Descrição de chapéu Polícia Federal Governo Lula

Investigação que atingiu Juscelino teve como base inicial reportagem da Folha

Publicação de 2022 mostrou uso de laranjas e de sócio oculto que, segundo a PF, cometeu crimes em esquema com ministro

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São Paulo

As investigações da Polícia Federal que levaram ao indiciamento do ministro Juscelino Filho (Comunicações) sob suspeita de corrupção tiveram como ponto de partida uma reportagem da Folha de 2022.

Na ocasião, o jornal revelou o uso de laranjas em licitações da estatal federal Codevasf por um empresário maranhense que posteriormente seria apontado como um dos principais elos do ministro com o suposto esquema criminoso.

Mensagens no celular do sócio oculto da empresa Construservice, apreendido em operação que usou como uma das bases reportagem da Folha, constituem a principal prova contra Juscelino (União Brasil-MA), segundo as apurações da PF.

Gabriela Biló - 26.mar.2024/Folhapress)
O ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil-MA) em entrevista para Folha - Sentado, o ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil-MA) em entrevista para Folha /Folhapress

Veja a cronologia do caso.

Empreiteiras com laranjas (4.mai.22)

Folha publica reportagem com a revelação de que a empreiteira Construservice, então vice-líder em licitações da Codevasf, tinha utilizado laranjas para participar das concorrências públicas e tinha como sócio oculto o empresário Eduardo José Barros Costa, conhecido como Eduardo Imperador ou Eduardo DP.

PF mira empresário (26.mai.22)

Usando como justificativa a reportagem da Folha sobre o uso de laranjas, a PF pede à Justiça a prisão de Eduardo DP. Antes disso, a polícia já investigava suspeitas de um esquema desse empresário com verbas do Ministério da Educação, mas passou a focar as concorrências da estatal após a publicação do jornal.

Nova operação (20.jul.22)

Após ter o pedido judicial atendido, a PF deflagra a operação Odoacro, prende Eduardo DP (ele é libertado dias depois) e apreende os celulares do empresário. Ao analisar os aparelhos, a corporação descobre mensagens do empresário com o ministro Juscelino da época em que ele era deputado federal.

As mensagens mostram diálogos do empresário e de Juscelino sobre a execução de obras e a destinação das emendas parlamentares.

Nova fase de operação (5.out.22)

A PF inicia a segunda fase da operação contra Eduardo DP, que recebe o nome de Odoacro II.

Estrada de terra (30.jan.23)

O jornal "O Estado de S. Paulo" publica reportagem na qual revela que, por meio de emendas, Juscelino Filho direcionou R$ 5 milhões do orçamento federal quando era deputado para asfaltar uma estrada de terra que passa em frente à fazenda dele em Vitorino Freire (MA).

Emendas para empreiteiras (2.fev.23)

Folha mostra em reportagem que ao menos R$ 42 milhões indicados por Juscelino Filho para emendas parlamentares irrigaram contratos com empreiteiras que estavam no centro de suspeitas de irregularidades em obras da Codevasf.

Uma delas era a Construservice, de Eduardo DP, que teve R$ 19,3 milhões empenhados a partir de verbas direcionadas por Juscelino para obras em diversos municípios do Maranhão.

Ex-assessores foram sócios de empresa atribuída a ministro (3.fev.23)

O jornal O Estado de S. Paulo revela que duas pessoas que ocuparam cargos de assessoria no gabinete de Juscelino quando ele era deputado já haviam integrado o quadro societário da empresa Arco, que posteriormente a PF apontou como empresa controlada de fato pelo ministro e que teria sido usada no suposto esquema criminoso

Terceira fase de operação (1º.set.23)

É deflagrada a terceira fase da operação, que recebe o título de Benesse, mirando Juscelino Filho, Luanna Rezende, irmã de Juscelino e prefeita de Vitorino Freire, e obras da construtora Construservice.

A PF chegou a pedir buscas contra Juscelino, mas Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), negou a solicitação.

Indiciamento de Juscelino (11.jul.24)

Como antecipado pela Folha, a PF pede indiciamento de Juscelino Filho sob a suspeita da prática dos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção passiva, falsidade ideológica e fraude em licitação no caso.

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