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Datafolha: Nunes atribui resultado a gestão, e Boulos fala em uso da máquina; assista

Pesquisa mostra empate entre prefeito e deputado do PSOL em três cenários distintos

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São Paulo

O resultado da primeira pesquisa Datafolha de 2024 para a Prefeitura de São Paulo, em que Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB) aparecem empatados, foi comemorado pelo prefeito e atribuído pelo deputado psolista à máquina de propaganda da gestão.

Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB), adversários na disputa pela Prefeitura de SP - Marlene Bergamo - 28.ago.23/Folhapress e Divulgação - 29.abr.21/Leon Secom

"São bons [números]. Tanto trabalho está valendo a pena. São resultados da gestão. São muitas obras, creche para todas as crianças, crescimento econômico. [...] Com certeza vamos crescer, todos os dias tenho entregas, e já está claro que Boulos não cresce", disse Nunes à Folha, acrescentando ser vítima de fake news do adversário.

Boulos definiu o resultado da pesquisa como uma vitória e citou a expectativa da entrada do presidente Lula (PT) em sua campanha.

"Que a gente chegue em março, depois de o prefeito ter utilizado quase R$ 400 milhões em propaganda, com uso de máquina escancarado, que a gente chegue a essa altura do campeonato, ainda sem campanha, numericamente na frente, isso é uma vitória", disse, durante cerimônia de filiação do vereador paulistano Adriano Santos ao PT.

Boulos e Nunes aparecem empatados na liderança, isolados dos demais pré-candidatos, com, respectivamente, 30% a 29%, ou 29% a 30% ou ambos com 33%. O deputado do PSOL lidera em rejeição com 34% ante 26% de Nunes.

A pesquisa mostra que Nunes ganhou terreno —ele aparecia em segundo lugar em agosto de 2023, com 24%, embora os levantamentos não sejam diretamente comparáveis.

Auxiliares do emedebista apontam que o aumento na intenção de votos se deve a entregas da prefeitura —afinal, a avaliação da gestão Nunes também melhorou, com 29% de aprovação ante 23% em agosto.

Outro fator levantado é o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que se consolidou em janeiro. Na opinião de aliados, foi importante para o prefeito somar os votos de Ricardo Salles (PL), que seria o candidato bolsonarista, mas não teve como lançar seu nome depois de Bolsonaro optar pela aliança com Nunes.

Interlocutores do prefeito observam, no entanto, que 18% dos que se declaram petistas preferem Nunes, o que o impede de caminhar para uma bolsonarização total. Nunes tem feito questão de ressaltar que, durante a pandemia, São Paulo foi a capital da vacina, num contraponto claro ao negacionismo do ex-presidente.

"Excelente o Datafolha de hoje! O Ricardo Nunes não para de crescer e sua gestão é cada vez mais bem avaliada pela população. Fruto do trabalho sério à frente da prefeitura e da composição política liderada pelo MDB, que consolidou a verdadeira Frente Ampla na capital paulista", publicou o presidente do MDB na capital e secretário municipal, Enrico Misasi.

Nas equipes de Boulos e de Tabata Amaral (PSB), que marca 8% no cenário com todos os pré-candidatos, o bom resultado de Nunes foi minimizado e tido como esperado considerando o gasto da administração com obras e publicidade. Nunes tem um recorde de R$ 16 bilhões para investimentos no Orçamento de 2024.

Na avaliação dos estrategistas do PSOL, é preciso divulgar as suspeitas que pesam contra a gestão, como as relativas a obras emergenciais.

"A pesquisa reflete bem o uso da máquina e dos gastos em propaganda. O que o eleitor ainda não sabe é que a atual gestão é como o ditado popular: ‘por fora bela viola, por dentro pão bolorento’. É indispensável que a a imprensa mostre os escândalos de corrupção e superfaturamento desta gestão", afirma Lula Guimarães, marqueteiro de Boulos.

Já o prefeito afirmou à Folha que "arrumou o caixa da prefeitura" e tem "condições de fazer as obras". "Não tem absolutamente nada de errado, tudo foi feito dentro da legalidade."

Nas redes, aliados de Boulos admitiram que, pelos dados do Datafolha, a disputa contra Nunes será difícil. Nos bastidores, a rejeição de 34% preocupa.

O deputado estadual Simão Pedro (PT) afirmou que "Boulos sabe que a campanha será árdua, como mostrou a Datafolha, principalmente enfrentando uma máquina cheia de suspeita de corrupção". E o deputado federal Orlando Silva (PC do B) disse que "teremos uma eleição disputadíssima".

Em seu Instagram, Boulos ignorou o empate com Nunes e divulgou ser o primeiro em intenções de votos, o que não condiz com os dados do Datafolha. Ele foi imediatamente criticado por aliados de Nunes e por bolsonaristas.

Apesar do empate, o entorno do deputado aponta alguns pontos positivos para ele, começando pelos 14% de intenções de votos na pesquisa espontânea.

"Esse cenário de consolidação se mantém mesmo depois de seis meses de ataques cotidianos contra Boulos e uso desenfreado da máquina pública pela prefeitura", diz a pré-campanha do PSOL em nota.

Outro dado destacado pela equipe de Boulos é a maioria de 64% que considera que Nunes fez menos pela cidade do que esperavam.

Há ainda um ponto curioso que aliados do psolista veem como um possível ativo —a provável confusão pelo eleitorado entre Marina Helena (Novo) e a ministra Marina Silva (Rede). Como a Rede faz parte da aliança do PSOL, Marina Silva é, na verdade, cabo eleitoral de Boulos, que pode usar seu recall.

De toda forma, nas redes sociais, o desempenho de Marina Helena, que marcou 7% no primeiro cenário, foi exaltado por simpatizantes da direita. Ao mesmo tempo, o resultado representa um revés para Kim Kataguiri (União Brasil), que marcou 4%, o que dificulta as chances de que seu partido opte por uma candidatura própria em vez do apoio a Nunes.

Marqueteiro de Tabata, Pablo Nobel diz que a taxa dos que realmente a conhecem ainda fica em torno de 30% e que isso, aliada a sua baixa rejeição (19%), são oportunidades para o crescimento.

Levando em conta que Tabata terá menos tempo de TV, o primeiro desafio, segundo ele, é apresentá-la, além de "continuar apontando inconsistências dos adversários".

Nobel disse esperar que Nunes subisse e que foi até "pouco perto do volume de dinheiro e de campanha" que ele empreendeu.

A equipe de Tabata afirma ainda que vai precisar lidar com a polarização cristalizada entre Boulos e Nunes, mas que outros fatores também definem o voto do eleitor, como a qualidade da gestão e valores pessoais.

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