Descrição de chapéu ministério público

Candidato da situação é o mais votado em eleição para chefia do MP-SP

Procuradores Cosenzo, Ponte e Costa foram escolhidos para integrar a lista que será usada pelo governador para a definição do novo chefe da instituição

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São Paulo

Os membros do Ministério Público estadual de São Paulo votaram neste sábado (13) e escolheram os procuradores José Carlos Cosenzo, Antonio Carlos da Ponte e Paulo Sérgio de Oliveira e Costa para integrar a lista tríplice que será usada pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) para a definição do novo procurador-geral de Justiça, o chefe do Ministério Público paulista.

Na eleição, por meio eletrônico, Cosenzo recebeu 1.004 votos, Ponte obteve 987 e Costa 731. Os outros dois candidatos que estavam na disputa, Tereza Exner e José Carlos Bonilha, tiveram 508 e 467 votos, respectivamente.

Recebida a lista tríplice, o governador terá até 15 dias para escolher quem assumirá o posto. Ele pode nomear qualquer um dos três integrantes da lista, não necessariamente os primeiros colocados. Porém, se não fizer a escolha no prazo, o mais votado é automaticamente alçado ao cargo.

O mandato será de dois anos, até 2026.

Fachada da sede do Ministério Público estadual paulista, no centro de São Paulo
Sede do Ministério Público estadual paulista, no centro de São Paulo - Rubens Cavallari - 7.dez.23/Folhapress

Votaram ao todo 1.983 promotores (integrantes que atuam em primeira instância) e procuradores (membros que trabalham em causas nos tribunais nas fases de apelação), sendo que cada votante poderia escolher três nomes.

O procurador-geral de Justiça atua nos casos de réus e investigados com direito a foro especial. Também é responsável por chefiar administrativamente o Ministério Público e deve trabalhar em defesa dos direitos coletivos, fiscalizando a constitucionalidade de leis e atos normativos.

Antes da votação deste sábado, a Associação Paulista do Ministério Público enviou ofício ao governador Tarcísio pedindo que fosse nomeado para a chefia do MP-SP o candidato mais votado na eleição interna.

Cosenzo e Costa tiveram apoio do grupo ligado ao último procurador-geral de Justiça, Mario Sarrubbo, que deixou o posto neste ano e hoje é secretário no Ministério da Justiça, chefiado por Ricardo Lewandowski. Ponte fez campanha pela oposição à última gestão do MP-SP. Todos os três indicados têm décadas de experiência na instituição, e apenas procuradores podem concorrer.

A eleição deste sábado expôs rachas em relação à administração anterior, questionada por candidatos da oposição ao se aproximar do que seriam agendas político-partidárias.

Antes da votação, indagado sobre o saldo da última gestão, Cosenzo disse à reportagem que cada procurador-geral "deixou sua marca indelével na construção da maior e mais importante unidade do Ministério Público do país".

Na campanha, Antonio Carlos da Ponte disse que a instituição se afastou de suas atribuições tradicionais e focou em pautas que não eram centrais. Ele também criticou a permanência de Sarrubbo no cargo de procurador por dias, mesmo após ter aceitado cargo junto ao governo federal, em janeiro.

Ponte, que atua hoje na Procuradoria de Habeas Corpus e Mandados de Segurança Criminais, foi o primeiro colocado na eleição interna de 2020 para o cargo, mas acabou preterido pelo então governador João Doria (à época no PSDB), que escolheu o segundo colocado, Sarrubbo.

Homem grisalho e de óculos, usando terno e gravata, posa para foto sorrindo
José Carlos Cosenzo, que concorre à chefia do MP-SP (Ministério Público de São Paulo) - Reprodução

Sobre a gestão de Sarrubbo, Costa apontou bom desempenho da instituição durante a pandemia de Covid-19 e afirmou que sua candidatura busca aprimorar conquistas anteriores.

O procurador-geral anterior ocupou a função por dois mandatos —quatro anos.

O procurador Bonilha, último colocado na votação, atraía a simpatia de bolsonaristas aliados ao governador Tarcísio pelo histórico que inclui críticas a Alexandre de Moraes, ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e alvo frequente de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O procurador responde a um processo administrativo disciplinar, de 2022, por criticar resolução de Moraes proibindo o uso de celular na cabine de votação. Bonilha afirma ter dado a declaração à época por entender que hipóteses de proibição de voto "são excepcionalíssimas".

Ponte e Bonilha votaram, em 2022, contra proposta do Conselho Superior do MP-SP de homenagear o ministro Moraes em razão de discurso de posse do ministro no TSE. No final, a homenagem foi aprovada no órgão por 6 votos a 5.

Nos debates antes da eleição, o tema da segurança pública foi um dos mais destacados pelos candidatos. Quanto à instalação de câmeras nas fardas de policiais, Cosenzo afirmou que "quem escolhe o caminho a ser seguido, inclusive nessa temática, é a população, que elege seus representantes".

Para Ponte, essa é uma questão a ser decidida pelo Executivo. Ele também disse ser preciso considerar a questão orçamentária envolvendo os equipamentos.

Costa é favorável à instalação das câmeras e argumenta que elas são instrumento relevante para obtenção de provas e protegem os policiais de falsas acusações.

Colaborou Ana Gabriela Oliveira Lima, de São Paulo

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