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Eleições 2024 São Paulo

Datena evita propostas e foca o próprio personagem

Segurança pública é tema dominante do apresentador em sabatina; Nunes é seu alvo

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São Paulo

Sem se preocupar com a ritualística de quem quer ser prefeito da maior cidade do Brasil, o apresentador José Luiz Datena (PSDB) contentou-se em ser o personagem construído em décadas de programas policiais na TV ao falar de como governar São Paulo.

Liderando numericamente o pelotão dos terceiros colocados aferido pela mais recente pesquisa do Datafolha, com 11%, o apresentador esbanjou autoestima e superficialidade na sabatina Folha/UOL desta terça-feira (16).

Homem branco de cabelo bastante grisalho, vestido com jaqueta de couro preta e camisa clara
O apresentador José Luiz Datena (PSDB), pré-candidato a prefeito de SP

Isso pode ser suficiente para um desempenho eleitoral calcado em sua popularidade: ele é o mais conhecido dos pré-candidatos na praça, e tem baixa rejeição. Mas Datena deu poucas dicas sobre o que fará caso chegue ao viaduto do Chá, onde fica a sede da prefeitura.

Ele resumiu na consideração final que seu programa, no caso de governo, será todo focado em segurança pública. Se fez diagnósticos corretos, como a questão da infiltração do PCC (Primeiro Comando da Capital) em diversas camadas da vida pública, não trouxe soluções além do "vou sentar com o Tarcísio" [de Freitas, governador paulista pelo Republicanos].

"Só Deus para resolver" o problema da cracolândia, por exemplo. Sobre os traficantes que chamou de "pé de chinelo" que operam no centro da cidade, "o jeito é botar na cadeia e jogar a chave fora", o tipo de tirada que funciona ao vivo, mas não conversa com a lei penal brasileira.

Talvez a coisa mais próxima de uma proposta seja o fim da tarifa zero para ônibus aos domingos, medida adotada pelo atual chefe do Executivo municipal, Ricardo Nunes (MDB), que vai disputar a reeleição.

Se não disse a que veio, Datena elegeu o prefeito como alvo preferencial nessa etapa da pré-campanha. O chamou de pior mandatário que a cidade já teve, alguém que "não entende nada nem sabe o que é", cujo cargo lhe "caiu no colo" com a morte de Bruno Covas (PSDB), de quem Nunes era vice, em 2021.

Sintomaticamente, falou bem do deputado Guilherme Boulos (PSOL), que divide com o prefeito a liderança na corrida a esta altura. Segundo ele, o psolista o chamou duas vezes para ser seu vice, uma das diversas vezes em que a modéstia ficou de lado.

Disse que foi disputado por Jair Bolsonaro (PL) e Lula (PT) em 2022, além de lembrar do namoro inconcluso com a chapa ora liderada por Tabata Amaral (PSB). Sobre as quatro desistências em corridas pretéritas, que lhe valeram a fama de que ele só se apresentava para aumentar o cachê, disse que são os políticos que o cortejam.

Com a tranquilidade de quem diz negociar um salário 70% menor do que o atual, que já bateu em R$ 1 milhão, Datena afirmou que "tem a intenção" de ir até o fim desta vez. Isso se, como ele diz ter ocorrido nas outras ocasiões, ninguém o "sacanear no meio do caminho". "Claro que existe a chance", mantendo acesa a chama da incerteza.

Seu marqueteiro, o experiente Felipe Soutello, diz que não pretende mudar o estilo de Datena, apenas adaptá-lo ao figurino de candidato. A julgar pela sabatina, por ora o apresentador é que pretende adaptar a realidade política a seu personagem.

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