União Brasil aprova troca no comando do partido para destituir Bivar

Atual presidente da legenda não reconhece resultado e questiona legitimidade da reunião, que havia sido cancelada por ele

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Brasília

Após uma série de brigas internas, integrantes da União Brasil aprovaram nesta quinta-feira (29) a troca no comando do partido.

Em convenção partidária, o novo diretório da legenda elegeu por 30 votos uma nova executiva, que tomará posse em junho, o que levará à substituição do atual presidente do partido, o deputado federal Luciano Bivar (PE). No lugar dele, entrará o atual vice-presidente, Antônio Rueda.

Já o ex-prefeito de Salvador ACM Neto, que hoje ocupa o cargo de secretário-geral da sigla, será o 1º vice-presidente.

ACM Neto (à esquerda) e Antônio Rueda em entrevista coletiva nesta quinta (29), em Brasília - Pedro Ladeira/Folhapress

Bivar chegou a cancelar a convenção desta quinta, em tentativa de evitar sua substituição futura –o mandato dele vai até maio.

Integrantes do diretório do partido, porém, argumentaram que o dirigente não poderia tomar essa decisão, já que a convenção estava homologada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), e aprovaram um recurso contrário.

"Temos mais de dois terços dos convencionais e dos membros da executiva atual. Bivar não tem poder de cancelar de ofício uma convenção convocada pela maioria", disse à Folha o líder da União Brasil na Câmara, Elmar Nascimento (BA).

O deputado faz parte da ala que queria substituir Bivar por Rueda. O futuro presidente tem amplo apoio no partido. Também defenderam a troca nomes de peso na legenda, como o senador Davi Alcolumbre (AP) e os ministros Celso Sabino (Turismo) e Juscelino Filho (Comunicações).

Durante o anúncio do resultado da eleição, ACM Neto defendeu a legitimidade da convenção e exaltou que líderes importantes e mais de 50 dos 59 deputados da legenda defenderam a troca na cúpula partidária.

Já Efraim Filho (PB), líder do partido no Senado, ressaltou que os sete senadores apoiaram a mudança. "Lamentamos que o presidente Bivar não tenha compreendido que chegara a hora da passagem de bastão para essa nova geração assumir os destinos do partido", disse Efraim. Rueda, futuro presidente, prometeu diálogo e boa performance eleitoral.

Bivar, por sua vez, chamou a convenção de ilegítima e clandestina e falou em questioná-la na Justiça.

"A convenção está eivada de vícios. Como ela está com esses vícios, o que se pediu para a boa lisura de uma convenção é que programe-se e reúna-se a executiva e marque-se nova data. Fora disso, ela está suscetível à judicialização", afirmou.

Bivar ainda disse que há pessoas que querem usar o partido para atrair negócios e que a sigla tem que ser comandado por um político, não "por uma banca de advogados". Rueda é advogado.

Após Rueda anunciar que havia vencido a eleição, Bivar afirmou à Folha que o reunião não teve "efeito prático" e que espera que o resultado seja registrado oficialmente para contestá-lo na Justiça.

O deputado foi presidente do PSL por mais de 20 anos e conseguiu manter-se no comando da União Brasil, fruto da fusão do antigo partido com o DEM ocorrida em 2021.

Desde que foi criada, a União Brasil vive conflitos internos entre a ala do DEM e do PSL. A conflagração atingiu seu auge nesta semana, às vésperas da convenção.

Nos últimos dias, a ala ligada a Rueda acusou Bivar de ter feito ameaças ao futuro presidente da legenda, algo que o deputado nega.

A decisão de antecipar a convenção do partido, que só ocorreria em maio, foi tomada após uma briga entre Neto e Bivar em agosto passado.

Aquele mês representou o ápice das rusgas e foi desencadeada uma operação para tentar tirar Bivar da presidência.

A gota d'água, dizem integrantes da sigla, foi uma discussão ocorrida entre Neto e Bivar.

O motivo foram divergências sobre o diretório do Amazonas. Reunidos em Brasília, o presidente do partido apontou o dedo a Neto e proferiu, segundo relatos, uma série de ofensas.

ACM Neto passou então a organizar uma resposta partidária ao caso. Pressionado, Bivar tem falado em se licenciar do cargo.

No caso envolvendo o Amazonas, o deputado de Pernambuco baixou um ato monocrático convocando uma convenção em Manaus na tentativa de eleger nomes ligados a ele no estado. Representantes do partido foram à Justiça e conseguiram rever o ato.

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