Ex-comandante da FAB diz que Zambelli pediu 'que ele não deixasse Bolsonaro na mão'

Brigadeiro Baptista Júnior disse à PF que recebia pressão de apoiadores do ex-presidente para aderir à tese de um golpe

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Brasília

O ex-comandante da Aeronáutica de Jair Bolsonaro (PL) Carlos de Almeida Baptista Júnior afirmou à Polícia Federal que recebeu da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) um pedido para aderir à tese de um golpe.

A declaração foi dada durante depoimento do ex-chefe da FAB à PF e enquanto ele respondia se recebia pressão via redes sociais de apoiadores do ex-presidente para tentar mantê-lo no poder.

Baptista Júnior afirmou que era cobrado a tomar atitude pelas redes sociais, mas não só. Nesse contexto, disse que Zambelli o pediu para que não "deixasse Bolsonaro na mão".

deputada fala ao microfone
A deputada federal Carla Zambelli durante evento na Câmara dos Deputados - Michel Jesus - 22.abr.19/Câmara dos Deputados

"No dia 08/12/2022, após a formatura dos aspirantes à oficial da FAB, na cidade de Pirassununga/SP, o depoente foi interpelado pela deputada federal Carla Zambelli, com a seguinte indagação: 'Brigadeiro, o senhor não pode deixar o presidente Bolsonaro na mão'", diz trecho do termo de depoimento do militar.

"Em seguida, o depoente disse: 'Deputada, entendi o que a senhora está falando e não admito que a senhora proponha qualquer ilegalidade'; que o depoente reportou tal fato ao então ministro da Defesa, Paulo Sérgio de Oliveira; que o ministro reportou ao depoente, que foi abordado pela deputada federal Carla Zambelli de forma semelhante", continua o termo.

A conversa de Baptista Júnior teria ocorrido um dia após uma reunião no Palácio da Alvorada em que Bolsonaro teria consultado os chefes militares a respeito da hipótese de editar um decreto com instrumentos jurídicos que pudesse mantê-lo no poder.

Em rede social, na tarde desta sexta-feira (15), a parlamentar do PL escreveu: "Eu não sabia que generais de alta patente aceitavam pressão de uma deputada de baixo clero. Nossas Forças Armadas já tiveram comandantes melhores.Triste".

A deputada também foi citada no depoimento do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, mas de forma lateral.

Torres disse que a minuta golpista encontrada na sua casa no ano passado não era de sua autoria e que sabia que documentos desse tipo estavam sendo entregues "em diversos órgãos públicos", quando mencionou Zambelli.

"Que deseja reiterar que o texto encontrado em sua residência não é de sua lavra, não foi recebido ou repassado pelo declarante para qualquer integrante do governo ou ao então presidente da República; que, naquela época, tais documentos estavam banalizados e sendo entregues em diversos órgãos públicos; que viu na imprensa que a deputada Carla Zambelli recebeu em seu gabinete e Valdemar Costa Neto recebeu no aeroporto."

A defesa de Zambelli afirmou por meio de nota que a parlamentar desconhece "os fatos envolvendo essa minuta, reiterando que igualmente jamais anuiria, pediria ou solicitaria algo irregular, imoral ou ilícito".

"Ademais, não se recorda desse fato reportado e se, porventura, pediu acolhimento, o fez por causa da derrota nas eleições, apoio que seria perfeitamente plausível naquele momento", continua a defesa.

Zambelli está de licença por motivos de saúde.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.