Irmão de Cláudio Castro é alvo em operação da PF no Rio

Segundo a polícia, foram encontrados R$ 128 mil na casa de suspeito; governador critica investigação

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Rio de Janeiro

Irmão de criação do governador do Rio, Cláudio Castro (PL), o presidente do Conselho de Administração da AgeRio (agência de fomento do estado), Vinícius Sarciá Rocha, foi alvo de um mandado de busca e apreensão pela Polícia Federal, na manhã desta quarta-feira (20).

O mandado faz parte do inquérito da PF que investiga um suposto esquema de corrupção nos projetos de assistência social Novo Olhar, Rio Cidadão, Agente Social e Qualimóvel, dos anos 2017 a 2020. Há suspeita de que os envolvidos teriam cometido peculato, corrupção e lavagem de dinheiro, além de integrarem organização criminosa.

Vinícius Sarciá Rocha, alvo de operação da Polícia Federal nesta quarta-feira (20), e o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), seu irmão
Vinícius Sarciá Rocha, alvo de operação da Polícia Federal nesta quarta-feira (20), e o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), seu irmão - Reprodução/Redes sociais

O governador é alvo de inquérito cuja abertura foi autorizada pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) em abril deste ano. Os crimes teriam sido praticados na época que Castro era vereador e, depois, vice-governador.

Apesar de ser investigado, Castro não foi alvo de buscas nesta fase da operação. Contudo, o STJ autorizou a quebra dos sigilos bancário, fiscal e temático do governador.

Além de Sarciá Rocha, também foram alvos de busca e apreensão nesta manhã a subsecretária de Integração Sociogovernamental e de Projetos Especiais da Secretaria Estadual de Governo, Astrid de Souza Brasil Nunes, e o gestor de Governança Socioambiental da Cedae, Allan Borges Nogueira.

Policiais federais também cumprem sete medidas de afastamento de sigilo bancário e fiscal e seis medidas de afastamento de sigilo telemático.

Na casa de Sarciá Rocha, foram encontrados R$ 128 mil e US$ 7.535 em espécie. Segundo a PF, também foram apreendidos os celulares dos três alvos da operação, além de anotações, planilhas e documentos diversos de interesse para a investigação.

A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Sarciá Rocha. Em nota, a equipe de Castro disse que a operação desta quarta não trouxe "nenhum novo elemento à investigação que já transcorre desde 2019".

A nota diz ainda que não há nenhuma prova contra o governador e chamou a delação que deu origem de investigação "criminosa".

Segundo as investigações, os envolvidos no esquema faziam parte dos setores públicos de assistência social do estado e fraudaram licitações e contratos da área, além de ter desviado verbas públicas e pagado propinas a terceiros.

"Foram identificados pagamentos de vantagens ilícitas variáveis entre 5% e 25% dos valores dos contratos na área de assistência social, que totalizam mais de R$ 70 milhões", afirmou a Polícia Federal.

De acordo com os investigadores, o grupo obteve vantagens econômicas e políticas indevidas, pois procurou direcionar a execução dos projetos sociais para seus redutos eleitorais, aproveitando-se também da população mais necessitada.

A operação desta quarta-feira recebeu o nome de Sétimo Mandamento, uma referência ao mandamento da Bíblia que proíbe o roubo e o furto.

Na véspera da operação, Castro deu uma festa de fim de ano para amigos e aliados no Palácio das Laranjeiras, residência oficial do governador. Na confraternização, ele foi filmado cantando músicas como "Dormi na Praça", de Bruno e Marrone, e "Toda Forma de Amor", de Lulu Santos.

Entenda o caso

A operação desta quarta é um desdobramento das investigações sobre supostos pagamentos de propina a Castro. O governador do Rio foi acusado por ex-aliados de ter recebido dinheiro público desviado em ocasiões diferentes. Castro sempre negou as acusações.

Em julho de 2022, o empresário Marcus Vinícius Azevedo da Silva, ex-assessor de Castro, afirmou ao Ministério Público que o governador gastou US$ 20 mil durante uma viagem que fez com a família a Orlando, na Flórida, onde ficam parques da Disney.

De acordo com o depoimento de Silva, Castro recebia propina de verba desviada de contratos da Fundação Leão 13 e da Subsecretaria da Pessoa com Deficiência. Um desses contratos era para o projeto Novo Olhar, gerido pela empresa Servlog Rio, do empresário Flavio Chadud.

Em outra delação, assinada por Bruno Selem, funcionário da Servlog, o governador também foi acusado de receber propina. Selem afirma que Chadud entregou dinheiro a Castro, em julho de 2019, na época que ele era vice-governador.

O delator diz que Castro recebeu na ocasião R$ 100 mil em dinheiro vivo, que teria sido guardado dentro de uma mochila. A Polícia Civil conseguiu localizar um vídeo em que o governador visita o empresário e sai com uma mochila na mesma data indicada pelo delator.

Na época, o governador disse que foi apenas visitar um amigo e que havia chocolate na mochila.

O funcionário da Servlog afirmou à Promotoria que o governador "recebia propinas e auferia vantagens políticas com o projeto Qualimóvel municipal". O programa oferecia atendimento médico gratuito em unidades móveis pela cidade.

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