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Lula define sucessor de Dino e prepara anúncio de Lewandowski na Justiça

Ministro aposentado do STF barra aliado de Dino na secretaria-executiva da pasta

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Brasília

O presidente Lula (PT) deve anunciar nesta quinta-feira (11) o ministro aposentado do STF (Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandowski como o novo titular da pasta da Justiça e Segurança Pública. Os últimos detalhes da transição foram definidos nesta quarta (10), num encontro no Palácio da Alvorada entre Lula, Lewandowski e o atual ministro da Justiça, Flávio Dino.

Na reunião desta quarta, Lula tratou com Lewandowski e Dino sobre a montagem da futura equipe da Justiça e temas de relevância da pasta. Na ocasião, de acordo com aliados, Dino intercedeu novamente pelo atual secretário-executivo do ministério, Ricardo Cappelli, na tentativa de preservá-lo no cargo.

O argumento usado por Dino foi o de que Cappelli desempenhou papel importante na resposta aos ataques do 8 de janeiro e tem conhecimento do funcionamento interno do ministério.

Lewandowski, no entanto, reiterou o desejo de contar com uma pessoa de sua confiança no segundo posto mais importante do ministério. Dessa forma, auxiliares de Lula dizem que a tendência é que Cappelli deixe o governo.

O ministro aposentado do STF vai substituir Dino, que foi indicado por Lula para uma vaga no Supremo.

Lula, Lewandowski e Dino devem ter nova reunião na manhã de quinta, quando o anúncio oficial é esperado.

O ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandowski na cerimônia de posse de Cristiano Zanin na corte - Pedro Ladeira - 3.ago.23/Folhapress

Como a Folha mostrou, apesar de ainda não ter sido oficializado, a indicação do ministro do Supremo para comandar a Justiça já era dada como certa nos últimos dias. A escolha desencadeou uma discussão sobre a partilha do segundo escalão do ministério.

A demora na oficialização ocorreu porque Lewandowski vinha trabalhando em nomes da sua futura equipe e, principalmente, buscava organizar seu escritório de advocacia.

Segundo aliados de Lewandowski, é certo que ele fará questão de montar sua própria equipe e indicar postos-chave do ministério, como a secretaria-executiva e a Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública).

A expectativa do Planalto é a de que a transição ocorra da forma mais tranquila o possível, preferencialmente com a participação de Cappelli.

O número dois de Dino, no entanto, disse a interlocutores que não tem interesse em ficar numa função desidratada —seu nome chegou a ser cogitado para a Senasp.

Ele ainda avisou a aliados que não deve aceitar um convite que represente um rebaixamento hierárquico.

Cappelli também disse a pessoas próximas que só permaneceria na pasta caso se mantivesse na secretaria-executiva ou fosse promovido a ministro. Dino chegou a defender a promoção de seu aliado para a chefia do ministério, sem sucesso.

Lula optou por um nome de sua confiança e com formação na área jurídica. Braço direito de Dino, Cappelli é jornalista.

O nome de Cappelli passou a circular até mesmo para algum cargo no Ministério da Defesa ou em outros postos da administração pública federal, mas rapidamente as opções foram descartadas.

Homem da confiança de Dino, Cappelli ganhou notoriedade no início do governo por ter sido interventor na segurança do Distrito Federal após os ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023.

Também assumiu interinamente o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) no lugar do ex-ministro general Gonçalves Dias, demitido por Lula em abril passado.

De acordo com pessoas próximas, Cappelli tem pretensões eleitorais e julga importante desempenhar um papel que o mantenha em evidência até 2026.

Pessoas próximas a Lewandowski, por sua vez, dizem que ele não deve mexer em muitos cargos, mas optará por secretários com experiência nas respectivas áreas e perfis mais discretos

Um nome forte para a secretaria-executiva de Lewandowski é o do advogado baiano Manoel Carlos de Almeida Neto. Ele já foi assessor de Lewandowski, de quem é próximo há mais de duas décadas, e teve por ele o nome defendido para a penúltima vaga aberta no STF.

Para a Senasp, segundo interlocutores de Lewandowski, a possibilidade é de que o comando vá para alguém com histórico de atuação na área, como um nome da academia. Aliados do ministro aposentado do Supremo veem Benedito Mariano, fundador do PT e ex-ouvidor das polícias do estado de São Paulo, como um bom nome.

Ainda que a questão partidária não seja o parâmetro para a montagem da equipe, o fato é que o PT deve permanecer em cargos e o PSB perder espaço em um futuro ministério Lewandowski,

Hoje auxiliares de Lula que participam das conversas dão como certeza a permanência de dois nomes, como compromisso firmado pelo próprio presidente: o petista Wadih Damous na Secretaria do Consumidor e Andrei Rodrigues como diretor-geral da PF (Polícia Federal).

Andrei atuou na segurança do petista ainda durante a campanha e ampliou sua confiança junto ao mandatário. Damous, por sua vez, é amigo de Lula e trabalhou na sua defesa em casos da Lava Jato.

A expectativa é a de que também sejam mantidas Tamires Sampaio e Sheila de Carvalho na assessoria especial do ministério. As duas são ligadas ao PT, sendo que Carvalho também é presidente do Conare (Comitê Nacional para os Refugiados).

Por outro lado, nomes próximos a Dino que ocupavam outros cargos de destaque e são filiados ao PSB devem deixar a pasta.

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