Descrição de chapéu Eleições 2024

Nunes diz não ter como comentar operação contra golpismo de seu aliado Bolsonaro

Prefeito afirmou não ter 'profundo conhecimento' de ação da PF e disse estar cuidando da cidade

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São Paulo

Pré-candidato apoiado por Jair Bolsonaro (PL) na eleição em São Paulo, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) evitou, novamente, comentar o fato de o ex-presidente estar na mira da Polícia Federal. Nesta quinta-feira (8), a PF esteve na casa de Bolsonaro em ação que investiga uma tentativa de golpe de Estado para mantê-lo no poder.

Questionado pela imprensa durante a inauguração de uma UBS na zona leste, na manhã desta quinta, Nunes, que já disse considerar Bolsonaro um democrata, afirmou que não tinha o que comentar e que estava "cuidando da cidade".

"Hoje é dia de Prefeitura Presente aqui no Itaim Paulista. Eu estou desde cedo aqui e vou ficar até a noite, não consegui nem ver meu WhatsApp. Então eu não tenho, assim, algum comentário para fazer de algo que eu não tenho um profundo conhecimento", disse Nunes.

"Enfim, não tenho como comentar porque estou aqui trabalhando, cuidando da cidade", emendou.

O apoio de Bolsonaro a Nunes, costurado pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto, preso nesta quinta, e pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), se consolidou no mês passado, quando o ex-presidente afirmou em uma live que indicaria o nome do vice na chapa do prefeito.

No último dia 1º, Bolsonaro disse que preferia a candidatura do bolsonarista Ricardo Salles, mas que isso era página virada, e reforçou sua aliança com Nunes.

Nesta quinta, Nunes tem uma série de compromissos na zona leste, com visita a obras da prefeitura —programa chamado Prefeitura Presente, quando o prefeito dedica um dia inteiro a uma região específica.

Ao comentar sobre a eleição, o emedebista disse que vai atender a população e se esquivou de falar sobre a operação e sobre Bolsonaro, que defende o bolsonarista Ricardo Mello Araújo como vice na chapa.

"Eu não tenho detalhes sobre o que aconteceu nessa operação, mas o que eu tenho aqui é isso: é trabalhar, trabalhar, trabalhar, cuidar da cidade. Lá na frente, quando chegar a eleição, a população vai avaliar se eles estão felizes de receber esses equipamentos importantes", disse, mencionando a entrega de unidades de saúde.

"Qualquer questão da eleição, eu vou mostrar isso: que eu sou o primeiro a chegar, que a gente está entregando, que a gente está com a prefeitura estruturada para atender a demanda da população. Onde a população solicita, a gente entrega", completou.

A declaração do prefeito reflete a estratégia da sua pré-campanha de evitar a polarização nacional, ao contrário do que querem Guilherme Boulos (PSOL) e Lula (PT), e priorizar a discussão da gestão da cidade —terreno em que ele acredita ter vantagem diante dos investimentos em obras e programas.

No último dia 29, Nunes também não respondeu sobre a operação da PF que mirou a chamada "Abin Paralela" do governo Bolsonaro. Tarcísio, que estava ao lado do prefeito durante anúncio de uma obra na zona sul, disse que não comentaria.

Na ocasião, o prefeito foi indagado se a operação que atingia a família Bolsonaro prejudicava a indicação de um vice pelo ex-presidente. "Não, acho que não [prejudica]. Nem sei da operação. Teve operação?", questionou.

Procurados pela reportagem, aliados do prefeito e integrantes da sua pré-campanha minimizam o estrago da operação para a tentativa de reeleição do emedebista. Segundo eles, o eleitor, nos pleitos municipais, dá mais importância à avaliação da sua qualidade de vida do que a apoiadores dos candidatos. O nome na urna, dizem, será o de Nunes, não o de Bolsonaro.

A avaliação é a de que Nunes faz uma excelente gestão e que deve seguir melhorando —esse seria o caminho para conquistar a população. Acrescentam ainda que, geralmente, problemas de outros partidos da coligação, como é o PL, não afetam diretamente o prefeito.

O entorno de Nunes admite, contudo, que o desgaste de Bolsonaro dá munição para Boulos, que vem fazendo uma série de publicações que relacionam o prefeito ao ex-presidente. "As denúncias de hoje deixam claro mais uma vez: São Paulo não pode ficar refém do bolsonarismo", escreveu o psolista nas redes.

Em entrevista à Folha em setembro do ano passado, Nunes disse que considerava Bolsonaro um democrata. "Se ele foi eleito deputado várias vezes, por que não seria?", respondeu.

Questionado a respeito das investigações em andamento sobre ameaça às eleições, insinuações de golpismo, críticas à urna eletrônica, Nunes disse que pelo que viu de Bolsonaro "foi uma posição democrata".

"Não vejo nada que ele tenha feito contrário a isso. É um homem que foi pelo voto eleito deputado, se tornou presidente. Ou vocês vão querer negar o sistema democrático brasileiro. A gente pode gostar ou não, mas ele foi eleito", completou.

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