Aliados de peso de Bolsonaro desistem ou silenciam sobre ir a ato na Paulista; veja lista

Ex-presidente é alvo de investigação da Polícia Federal sobre suposta tentativa de golpe para impedir posse de Lula

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São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Curitiba e Belo Horizonte

O chamado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para um ato em seu apoio na avenida Paulista, em São Paulo, neste domingo (25), parece ainda não ter animado a maioria dos principais líderes políticos que estiveram com ele na eleição de 2022.

De 20 lideranças procuradas pela Folha, entre eles senadores e governadores, 6 confirmaram presença e 4 já disseram que não irão ao ato marcado em meio às investigações da Polícia Federal sobre a atuação do ex-mandatário em uma trama golpista.

Todos os demais silenciaram diante da pergunta da reportagem ou responderam que ainda não existe uma definição de agenda para a data.

O presidente Jair Bolsonaro, em 2022, no Palácio da Alvorada
O presidente Jair Bolsonaro, em 2022, no Palácio da Alvorada - Evaristo Sá - 26.out.22/AFP

No vídeo em que chama os apoiadores, Bolsonaro pede a eles que não levem faixas e cartazes contra ninguém e fala em ato de apoio ao que chama de "Estado democrático de Direito". "Nesse evento eu quero me defender de todas as acusações que têm sido imputadas à minha pessoa nos últimos meses."

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o prefeito paulistano, Ricardo Nunes (MDB), já confirmaram presença. "Devo comparecer", disse o prefeito.

Caso seja processado e condenado pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado democrático de Direito e associação criminosa, o ex-presidente poderá pegar uma pena de até 23 anos de prisão e ficar inelegível por mais de 30 anos.

Bolsonaro ainda não foi indiciado por esses delitos, mas as suspeitas sobre esses crimes levaram a Polícia Federal a deflagrar uma operação que mirou seus aliados na última quinta-feira (8).

O ex-presidente já foi condenado pelo TSE por ataques e mentiras sobre o sistema eleitoral e é alvo de diferentes outras investigações no STF (Supremo Tribunal Federal). Neste momento, ele está inelegível ao menos até 2030.

Entre alguns dos principais auxiliares e aliados de Bolsonaro que hoje estão no Congresso, houve uma divisão sobre o comparecimento ao ato do dia 25.

As senadoras Tereza Cristina (PP-MS) e Damares Alves (Republicanos-DF), por exemplo, disseram que não vão devido a compromissos já agendados para essa data. O de Tereza, relativo a uma agenda médica e cirúrgica, segundo sua assessoria. Damares não informou qual é o compromisso.

As duas compuseram o ministério de Bolsonaro, nas pastas de Agricultura e de Mulher, Família e Direitos Humanos, respectivamente.

Já o senador Ciro Nogueira (PP-PI), ministro da Casa Civil de Bolsonaro, disse que vai ao evento e levará "toda sua família" para, segundo ele, mostrar apoio ao ex-presidente "junto de milhares de brasileiros".

O senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP), por meio de sua assessoria, também confirmou presença.

O então vice de Bolsonaro, Hamilton Mourão, hoje senador pelo Republicanos do Rio Grande do Sul, disse por meio da assessoria que não iria comentar o ato convocado por Bolsonaro.

Após a operação da PF que mirou a suposta trama para um golpe de Estado liderado por Bolsonaro e militares de alta patente, Mourão conclamou os atuais comandantes das Forças Armadas a não se omitirem contra a "condução arbitrária de processos ilegais". No dia seguinte, soltou nota recuando e se dizendo legalista.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) não responderam à pergunta da Folha.

Governadores

Os governadores Cláudio Castro (PL-RJ), Ibaneis Rocha (MDB-DF), Mauro Mendes (União Brasil-MT), Marcos Rocha (União Brasil-RO), Ratinho Junior (PSD), Romeu Zema (Novo-MG) e Wilson Lima (União Brasil-AM) não responderam se irão ao ato. A assessoria do governador do Amazonas disse que a agenda dele para fevereiro ainda não está fechada.

O entorno de Castro vê a agenda como um problema para o governador fluminense. Ele se mantém aliado do ex-presidente, mas desde a campanha tem evitado abraçar bandeiras extremistas.

Outro agravante para o governador fluminense são as investigações sobre ele em curso no STJ (Superior Tribunal de Justiça). Castro tenta no STF anular a delação que fundamenta parte das investigações e teme as consequências de sua presença no ato na análise dos pedidos.

Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) confirmou presença. "Como aliado político, estarei presente no momento em que o ex-presidente Bolsonaro conclama a população para ouvir seus argumentos. Não é um movimento contra ninguém, é um ato pacífico, como o próprio Bolsonaro fez questão de ressaltar em seu chamamento. Ele quer uma oportunidade para falar ao Brasil e eu estarei ao lado dele", disse via assessoria.

O governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), não irá ao ato. De acordo com sua assessoria, Denarium tem "uma vasta agenda de inaugurações e visitas a obras de educação em áreas rurais e indígenas".

O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), disse inicialmente que estaria ausente em razão de uma viagem oficial na data. Nesta segunda-feira (19), sua assessoria informou que ele antecipou o voo de volta e decidiu participar do ato. Ele está em missão oficial em Dubai, nos Emirados Árabes, desde o último final de semana.

A assessoria não deu informações sobre os horários dos voos, mas afirmou que nenhum compromisso nos Emirados Árabes precisou ser cancelado em função da mudança.


Não irão ao ato

  • Governador Antonio Denarium (PP-RR)
  • Governador Gladson Cameli (PP-AC)
  • Senadora Tereza Cristina (PP-MS)
  • Senadora Damares Alves (Republicanos-DF)

Presença confirmada

  • Governador Tarcísio (Republicanos-SP)
  • Governador Ronaldo Caiado (União Brasil-GO)
  • Governador Jorginho Mello (PL-SC)
  • Senador Ciro Nogueira (PP-PI), chefe da Casa Civil de Bolsonaro
  • Senador Marcos Pontes (PL-SP), ministro de Ciência e Tecnologia de Bolsonaro (2019-2022)
  • Prefeito Ricardo Nunes (MDB-SP)

Indefinidos (ou não responderam)

  • Governador Cláudio Castro (PL-RJ)
  • Governador Mauro Mendes (União Brasil-MT)
  • Governador Marcos Rocha (União Brasil-RO)
  • Governador Romeu Zema (Novo-MG)
  • Governador Wilson Lima (União Brasil-AM)
  • Governador Ratinho Jr. (PSD-PR)
  • Governador Ibaneis Rocha (MDB-DF)
  • Deputado Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara
  • Senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), vice de Bolsonaro (2019-2022)
  • Senador Sergio Moro (União Brasil-PR), ministro da Justiça de Bolsonaro (2019-2020)
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