Descrição de chapéu MST Interior de São Paulo

Tarcísio muda nome de assentamento do MST de Che Guevara para Irmã Dulce

Ocupação que deu origem ao projeto foi a primeira do movimento no Pontal do Paranapanema, no oeste de SP

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São Paulo

O governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) mudou o nome de um assentamento de reforma agrária com integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) em Mirante do Paranapanema (SP). O antigo projeto de assentamento Che Guevara agora passa a levar o nome de Irmã Dulce.

O assentamento é o primeiro na região do Pontal do Paranapanema, no oeste do estado, cuja origem foi uma uma ocupação datada de 1991.

Tarcísio de Freitas conversa com jornalistas em Brasília
Tarcísio de Freitas conversa com jornalistas em Brasília - Gabriela Biló /Folhapress

O Itesp (Fundação Instituto de Terras), vinculado ao governo, publicou portaria nesta terça-feira (26) em que anuncia a troca do nome do revolucionário argentino (que atuou em Cuba) pelo da santa brasileira.

"Considerando ser de notório conhecimento que a Sra. Maria Rita Sousa Brito Lopes Pontes, conhecida como Irmã Dulce, foi uma mulher que dedicou sua vida a obras de caridade, trabalhos sociais e assistência aos mais necessitados, sendo assim uma figura que tanto contribuiu com o país e foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz", diz a portaria do diretor-executivo do Itesp, Lucas Bressanin.

A mudança é possível porque o assentamento é estadual, sendo o Itesp o órgão responsável pelas questões fundiárias.

O MST emitiu nota em que classifica a decisão como "autoritária e antidemocrática". Segundo o movimento, famílias dos sem-terra possuem identificação com o legado de Che Guevara, que foi um dos líderes da revolução cubana.

O comunicado traz declarações de um assentado do local chamado Felinto Procópio, que afirma que todos foram surpreendidos pela mudança e que as famílias não foram consultadas.

Eleito com apoio do setor agropecuário, o governo Tarcísio tem atuado para enfraquecer movimentos sociais como o MST, com política inspirada na adotada no governo de Jair Bolsonaro (PL).

O governo Tarcísio estabeleceu a meta de entregar títulos de propriedade a todas as famílias que moram nos 140 assentamentos estaduais até o fim de 2026

O modelo enfrenta oposição de movimentos sem-terra e partidos de esquerda, que veem esvaziamento do processo de reforma agrária.

Já os defensores da prática argumentam que ela retira os assentados da órbita de movimentos do campo e confere liberdade para que produzam de acordo com regras de mercado.

Em outro aceno ao agro, o governo também acelerou o programa que dá desconto de até 90% na entrega de terras a fazendeiros.

A legislação beneficia aqueles que estão em terras ocupadas de maneira irregular, o que inclui áreas julgadas devolutas (áreas públicas que nunca receberam uma destinação específica por parte do poder público e jamais foram propriedade particular).

Tarcísio enviou à Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) um projeto de lei que estende de janeiro de 2024 para o fim de 2026 o prazo para que os fazendeiros possam aderir a acordos para a compra de terras com descontos. O objetivo é que mais gente seja beneficiada pela lei.

A legislação é questionada pelo PT no STF (Supremo Tribunal Federal), sob o argumento de que repassa a preços módicos terras que deveriam ser usadas na reforma agrária.

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