Descrição de chapéu Lava Jato

'Sou um juiz ficha limpa', diz crítico da Lava Jato após processo disciplinar ser encerrado

Corregedor nacional arquiva caso de Eduardo Appio, após acordo com TRF-4 para transferência

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Curitiba

O corregedor nacional de Justiça, Luis Felipe Salomão, arquivou o caso do juiz federal Eduardo Appio, que deixou no mês passado a titularidade da Vara Federal responsável pela Operação Lava Jato no Paraná, na esteira de um acordo feito com o TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região).

"Sempre confiei no Conselho Nacional de Justiça e hoje sou um juiz ficha limpa. Cumpri o meu dever na 13ª Vara Federal", declarou Appio nesta quinta-feira (4).

A decisão de Salomão foi assinada em 27 de dezembro e, na prática, representa o fim de um episódio que se arrasta desde maio passado.

Homem de terno e gravata sentado em frente a computador em sala de trabalho
O juiz federal Eduardo Appio, durante entrevista à Folha, em fevereiro - Catarina Scortecci - 14.fev.23/Folhapress

Appio assumiu a 13ª Vara Federal de Curitiba, conhecida como a vara da Lava Jato, em fevereiro passado. Abertamente crítico dos métodos da operação deflagrada em 2014 e da atuação das autoridades que ganharam notoriedade durante a investigação –como o ex-juiz Sergio Moro e o ex-procurador Deltan Dallagnol—, Appio assinou decisões polêmicas e se tornou alvo de pedido de suspeição proposto pelo Ministério Público Federal.

Em maio, Appio foi afastado temporariamente da 13ª Vara Federal por decisão da Corregedoria do TRF-4 por conta de uma ligação que ele teria feito para o advogado João Eduardo Barreto Malucelli.

Na ligação, Appio estaria fingindo ser outra pessoa, e aparentemente tentava comprovar que falava com o filho do juiz federal Marcelo Malucelli, então relator da Lava Jato em segunda instância.

João Eduardo é sócio do hoje senador Moro (União Brasil-PR) em um escritório de advocacia e, na época do telefonema, Marcelo Malucelli e Appio tinham decisões judiciais conflitantes.

O advogado gravou a ligação, e um laudo da PF encomendado pela corregedoria do TRF-4 apontou que o áudio "corrobora fortemente a hipótese" de que se trata da voz de Appio. O juiz nunca admitiu ter feito a ligação, que foi interpretada pelo advogado como uma espécie de ameaça.

O episódio gerou um processo administrativo disciplinar contra Appio na Corregedoria do TRF-4. Mas o magistrado conseguiu transferir o caso para análise da Corregedoria do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), em Brasília.

No CNJ, Salomão conduziu uma audiência de mediação entre Appio e o TRF-4, em outubro. Pela corte regional, estavam Fernando Quadros da Silva, presidente do TRF-4, e a juíza Vânia Hack de Almeida, corregedora regional.

Durante o encontro, Appio reconheceu que praticou "conduta imprópria", sem entrar em detalhes do caso, e houve um acordo para que o processo disciplinar fosse encerrado. Pelo acordo, Appio se inscreveria para outra vara federal, deixando em definitivo a Lava Jato, o que aconteceu no final do ano passado.

Desde 6 de dezembro, Appio está à frente da 18ª Vara Federal de Curitiba, que trata de temas previdenciários.

Em novembro, foi decidido que o juiz federal Danilo Pereira Júnior seria o novo titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, posto que foi de Sergio Moro até 2018.

Colaborou Felipe Bächtold, de São Paulo

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