as críticas a ele estão a de ter sido conivente com atos controversos de Bolsonaro e de ter conduzido mal o MPF durante a pandemia do coronavírus. Por isso, integrantes do Palácio do Planalto também avaliam ser pequenas as chances de Lula reconduzi-lo pela dificuldade de justificar a escolha de um nome ligado ao seu adversário.

A ministra Simone Tebet (Planejamento), por exemplo, afirmou que conduzir Aras seria um "desastre".

O que Aras fez sob Bolsonaro

  • Alinhou-se ao então presidente

  • Colecionou omissões sobre Covid e ambiente

  • Foi conivente sobre medidas de isolamento social e vacinas

  • Pediu arquivamento de investigação da CPI da Covid

Por outro lado, Aras tem o apoio de pessoas muito próximas de Lula, entre eles o senador Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado, e de políticos do centrão, como o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

O procurador-geral foi inclusive aconselhado por aliados de Lula a não apresentar outros nomes como opções na conversa que terá com o presidente.

Aras estava disposto a apontar os procuradores Carlos Frederico dos Santos e Humberto Jacques como alternativas a seu nome, mas ouviu que não deveria indicar terceiros e apenas se colocar à disposição do presidente.

Há também dentro do governo quem apoie a recondução de Aras por avaliar que ele já foi testado. Ministros, inclusive, defendem que caso Lula não o escolha, encontre um "genérico" do procurador.

Os apoios no mundo político, reconhecem pessoas no entorno de Aras, são resultado do fato de ele ter ajudado a frear certas investigações.

Em outra frente para buscar melhorar sua avaliação com setores do governo e aliados de Lula, a partir da semana que vem o procurador-geral começará a soltar cadernos de prestação de contas da gestão no MPF.

O procurador-geral já esteve no Planalto em outras ocasiões, mas não para uma reunião exclusiva com Lula. Participou, por exemplo, de encontro para discutir a violência nas escolas.

Aras ocupa o posto desde setembro de 2019, indicado por Bolsonaro. Nos últimos meses, o procurador-geral vem buscando se afastar de seu alinhamento ao ex-presidente e de suas omissões na gestão passada.

Além deles, são considerados cotados para o posto o vice-procurador-geral eleitoral, Paulo Gonet, e o subprocurador-geral Antonio Carlos Bigonha.

Como mostrou a Folha, Gonet tem o apoio nos bastidores dos ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, do STF.

Lula já deixou claro a aliados que não quer desagradar aos dois magistrados, que se consolidaram como os principais interlocutores do governo no Supremo.

Porém aliados também têm a preocupação de que Lula não dê tanto poder à dupla de ministros escolhendo Gonet, em um argumento que pesa contra a indicação do procurador.

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