Empresa de telecomunicação planeja usar IA para cortar até 42% de força de trabalho

Grupo britânico, BT, cortará até 55 mil funções, incluindo terceirizados, até o fim da década

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Anna Gross
Londres | Financial Times

A BT (British Telecom) deve cortar até 42% de sua força de trabalho até o final desta década, enquanto o grupo de telecomunicações do Reino Unido embarca em seu corte de custos mais radical desde que foi privatizado, na década de 1980.

A mudança ocorre dois dias depois que a rival Vodafone revelou planos de cortar 11 mil empregos nos próximos três anos para melhorar seu fraco desempenho.

O executivo-chefe Philip Jansen disse que o grupo BT se tornará "um negócio mais enxuto, com um futuro melhor", acrescentando que muitas dessas reduções viriam do fim da implantação de fibra total em que o grupo está "gastando uma fortuna hoje".

O Sindicato dos Roteriristas dos Estados Unidos declarou greve neste mês para ter direito de escolha sobre o uso de IA em produções cinematográficas. Placas pedem pagamentos aos trabalhadores e não à inteligência artificial. Na imagem há cinco pessoas em fila, quatro mulheres e um homem, no meio.
O Sindicato dos Roteriristas dos Estados Unidos declarou greve neste mês para ter direito de escolha sobre o uso de IA em produções cinematográficas - Frederic J. Brown/AFP

Outras funções acabarão devido ao aumento da digitalização, disse Jansen, ao afirmar que a IA traria mudanças radicais no futuro.

"Para uma empresa como a BT, há uma grande oportunidade de usar IA para ser mais eficiente", disse ele sobre os empregos que serão perdidos com a digitalização e automação, acrescentando que a IA generativa trará grandes avanços.

A BT disse na quinta-feira (18) que cortará entre 40 mil e 55 mil empregos, incluindo funcionários e contratados terceirizados, até 2030. A força de trabalho atual do grupo da FTSE 100 totaliza 130 mil, incluindo cerca de 30 mil contratados terceirizados que são em sua maioria cargos em tempo integral.

Diante de custos crescentes e uma série de negócios com baixo desempenho, a BT já havia embarcado num programa de corte de custos. O grupo disse que alcançou 2,1 bilhões de libras (R$ 12,96 bilhões) em economia de custos, de uma meta de 3 bilhões de libras.

Os cortes incluirão 15 mil engenheiros de fibra e 10 mil trabalhadores de manutenção, disse uma pessoa próxima à empresa, com outros 10 mil eliminados pelo aumento da digitalização e automação.

"Este é um plano existente, estamos apenas anunciando e dando às pessoas uma amostra da zona de pouso em cinco a sete anos", disse Jansen.

O Sindicato dos Trabalhadores da Comunicação, o maior sindicato que representa os trabalhadores da BT, disse que os cortes de empregos não foram uma grande surpresa.

"A introdução de novas tecnologias em toda a empresa, juntamente com o término da construção da infraestrutura de fibra substituindo a rede de cobre, sempre resultaria em menos custos trabalhistas para a empresa nos próximos anos", disseram eles.

"Deixamos categoricamente claro para a BT que queremos reter o maior número possível de empregos diretos e que qualquer redução deve vir de subcontratados em primeira instância e desgaste natural."

No entanto, John Ferrett, negociador da Prospect, disse que o sindicato estava "profundamente preocupado com a escala desses cortes" e que exigia uma reunião urgente com Jansen.

"Anunciar uma redução tão grande desta forma será muito perturbador para os trabalhadores que tanto fizeram para manter o país conectado durante a pandemia", afirmou.

Jansen disse ao Financial Times que os cortes de empregos seriam conduzidos de maneira "organizada e ponderada". "Se fizermos isso direito, não precisa haver muito desgaste", disse ele.

O movimento da BT para aprofundar seu corte de custos veio quando o antigo monopólio relatou um conjunto misto de resultados anuais. Embora as receitas e os lucros tenham superado as expectativas, seu fluxo de caixa livre –métrica observada de perto pelos investidores– decepcionou.

Nos 12 meses até o final de março, o grupo relatou fluxo de caixa livre de 1,3 bilhão de libras, no limite inferior da faixa de 1,3 bilhão a 1,5 bilhão de libras que havia estabelecido. A BT disse que o valor para o atual ano financeiro provavelmente ficará entre 1 bilhão e 1,2 bilhão de libras –abaixo das estimativas de consenso de 1,3 bilhão de libras–, já que seus gastos de capital provavelmente serão maiores que o previsto.

As ações da BT caíram quase 8% no início do pregão na quinta, mas reduziram essas perdas para uma queda de 3,5% no início da tarde.

As receitas anuais do grupo caíram 1%, para 20,7 bilhões de libras, em comparação com uma previsão de 20,5 bilhões de libras. Seus ganhos ajustados antes de juros, impostos, depreciação e amortização subiram 5%, para 7,9 bilhões de libras, reforçados por aumentos de preços acima da inflação para contratos de alguns clientes.

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