PP insiste em pasta do Bolsa Família, e Republicanos pode ficar com Portos e Aeroportos

Lula ficou de dar resposta sobre desenho final da minirreforma ministerial, segundo integrantes do centrão

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Brasília

O presidente Lula (PT) avançou nas tratativas para acomodar Republicanos e PP no primeiro escalão do governo.

Segundo parlamentares do centrão ouvidos pela Folha, integrantes do governo acenaram com a oferta da Caixa Econômica Federal e um novo ministério, de Micro e Pequenas Empresas, ao PP, mas o partido rechaçou a proposta e reforçou a demanda pelo Ministério do Desenvolvimento Social.

Em outra frente, o Planalto indicou que pode entregar o Ministério dos Portos e Aeroportos ao Republicanos, que também pode comandar a Funasa (Fundação Nacional da Saúde).

O assunto foi tratado em reunião de Lula com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), nesta quarta-feira (16). Segundo pessoas a par das negociações, o presidente ficou de dar uma resposta ainda nesta quinta sobre as demandas. Mas, até o início da noite, o mandatário ainda não havia conversado com os ministros das pastas ameaçadas, segundo interlocutores.

O presidente Lula e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), na posse de Celso Sabino (Turismo), no Palácio do Planalto - Adriano Machado - 13.ago.2023/Reuters

Diante da sinalização recebida pelo PP, integrantes da sigla avaliaram que, mesmo com a possibilidade de sinergia com recursos do Sistema S, preferem um ministério com mais capilaridade e que dê vazão para emendas parlamentares –o Desenvolvimento Social envia dinheiro para equipamentos e obras de centros de assistência social.

No entanto, integrantes da cúpula do PT que estiveram com Lula na noite de terça-feira (15) dizem estar seguros de que o presidente irá poupar Wellington Dias, que comanda o Desenvolvimento Social, da reforma ministerial.

Além de ser uma pasta estratégica aos petistas, pesa o fato de que Dias teria de deixar o ministério para dar lugar ao partido de um dos seus principais rivais no Piauí, o senador Ciro Nogueira, que preside o PP.

Se não houver consenso, surge a possibilidade de transferir a gestão do Bolsa Família para a Casa Civil, deixando o Desenvolvimento Social focado nas áreas de mais interesse do centrão, principalmente emendas.

Essa solução também é criticada por técnicos da área social do governo e por petistas, mas é aceita pelo PP.

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, negou a possibilidade de fatiar o Desenvolvimento Social, em entrevista ao SBT, na noite desta quinta, e disse que presidente estava decidido quanto a isso.

"Ali é ministério com o objetivo central de cuidar de quem mais precisa. Um conjunto de ações e políticas que tão interligadas, não tem como uma coisa ser feita sem a outra. Então, não haverá, pela decisão do presidente, desmembramento do MDS, não haverá desmembramento. Outras possibilidades poderão ocorrer", disse Rui Costa.

As especulações nos bastidores em torno do Ministério do Desenvolvimento Social aumentaram quando Lula cancelou, após poucos minutos do início, uma reunião com o ministro Wellington Dias na tarde desta quarta-feira, cuja pasta é pleiteada pelo PP. O mandatário saiu na sequência para encontrar Arthur Lira.

O encontro foi retomado nesta quinta. Wellington apresentou Lula seus projetos sociais e o plano "Brasil Sem Fome", para erradicar a pobreza. Após a reunião, o ministro divulgou um vídeo, disse que o presidente aprovou o plano e o pediu para seguir trabalhando.

"E o presidente deu uma orientação para mim. Ele sabe que já estamos trabalhando e agora ele quer que possamos nos dedicar e trabalhar ainda mais. E é isso que vamos fazer", afirmou o ministro, que foi um dos coordenadores da campanha de Lula no ano passado.

Para concretizar a reforma, o petista ainda precisa se reunir com o presidente do Republicanos, Marcos Pereira (SP). Ainda não há um encontro marcado. A expectativa de integrantes do Palácio do Planalto e articuladores políticos é a de que Lula finalize até esta sexta (18) a minirreforma.

Se esse desenho for confirmado, Lula terá de fazer remanejamentos na Esplanada. Uma possibilidade é que Márcio França (Portos e Aeroportos) seja transferido para Ciência e Tecnologia, cuja ministra, Luciana Santos (PC do B), poderia ir para o Ministério da Mulher, substituindo Cida Gonçalves.

França também poderia ocupar o novo Ministério de Micro e Pequenas Empresas, que seria desmembrado do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, comandado atualmente pelo vice-presidente, Geraldo Alckmin. Os dois são do PSB.

Membros do centrão acreditam que Lula irá solucionar a equação e apresentar o desenho final da reforma ministerial nesta semana, antes de embarcar para nova viagem ao exterior.

Lira viajou a São Paulo nesta quinta para um evento de filiação ao PP do secretário-chefe da Casa Civil do estado de São Paulo, Arthur Lima.

Interlocutores de Lira afirmaram à reportagem que recomendaram que o presidente da Câmara ouvisse o que o petista iria oferecer durante a reunião desta quarta –e não demandasse o comando de uma ou outra pasta específica.

A Funasa, por sua vez, vinha sendo alvo de pedidos do PSD, que já tinha solicitado o comando do órgão ao Planalto desde a transição do governo.

Nesta semana, a bancada da legenda no Congresso enviou uma carta para ministros palacianos reforçando a indicação do nome do ex-vice-governador do Ceará Domingos Filho para chefiar a Funasa. O documento era assinado pelos líderes do partido na Câmara, Antonio Brito, e no Senado, Otto Alencar.

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