Descrição de chapéu Folhajus Congresso Nacional

Moro rebate críticas e cita prerrogativa parlamentar para não divulgar voto sobre Dino no STF

Senador diz sofrer 'intenso ataque' do governo Lula e de parte do PL de Bolsonaro

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Brasília

O senador Sergio Moro (União Brasil-PR) defendeu nesta quinta (14) a decisão de não divulgar seu voto na aprovação de Flávio Dino para o STF (Supremo Tribunal Federal) e disse sofrer "intenso ataque" do governo Lula (PT) e de parte do PL do Paraná, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro.

"Não me surpreende o intensivo ataque daqueles que desejam ocupar o cargo que legitimamente conquistei nas urnas, com o apoio do povo paranaense. Aos meus eleitores e apoiadores, digo: não divulgar o voto na indicação de autoridades é uma prerrogativa do parlamentar", escreveu em uma publicação em rede social.

Moro troca mensagens sobre desespero de Deltan durante votação que aprovou Dino para o STF - Gabriela Biló-13.dez.23/Folhapress

"O intenso ataque que tenho sofrido do atual governo Lula, de parte do próprio PL paranaense, além das ameaças do PCC, fazem-me agir, nesse momento, com cautela e no exercício efetivo de uma prerrogativa que tenho, tudo de forma a preservar minha independência", afirmou.

Uma das críticas ao ex-juiz veio do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). O parlamentar publicou uma foto de Moro em suas redes sociais ao lado de um diabo e escreveu: "Tira o seu da reta e dane-se o resto. É só votar a favor e depois não dizer em quem votou".

A ex-primeira dama Michelle Bolsonaro (PL) também atacou o ex-aliado. "Não há nada escondido que não venha a ser descoberto, ou oculto que não venha a ser conhecido", afirmou Michelle pelas redes sociais.

A ex-primeira dama também compartilhou a foto de uma mensagem trocada pelo senador com um contato chamado "Mestrão". No texto, revelado pelos jornais O Estado de S. Paulo e O Globo, Moro diz a "Mestrão" que manterá seu voto secreto como "instrumento de proteção".

Moro e Jair Bolsonaro romperam em 2020, quando o ex-juiz deixou o comando do Ministério da Justiça acusando o então presidente de tentar interferir na Polícia Federal. Eles se reconciliaram no segundo turno da eleição de 2022, quando o hoje senador assessorou o então candidato em debates na TV.

Na quarta (13), em um dos momentos inusitados da sabatina de Dino na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado, Moro cumprimentou o ministro e acabou sorrindo com uma brincadeira feita por ele.

Posteriormente, ao discursar, Moro reclamou de críticas que recebeu em redes sociais por ter sido fotografado em meio a risadas com o indicado do presidente Lula.

"Vossa excelência perguntou algo e eu achei graça e dei uma risada. Tiraram várias fotos e já viralizaram, como se isso representasse minha posição", disse Moro, acrescentando que os dois foram juízes federais na mesma época.

Ele disse também que não perderia "a civilidade" e que o país "precisa disso para diminuir a polarização".

Sérgio Moro cumprimenta Flávio Dino durante sabatina na CCJ do Senado Federal - Gabriela Biló - 13.dez.2023/Folhapress

Uma troca de mensagens ocorrida no plenário entre Moro e o primeiro suplente de seu mandato, o advogado Luis Felipe Cunha, na noite desta quarta, indica que o ex-procurador e ex-deputado federal Deltan Dallagnol estaria "desesperado".

O diálogo, captado pela Folha durante a sessão que aprovou Dino, também faz menção a uma estratégia adotada pelo senador. Não há detalhes sobre o motivo de desespero do ex-procurador da Lava Jato nem sobre a estratégia de Moro.

Pessoas próximas, porém, afirmaram que a reação emocional de Deltan tem a ver com o fato de o ex-juiz da Lava Jato não ter declarado voto contra a indicação do ministro de Lula. Isso sinalizaria, para ele, que Moro votou pela aprovação de Dino.

"Amigo, pela estratégia relatada, aparentemente, não há o que ser dito. Eu disse ao Deltan que vc [você] sabe o que faz e que estarei ao seu lado sempre, por lealdade e por saber que você è uma [sic] cara correto", disse o advogado na mensagem.

O senador é alvo de uma ação movida pelo PL e a federação formada por PT, PV e PC do B por suposto abuso nos gastos da pré-campanha do ano passado.

A suspeita é a de que o escritório de Cunha não prestou efetivamente os serviços previstos no contrato e o dinheiro abasteceu ilegalmente a pré-campanha de Moro —o que o senador e seu partido rechaçam.

Mesmo com a votação sendo secreta, boa parte da oposição revelou que votaria contra Dino —como o ex-vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos-RS) em entrevista à Folha, o líder do PL, Carlos Portinho (RJ), e Damares Alves (Republicanos-DF).

Moro, no entanto, não quis abrir seu voto. O senador disse a jornalistas nesta quarta que a sabatina poderia mudar sua posição: "A gente é sempre uma pessoa aberta ao diálogo, a gente conversa com todo mundo. Resolvemos as questões para discutir o que a gente diverge e o que a gente concorda".

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