Descrição de chapéu Governo Lula

Lula faz acenos a evangélicos e motoristas de app para reagir a ato bolsonarista

Estratégia foi solidificada após manifestação a favor de Bolsonaro considerada grande pelo governo

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Brasília

O governo Lula (PT) acena a evangélicos e trabalhadores de aplicativo na tentativa de desidratar o eleitorado bolsonarista ou, ao menos, deter seu avanço.

Discutida em reuniões nesta semana, a estratégia solidificou-se após manifestação de domingo (25) em apoio a Jair Bolsonaro (PL), segundo admitem aliados do presidente.

O próprio Lula reconheceu a magnitude do ato pró-Bolsonaro, ocorrido na avenida Paulista e convocado após revelação de discussões de teor golpista durante reunião ministerial conduzida pelo ex-presidente em julho de 2022.

Segundo aliados, o ato na avenida Paulista, em São Paulo, acabou por reforçar a necessidade de medidas voltadas para esse eleitorado. Ações em debate desde o ano passado ganharão forma em março.

O presidente Lula (PT), no Planalto
O presidente Lula (PT), no Planalto - Adriano Machado/Reuters

Na segunda-feira (4), por exemplo, será anunciado projeto para instituição de remuneração por hora trabalhada a motoristas de aplicativos. Fruto de um acordo com as plataformas, a proposta inclui também contribuição previdenciária para esses trabalhadores.

Ainda este mês deverá ser aprovada a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que garante imunidade tributária a igrejas e templos religiosos.

A expectativa é que seja promulgada pelo Congresso na Semana Santa. Integrantes da bancada evangélica veem essa medida como uma grande oportunidade para o governo aparar as arestas com o segmento.

A expectativa é que, com essa PEC, o governo abrirá mão de cerca de R$ 1 bilhão por ano, o que, segundo parlamentares, já seria reduzido nos próximos anos quando a reforma tributária entrar em vigor.

Os benefícios para os templos serão concedidos até em material de construção e compra de automóveis.

Porém a PEC não resolve um impasse sobre contribuição previdenciária das igrejas. Por isso, o governo espera que, em março, seja concluída a elaboração de um parecer jurídico que permitirá a ampliação de benefícios fiscais a denominações religiosas para isenção de contribuição previdenciária.

Esses benefícios chegaram a ser suspensos pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), no ano passado.

Autor da PEC, o ex-prefeito do Rio Marcelo Crivella (Republicanos) afirma que a suspensão foi motivada por uma iniciativa do Ministério Público de Contas. "Portanto, não houve intenção do governo de restringir direitos de templos religiosos", disse.

"Quanto à PEC 5 [da imunidade tributária], fizemos no ano passado inúmeras reuniões com a Casa Civil até chegarmos a um texto de entendimento."

A proposta foi aprovada na terça-feira (27) pela Comissão Especial e agora segue para o plenário. Governistas sinalizaram com apoio ao texto. "Acredito que o governo compreende que igreja forte é crime fraco. E fortalecer todas as igrejas é garantir a imunidade tributária", afirmou Crivella.

"A PEC é para todas as denominações religiosas. Com certeza se o governo apoiar, como tem apoiado, vai mostrar o apreço que tem a eles", acrescentou Crivella, que é bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus.

Sala de reunião com o ministro e parlamentares sentados em torno de uma mesa
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), durante reunião com parlamentares da bancada evangélica; à esquerda, os deputados Marcelo Crivella (Republicanos-RJ) e Silas Câmara (Republicanos-AM) - Gustavo Raniere/Divulgação Ministério da Fazenda

Também em resposta ao ato de domingo, emissários do governo federal afirmaram a parlamentares da Câmara dos Deputados que aqueles que assinaram pedido de impeachment contra o presidente Lula por ele ter comparado as mortes na Faixa de Gaza ao Holocausto irão sofrer consequências do Executivo.

Auxiliares de Lula passaram a segunda (26) tentando desviar o foco da manifestação bolsonarista, mas reconheceram que o ex-presidente conseguiu reunir aliados políticos de peso.

Lula também fez um gesto a militares, grupo fortemente identificado com o bolsonarismo e que tem uma relação com o governo Lula marcada por desconfiança. Em entrevista à Rede TV! na terça, Lula evitou fazer críticas mais contundentes à atuação das Forças Armadas no país e disse que prefere não ficar remoendo as consequências do golpe de 1964 porque isso "faz parte do passado" e quer "tocar o país para frente".

Na mesma entrevista, ele disse ainda que em nenhum outro momento da história os integrantes das Forças foram tão punidos, como estão sendo atualmente pelo envolvimento em tramas golpistas de 2022 e por participação nos ataques de 8 de janeiro de 2023.

O presidente citou o fato de oficiais de alta patente terem sido chamados a depor à Polícia Federal sobre as investigações de uma trama golpista para evitar a posse de Lula.

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