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Dirceu critica posição do governo sobre Lei da Anistia
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MARIA CLARA CABRAL
DE BRASÍLIA
O ex-ministro e uma das principais lideranças do PT, José Dirceu, fez críticas veladas neste sábado (18) sobre a posição do governo de abrir mão da revisão da Lei da Anistia. Para ele, crimes cometidos na ditadura militar (1964-1985), como tortura e assassinatos, não prescrevem.
Dirceu classificou como "aberração" o fato de se estabelecer reciprocidade entre militares e torturados durante a ditadura. "Mais cedo ou mais tarde será declarado por autoridades internacionais que o Brasil está fora da lei", afirmou.
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"Estamos em sentido contrário de todos os outros países do mundo, principalmente da América do Sul", disse Dirceu. "É engraçado. Todos nós fomos processados, exilados, alguns torturados, aí falam de reciprocidade, é uma aberração".
Ele pregou ainda que se conhecer os autores de "atos graves" na ditadura, que sejam "pelo menos expostos". Ele não defendeu, entretanto, julgamentos e prisões.
"Os militares, as pessoas estão sentando no banco dos réus na Guatemala, por exemplo. E não é nem isso que nós queremos, nós queremos a verdade, só por isso chama-se Comissão da Anistia e Verdade".
A posição de Dirceu coincide com a defendida pela presidente Dilma Rousseff em 2008, quando comandava a Casa Civil --Dilma sucedeu Dirceu no cargo.
Na campanha presidencial ela passou a evitar polêmicas e se disse contra "revanchismos". No início do mês, a AGU (Advocacia-Geral da União) afirmou que a questão foi encerrada no ano passado, quando o Supremo decidiu que a lei não seria revista.
ESTRELA
Dirceu participou de evento para blogueiros, em Brasília. Foi muito requisitado pelos presentes para fotos e cumprimentos.
Como Lula, que havia discursado no dia anterior, Dirceu defendeu que o Congresso aprove lei que estabeleça o direito de resposta para órgão de imprensa.
Ele comentou ainda a posição do governo de manter documentos em sigilo eterno. "O ideal seria que não tivéssemos nenhuma restrição quanto a documentos, mas a vida é dura, né?".
A posição de Dirceu vai contra a nova orientação do governo, que sob pressão de aliados como Fernando Collor (PTB-AL), optou pela defesa da manutenção de sigilo eterno para alguns documentos.
Dirceu participou de evento após reunião com petistas e o ex-presidente Lula. Sobre o encontro do partido, o ex-ministro contou que Lula deu "um puxão de orelha" na bancada do PT na Câmara, o que, conta, foi aplaudido de pé, "por diversas vezes, pela militância". "E olha que era uma militância de capitães e coronéis, que comandam soldados, gente de peso da sociedade".
Sobre a cisão na bancada do PT na Câmara, Dirceu disse que é preciso "superar e apoiar o governo".
"Isso tudo tem que ser resolvido no partido, a bancada tem que estar unida. E isso foi dito por Lula na frente de sete deputados federais, o presidente foi claro", contou Dirceu.
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