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Chefão da PlayStation se aposenta após 30 anos na Sony e fãs comemoram

CEO da divisão de games da empresa, Jim Ryan diz deixar posto por razões pessoais

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São Paulo

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Jim Ryan, presidente e CEO da SIE (Sony Interactive Entertainment) —divisão responsável pela marca PlayStation—, anunciou sua aposentadoria na última quarta-feira (27) após 30 anos trabalhando na empresa. No cargo desde 2019, ele deixará a função em abril do ano que vem e será substituído interinamente por Hiroki Totoki, diretor financeiro e de operações da Sony.

"Saio tendo o privilégio de ter trabalhado em produtos que tocaram milhões de vidas ao redor do mundo. A PlayStation sempre fará parte da minha vida, e me sinto mais otimista do que nunca sobre o futuro da SIE", afirmou Ryan em sua carta de despedida.

O executivo britânico disse que decidiu se aposentar por dificuldades para conciliar o trabalho nos escritórios da Sony nos EUA e sua vida pessoal na Europa.

Jim Ryan, CEO da SIE (Sony Interactive Entertainment), discursa durante apresentação em feira de eletrônicos em Las Vegas
Jim Ryan, CEO da SIE (Sony Interactive Entertainment), durante apresentação em feira de eletrônicos em Las Vegas - Patrick T. Fallon - 4.jan.23/AFP

O que eles disseram

"Jim Ryan tem sido um grande contribuidor para nossa indústria e um líder feroz para a PlayStation. Desejo-lhe o melhor em seus próximos empreendimentos. Obrigado por tudo que você fez pela comunidade nos últimos 30 anos", afirmou Phil Spencer, chefe da Xbox, principal rival da PlayStation.

"Jim Ryan foi um líder inspirador durante todo o seu período conosco, mas nunca tanto quanto ao supervisionar o lançamento do PlayStation 5 em meio à pandemia global de Covid. Essa conquista extraordinária de toda a equipe da SIE tem sido construída de forma consistente e o PlayStation 5 está a caminho de se tornar o console mais bem-sucedido da empresa até o momento", disse Kenichiro Yoshida, CEO da Sony.

Carreira de sucesso

Jim Ryan chegou à SIE em 1994, ainda antes do lançamento do primeiro PlayStation, e participou dos lançamentos de todos os consoles da empresa desde então. Ele foi CEO da divisão europeia da empresa de 2011 até 2016, quando assumiu o cargo de diretor global de marketing, última posição antes de chegar à atual função.

Ao longo dos seus anos como alto executivo da companhia japonesa, a Sony se firmou como líder do mercado de consoles de videogames. Hoje, ela é a segunda maior empresa aberta no setor de jogos virtuais, com receita anual de US$ 4,38 bilhões (R$ 22 bilhões), segundo a consultoria Newzoo —atrás apenas da chinesa Tencent, com US$ 7,56 bilhões (R$ 38 bilhões) em receita.

Além disso, a empresa vem conseguindo marcas expressivas nas vendas do PlayStation 5 e grande sucesso com títulos desenvolvidos em seus estúdios. Casos da reformulação de "God of War", da série "Marvel’s Spider-Man" e da franquia "The Last of Us", agora um produto multimídia.

Também pode ser atribuída a ele a aposta da empresa no mercado de jogos para computador, que passaram a receber títulos antes exclusivos para os consoles Playstation.

Controvérsias

Se faz a alegria dos acionistas, o executivo enfrenta razoável antipatia dos fãs da marca, que comemoraram a sua despedida.

O sentimento pode ser atribuído à fama de Ryan como um capitalista impiedoso, que não pensa duas vezes antes de colocar os jogadores em segundo lugar se isso significar mais lucro para a empresa.

Isso vem de algumas declarações controversas do executivo. Por exemplo, em junho de 2017, quando o então diretor de marketing foi questionado pela revista Time sobre a ausência de suporte a títulos de consoles antigos no PlayStation 4. Ele se limitou a dizer que isso não era importante para os jogadores.

"É uma daquelas funcionalidades muito solicitadas, mas que na verdade não é muito utilizada", disse Ryan. "Estive recentemente em um evento de ‘Gran Turismo’ onde tinham jogos do PS1, PS2, PS3 e PS4, e os jogos do PS1 e do PS2 pareciam velhos. Por que alguém jogaria isso?"

A isso, soma-se a insistência da Sony em priorizar títulos "live service". Esses jogos são vistos como galinhas dos ovos de ouro pelas grandes empresas da indústria, mas muitas vezes não engrenam e são descontinuados repentinamente. O que acaba por desapontar os poucos fãs que decidem investir no jogo.

Fim da linha

A verdade é que, assim como os jogos "live service" da empresa, outras apostas de Ryan ainda custam a se pagar. Caso do investimento em caros aparelhos de realidade virtual, que ainda ficam restritos a públicos de nicho, e do recente retorno da Sony aos videogames portáteis, com o questionado PlayStation Portal, que deve ser lançado em novembro.

Sua maior derrota, porém, foi na longa batalha travada contra a compra da Activision Blizzard pela Microsoft. O CEO foi um dos maiores opositores ao negócio e pressionou órgãos de regulação da concorrência em diversos países a vetar a aquisição.

Seu principal argumento, o de que a empresa tornaria a série "Call of Duty" exclusiva para consoles Xbox, resultou em diversos acordos para disponibilização dos jogos da franquia em diferentes plataformas. Quando tudo indicava que a disputa contra o negócio no FTC (órgão regulador da concorrência nos EUA) estava perdida, ele teve de se dar por vencido e também assinou contrato similar com a Microsoft.

Entre altos e baixos, Jim Ryan se tornou um bastião do momento atual da indústria de videogames. A difícil decisão da Sony sobre seu substituto poderá moldar muitos dos aspectos que definirão o mercado no futuro.


Play

dica de game, novo ou antigo, para você testar

Counter-Strike 2

(PC)

A nova versão de um dos mais conhecidos jogos multiplayer de todos os tempos foi lançada na última semana, mas vem encontrando resistência de seus jogadores mais fiéis. O título, que traz principalmente uma melhora nos gráficos, vem sendo criticado por seus bugs e por funcionalidades ausentes em relação a "CS:GO", que foi retirado do ar. Ainda assim, por ser um jogo gratuito, vale a pena checar.

Imagem do jogo 'Counter-Strike 2', da Valve
Imagem do jogo 'Counter-Strike 2', da Valve - Divulgação

Update

novidades, lançamentos, negócios e o que mais importa

  • Com 98% de votos favoráveis, o sindicato que representa dubladores e atores que trabalham na indústria de videogames aprovou um indicativo de greve em meio a negociações com as maiores empresas do setor nos EUA. Apesar disso, o sindicato não chegou a um acordo com as empresas até o último dia 29.
  • A senadora Leila Barros (PDT-DF) foi apontada como relatora do projeto do Marco Legal dos Games na Comissão de Educação e Cultura do Senado. Ela foi uma das principais opositoras à tentativa do senador Irajá (PSD-TO) de votar o projeto em regime de urgência no plenário da Casa nas últimas semanas.
  • A Epic Games anunciou a demissão de 830 pessoas (16% de sua folha de pagamento), incluindo profissionais da antiga Aquiris, estúdio porto-alegrense adquirido em abril pela empresa americana. Questionada pela Folha, a empresa não revelou o número de funcionários demitidos no Brasil.
  • Mesmo com o aumento do preço dos jogos de primeira linha para US$ 70 no último ano, o presidente da Capcom, Haruhiro Tsujimoto, afirmou em entrevista ao jornal japonês Nikkei que o valor ainda está aquém das necessidades da indústria. Segundo ele, um novo aumento seria "uma opção saudável" para as empresas do setor.
  • A Rockstar começou a oferecer antigas versões da série "GTA" para assinantes do seu serviço GTA Plus. Assinantes do serviço, que oferece benefícios para jogadores de "GTA Online", agora terão acesso às edições definitivas de "GTA 3", "GTA Vice City" e "GTA San Andreas". A empresa, porém, afirma que o catálogo de jogos mudará ao longo do tempo.
  • A EA Sports tirou das lojas virtuais todos os jogos da série "Fifa" pouco antes do lançamento de seu novo game de futebol "FC 24". A medida é resultado do fim do acordo de licenciamento da desenvolvedora com a entidade que comanda o futebol mundial. Os jogadores ainda podem acessar e jogar os títulos já adquiridos.
  • A Sega anunciou o cancelamento do jogo multiplayer "Hyenas" e uma "reforma estrutural" no estúdio Creative Assembly, que liderava o projeto. Segundo a empresa, a mudança de planos é resultado da "rápida mudança do ambiente de negócios", em especial devido à diminuição do número de pessoas ficando em casa após o fim da pandemia de Covid-19.
  • A Blizzard, desenvolvedora da série "Diablo", organiza nesta semana uma campanha de doação de sangue em parceria com a BGS (Brasil Game Show) e o Banco de Sangue de São Paulo. Para participar, os doadores devem comparecer das 7h às 18h na unidade do Paraíso da instituição (Rua Tomás Carvalhal, 711), de quarta (4) a sexta-feira (6), com um documento com foto. Mais informações no site do Banco de Sangue de São Paulo.

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games que serão lançados nos próximos dias e promoções que valem a pena

5.out

"Assassin's Creed Mirage": R$ 209,99 (PC), R$ 239,90 (PS 4/5, Xbox One/X/S)

"Front Mission 2: Remake": R$ 152,15 (Switch)

"The Dark Pictures Anthology: Little Hope": R$ 99,50 (Switch)

"Wargroove 2": R$ 47,99 (PC, Switch)

6.out

"Borderlands 3": R$ 299,90 (Switch)

"Detective Pikachu Returns": R$ 249 (Switch)

"NHL 24": R$ 319 (PS4, Xbox One), R$ 359 (PS 5, Xbox X/S)

10.out

"Forza Motorsport"*: R$ 299 (PC), R$349 (Xbox X/S)

"Lil Gator Game": preço não disponível (PS 4/5, Xbox One/X/S)

"Roblox": grátis (PS 4)

"Wild Card Football": R$ 135,90 (PC), R$ 147,45 (Xbox One/X/S), R$ 199 (PS 4/5, Switch)

*Disponível no Xbox Game Pass

Promoção da semana

  • A Humble Bundle está fazendo uma promoção de jogos indies de sua publicadora Humble Games, incluindo os ótimos jogos de desenvolvedores brasileiros "Unsighted" e "Dodgeball Academia". Por valores a partir de US$ 14 (R$ 70), você fica com os dois jogos e mais oito títulos indies. Parte do valor arrecadado vai para instituições de caridade. A promoção vai até 18 de outubro.

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