Nunes já foi denunciado por acusação de porte ilegal e disparo de arma de fogo

OUTRO LADO: Prefeito diz que episódio há quase 30 anos envolveu disparo acidental

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), 56, já foi denunciado em sua juventude por porte ilegal de arma após um episódio de disparo de pistola em Embu das Artes, na Grande São Paulo.

O caso que motivou a denúncia aconteceu em uma madrugada de 1996 em uma casa de shows chamada Caipirão, no centro de Embu. Na época, Nunes era um empresário de 28 anos.

A notícia foi publicada inicialmente pelo Metrópoles. A Folha também teve acesso e analisou o material do processo, de mais de 80 páginas.

A acusação foi baseada no relato de um policial civil que trabalhava como segurança no salão, segundo documentos obtidos pela Folha.

O caso ocorreu por volta das 3h de uma segunda-feira, quando esse policial estava em seu carro e ouviu um disparo de arma de fogo, segundo o que foi registrado em delegacia da cidade. Após o estrondo, ele declarou que saiu do veículo e viu Nunes dar um tiro com uma pistola Imbel calibre 380.

O prefeito afirmou, em nota, que o episódio se tratou de disparo acidental sem consequência, efetuado com arma de terceiro que saiu do local.

Prefeito Ricardo Nunes durante evento em São Paulo, homem de barba, cabelo preto, vestindo terno azul
Prefeito Ricardo Nunes durante evento em São Paulo - Danilo Verpa/Folhapress

Segundo o registro, uma pessoa desconhecida que estaria ao lado Nunes fugiu do local. A arma semiautomática encontrada pertencia a um homem chamado Marcio Garcia, que seria amigo de Nunes.

O policial afirmou ter apreendido a pistola e detido Nunes, conduzindo-o à delegacia.

No distrito policial, Nunes afirmou que seu amigo Marcio foi mover a arma dentro do veículo, quando ela teria disparado acidentalmente. Segundo o depoimento dele, o policial apareceu e pegou a arma debaixo do tapete do banco do passageiro do veículo.

Ainda segundo o relato à época do prefeito, o policial pediu que Nunes o acompanhasse até a delegacia. De acordo com o registro, Nunes não soube informar o endereço do amigo.

O Ministério Público decidiu denunciar Nunes pelo porte da arma municiada e também pelo disparo. No documento, a Promotoria narra o episódio conforme o relato do policial, acrescentando que a perícia constatou que a arma apreendida havia sido disparada recentemente.

Na época, o caso foi enquadrado como uma contravenção, que tinha pena de prisão de 15 dias a seis meses ou multa. Hoje, com o Estatuto do Desarmamento, um caso semelhante poderia acarretar em prisão –no início deste mês o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, foi preso por posse ilegal de arma.

No ano seguinte ao episódio, a Promotoria propôs uma transação penal a Nunes, com pagamento através de serviços à comunidade.

O acordo consistia no pagamento de R$ 120 em canecas plásticas, o equivalente a cerca de R$ 600 em valores atualizados. Consta do processo a nota fiscal da compra de 60 unidades. Com isso, o caso acabou arquivado em 1998.

Questionado sobre o caso, o prefeito afirmou que "o episódio datado há quase 30 anos refere-se a um disparo acidental de arma registrada em nome de outra pessoa e sem consequências para nenhuma parte".

"O depoimento foi atendido prontamente conforme orientação policial na ocasião. Tanto a arma como o veículo onde a mesma foi encontrada pertenciam a terceiro, que deixou o local sem prestar esclarecimento", diz nota enviada pela assessoria do prefeito.

Após a publicação da reportagem, Nunes afirmou à Folha que o episódio mostra que ele buscou "evitar o problema". "Não dei tiro nenhum. Não tem absolutamente nada que eu tivesse feito de errado a não ser só, como um cidadão em qualquer situação, eu fiz e faria, de tentar evitar algum problema, de separar qualquer tipo de briga."

O prefeito se descreveu como "um cristão que não gosta de confusão, agressão e briga, que procura dialogar e ter as coisas pacificadas" e respondeu não ser a favor de maior liberação no porte e posse de armas.

"Sou contrário ao incentivo ao armamento, às pessoas andarem armadas, eu não ando armado. Acho que a pessoa tem o direito de ter arma, se ela está dentro do seu patrimônio, para proteger a sua vida e a da sua família, mas andar armado não é algo positivo."

Nunes disse ainda que seu rival na eleição, Guilherme Boulos (PSOL), "que é muito agressivo, invasor, vai querer usar isso" na campanha, mas que "a população vai ter muito discernimento".

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.