Crítica pessoal de Lula mostra falta de conhecimento sobre autonomia do BC, diz Campos Neto

Presidente da instituição participou de seminário promovido pela Folha

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São Paulo

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que a crítica pessoal do presidente Lula (PT) à sua atuação no comando da instituição "demonstra falta de conhecimento" em relação às regras sobre a autonomia da autoridade monetária.

Segundo ele, o presidente do BC tem autonomia do Executivo da mesma forma que os diretores da instituição têm autonomia em relação ao comandante da autoridade monetária.

Como ele é apenas um dos nove votos do Copom, comitê que define a taxa básica de juros, não é o presidente do BC que impõe sua vontade.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto - Jardiel Carvalho/Folhapress

"Depois de ter subido os juros no ano eleitoral, da forma como a gente subiu, para garantir que o novo mandato, independente de quem ganhasse, fosse um mandato em que a inflação seria mais comportada, eu confesso que imaginei que isso seria reconhecido."

"Algumas declarações vão no sentido de não entender a regra do jogo."

A afirmação foi feita nesta segunda (22), durante seminário sobre os dois anos de autonomia do Banco Central promovido pela Folha, com patrocínio da Febraban (Federação Brasileira de Bancos).

O evento pode ser visto na íntegra neste link e no canal da Folha no YouTube.

Campos Neto e o presidente Lula têm travado embate sobre a taxa básica de juros no país (Selic), fixada em 13,75% ao ano pelo Copom (Comitê de Política Monetária).

A leitura petista é que o juro alto prejudica a atividade econômica, cuja retomada é vista como crucial para a consolidação de apoio popular e político ao governo.

Nesta semana, o presidente encaminhou ao Senado a indicação do secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, nome de sua confiança, para a vaga de diretor de política monetária do BC. Caso seja aprovado, ele vai ocupar a diretoria responsável por decidir o patamar da taxa básica.

Campos Neto disse que Galípolo tem capacidade técnica para assumir a Diretoria de Política Monetária da instituição e que tem conversado com o representante do governo.

Segundo o presidente do BC, qualquer indicação que vier de fora dos quadros da instituição vai encontrar um debate muito técnico dentro do Copom (Comitê de Política Monetária) e, caso queira se desviar dessas discussões técnicas, terá de se esforçar em um trabalho de convencimento.

Caberá aos mercados e à sociedade, segundo Campos Neto, julgar esse debate.

Inflação e juros

O presidente do Banco Central afirmou que a inflação no mundo e no Brasil está mais ligada a pressões de demanda do que a choques de oferta.

Em relação ao Brasil, descontados os itens alimentação e energia, a queda é lenta e o nível ainda alto e bem acima da média mundial.

"A gente vê uma desaceleração da inflação grande [no Brasil], mas o núcleo está em 7,3%, o que é um nível bastante alto e muito acima da meta."

Ele destacou ainda a queda na projeção de inflação na pesquisa Focus e afirmou que isso pode estar relacionado à redução nos preços de combustíveis.

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