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Nunes diz que não fez nada de errado em episódio de 1996 com arma de fogo pelo qual foi denunciado

'Não dei tiro e sou cristão que não gosta de confusão', afirma prefeito, que foi acusado pela Promotoria por porte ilegal e disparo de arma de fogo

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São Paulo

O prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), afirmou na tarde desta quinta-feira (29) que não fez nada de errado no episódio pelo qual foi denunciado em sua juventude por porte ilegal de arma após disparo de pistola em Embu das Artes, na Grande São Paulo.

"Não dei tiro nenhum. Não tem absolutamente nada que eu tivesse feito de errado a não ser só, como um cidadão em qualquer situação, eu fiz e faria, de tentar evitar algum problema, de separar qualquer tipo de briga", afirmou à Folha.

O caso que motivou a denúncia contra Nunes aconteceu em uma madrugada de 1996 em uma casa de shows chamada Caipirão, no centro de Embu. Na época, ele era um empresário e tinha 28 anos.

O prefeito Ricardo Nunes durante assinatura de início das obras de requalificação da marquise Ibirapuera - Rubens Cavallari/Folhapress

A notícia foi publicada inicialmente pelo Metrópoles. A Folha também teve acesso e analisou o material do processo, de mais de 80 páginas.

A acusação foi baseada no relato de um policial civil que trabalhava como segurança no salão. O episódio ocorreu por volta das 3h de uma segunda-feira, quando esse policial estava em seu carro e ouviu um disparo de arma de fogo. Após o estrondo, ele declarou que saiu do veículo e viu Nunes dar um tiro com uma pistola Imbel calibre 380.

O prefeito afirmou, em nota, que o episódio envolveu disparo acidental sem consequência, efetuado com arma de terceiro que saiu do local.

Segundo o registro, uma pessoa desconhecida que estaria ao lado Nunes fugiu do local. A arma semiautomática encontrada pertencia a um homem chamado Marcio Garcia, que seria amigo de Nunes.

Nunes disse à Folha que é "um cristão que não gosta de confusão, agressão e briga, que procura dialogar e ter as coisas pacificadas".

Ele afirmou que "andar armado não é algo positivo" e respondeu não ser a favor de maior liberação no porte e posse de armas.

"Sou a favor do que está previsto na legislação, de que a pessoa, dentro do seu estabelecimento e casa, tenha o direito de, dentro da legalidade e da legislação, ter sua arma", disse. "Sou contrário ao incentivo ao armamento, às pessoas andarem armadas, eu não ando armado", completou.

A defesa do armamento da população é uma das principais bandeiras de Jair Bolsonaro (PL), que decidiu apoiar Nunes à reeleição e deve indicar o nome do vice na chapa. No último domingo (25), o prefeito compareceu ao ato convocado por Bolsonaro na avenida Paulista em meio às investigações que atingem o ex-presidente.

Nesta quinta, Nunes disse ainda que seu rival na eleição, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), "que é muito agressivo, invasor, vai querer usar" o episódio de sua juventude na campanha, mas que "a população vai ter muito discernimento".

O Ministério Público decidiu denunciar Nunes pelo porte da arma municiada e também pelo disparo no caso de 1996. No documento, a Promotoria narra o episódio conforme o relato do policial, acrescentando que a perícia constatou que a arma apreendida havia sido disparada recentemente.

Na época, o caso foi enquadrado como uma contravenção, que tinha pena de prisão de 15 dias a seis meses ou multa.

Hoje, com o Estatuto do Desarmamento, um caso semelhante poderia acarretar em prisão. No ano seguinte ao episódio, a Promotoria propôs uma transação penal a Nunes, com pagamento através de serviços à comunidade. Com isso, o caso acabou arquivado em 1998.

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