Lula e Lira devem se reunir em reta final para reforma ministerial

Expectativa é que presidente apresente ao deputado cenários para acomodação de PP e Republicanos

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Brasília

Sob pressão do centrão e com o risco de ver a pauta de seu governo estagnada no Congresso Nacional, o presidente Lula (PT) articula um encontro com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), em mais um movimento para concretizar a entrada de PP e Republicanos na Esplanada dos Ministérios.

Havia uma previsão de que o encontro ocorresse ainda na noite desta quarta-feira (16) no Palácio da Alvorada. Houve de fato uma movimentação de carros entrando e saindo da residência oficial da Presidência, mas sem confirmação do encontro até o final da noite.

A reunião se insere em um cenário de queda de braço entre os dois políticos.

A expectativa de aliados do governo e do parlamentar é que Lula apresentasse a Lira cenários possíveis para acomodação dos dois partidos em seu ministério para, num segundo momento, se reunir com líderes das respectivas legendas.

O presidente Lula e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), na posse de Celso Sabino (Turismo), no Palácio do Planalto - Adriano Machado - 13.ago.2023/Reuters

Nas últimas semanas, a ala política do Executivo traçou diferentes hipóteses para esse desenho, desde uma dança das cadeiras entre os atuais ocupantes das pastas até a criação de novos ministérios. Já é certo que os deputados Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) e André Fufuca (PP-MA) serão ministros —mas ainda não há clareza sobre quais pastas irão ocupar.

Como a Folha mostrou, aliados afirmam que Lula deverá bater o martelo sobre essas mudanças até esta sexta-feira (18), já que o presidente embarca para nova viagem ao exterior no domingo.

Além disso, auxiliares do presidente alertam para o risco de estagnação da pauta de interesse do Executivo no Congresso caso o petista adie mais uma vez a definição sobre o desenho da Esplanada dos Ministérios.

Nesta semana, a votação do novo arcabouço fiscal, matéria considerada prioritária para o governo, voltou a ser adiada na Câmara.

Esse encontro também ocorre num momento em que há ruídos entre Lira e Fernando Haddad (Fazenda), após declarações do ministro sobre o "poder muito grande" da Câmara, que contribuíram para azedar o clima entre Executivo e Legislativo.

Interlocutores de Lula que se reuniram recentemente com o presidente apostam na permanência do ministro Wellington Dias (Desenvolvimento Social). Apesar das críticas a seu desempenho, Dias tem a confiança de Lula —foi um dos coordenadores da campanha do ano passado— além da intenção do PT de permanecer à frente da pasta.

O Desenvolvimento Social, responsável pela gestão do Bolsa Família, está na mira do PP, que negocia com Lula para ocupar um ministério no governo.

Dias se encontrou com Lula nesta quarta-feira (16). Segundo pessoas próximas ao ministro, eles trataram de planos do "Brasil Sem Fome", o que foi interpretado por aliados de Lula como um sinal de que ele será sobreviverá à reforma ministerial.

Lula ainda quer se encontrar com líderes e a cúpula do PP e do Republicanos antes de sacramentar as mudanças na Esplanada. A expectativa é que esse encontro ocorra até sexta.

Nesta terça-feira, Lira afirmou a jornalistas que tem mantido contato frequente com Lula, por telefone.

"A presidência da Câmara tem uma excelente relação com o presidente da República, temos que ter essa relação, temos essa relação, mas ela nem de longe é pautada por essa participação [em ministérios].", declarou.

A janela para o Palácio do Planalto resolver o imbróglio do desenho da reforma é curta. Lula já viaja novamente, no início da próxima semana, para participar da XV Cúpula do Brics, em Joanesburgo, na África do Sul.

As negociações para a reforma ministerial que abrirá espaço para o PP e Republicanos foram iniciadas em julho. O centrão tem reclamado da demora para Lula efetivar as mudanças na Esplanada.

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