Na Turquia, suba o morro para ver sol nascer em tumba de rei

Visita a mausoléu de Antíoco 1º no monte Nemrut, a mais de 2.000 metros de altitude, exige sacrifício dos turistas

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Adiyaman (Turquia)

Na província de Adiyaman, localiza-se um dos mais surpreendentes sítios arqueológicos da Turquia.
Considerado patrimônio pela Unesco desde 1987, o monte Nemrut é um passeio para viajantes mais dispostos.

Isso porque o mausoléu do rei Antíoco 1º de Comagena (69-34 a.C.) situa-se numa montanha a mais de 2.000 metros de altitude, cuja porção final se sobe a pé —ou no lombo de burricos. 

Para explorá-lo, é preciso primeiro escolher um pouso. 

Kahta e Karadut, este um vilarejo, são mais próximas. Já as cidades de Malatya e Adiyaman ficam a cerca de 100 km do sítio— a segunda, onde ficou a repórter, tem rede hoteleira mais completa. 

A hora mais deslumbrante para a visita é também a que exige mais sacrifício do turista: o amanhecer. 

Considerando o deslocamento do hotel até o sítio e os trâmites para a subida (primeiro uma van, depois o trecho final, que na maior parte tem degraus), será necessariamente uma noite de pouco ou nenhum sono.

No entanto é de fato um espetáculo ver o sol extrair da escuridão o monumento.

Aos poucos vão se dourando as milhares de lascas de pedras que compõem o “hierotheseion” —palavra de origem grega que designa o local sagrado de sepultamento do rei que se clamava indicado por deus. O que parecia o topo de uma montanha é uma construção humana feita para louvar Antíoco.

Enormes estátuas sem cabeças e suas enormes cabeças sem corpo, dispostas em dois terraços, cercam a tumba de 145 metros de diâmetro e 50 metros de altura. São animais —um leão, uma águia— e deidades —como Zeus e Apolo—, além do próprio Antíoco. 

É preciso dizer que será difícil obter numa visita comum as lindas fotos que uma busca na internet mostra. Haverá quantidades de turistas com o mesmo objetivo, e mesmo observar com calma as estátuas exige paciência.

A dica é apreciar o nascer do sol, guardar na memória as imagens que a maioria das câmeras não reproduziria de maneira fidedigna e, depois, com vagar, observar os detalhes do monumento. 

O rei Antíoco era supostamente descendente de Dario da Pérsia, pelo lado paterno, e de Alexandre, o Grande, pelo materno.

A importância simbólica desse sincretismo genealógico, verdadeiro ou não, era afirmar a independência do pequeno reino de Comagena, situado entre leste e oeste.

Nas estátuas, compostas de blocos que chegam a pesar nove toneladas, misturam-se traços dessas civilizações.

Quando der por encerrada a visita, tome uma das vans que descem de volta para o ponto de partida, uma construção onde há loja e café. Será uma pausa bem-vinda em especial para os visitantes matinais. 

A região sudeste da Turquia tem clima bastante seco e, em boa parte do ano isso se traduz em temperaturas baixas, sobretudo em grandes altitudes. Ou seja, há grandes chances de que faça frio no dia da sua visita, ainda mais —de novo— se ela for de madrugada, mesmo na época mais recomendável para ir o país, entre a primavera e o outono do hemisfério Norte.

Por isso, ainda que no ponto de partida haja aluguel de cobertores, o melhor é ir preparado com trajes adequados, como sapatos confortáveis, de preferência para trilha, evitando escorregões nas pedras, e roupa quente. Vale a velha recomendação de se vestir por camadas. 

O caminho de volta deve incluir uma parada nos vestígios de Arsameia, a capital de verão do reino de Comagena —a sede-titular do reino era Samósata, que ficava situada à margem oeste do rio Eufrates e, como o sítio arqueológico de Nevali Çori, foi inundada pela represa Atatürk. 

Ali encontram-se outras esculturas em pedra, entre as quais destaca-se um grande relevo de uma “dexiosis” —termo, na arte grega, para a representação de um aperto de mão. No caso, entre o semideus Héracles e o rei —de acordo com algumas fontes, o próprio Antíoco, segundo várias outras, Mithridates.

A peça, talhada por volta do ano 50 a.C., situa-se à entrada de um túnel, de uso incerto, sobre o qual há uma extensa inscrição em grego. 

O texto relata a fundação da cidade pelo rei Arsames, do império Selêucida, fala da paz selada com Comagena pelo casamento entre sua filha Laódice e Mithridates e, por fim, descreve que ali Antíoco construiu a tumba de seu pai.


R$ 2.944 
8 noites em Istambul, na Decolar ( decolar.com)
Hospedagem em quarto duplo, sem regime de alimentação, no Timeks Hotel. Não inclui passeios. Com passagem aérea a partir do aeroporto de Guarulhos (SP)

€ 869 (R$ 3.909) 
8 noites em Istambul e na Capadócia, na Schultz (schultz.com.br)
Três noites em Istambul, duas na Capadócia, uma em Pamukkale, uma em Kusadasi e uma em Çanakkale. Hospedagem em quarto duplo, com café da manhã. Inclui cinco almoços e cinco jantares. Com passeios pelos principais pontos turísticos dos destinos (guia em português acompanha) e traslados. Sem passagem aérea. Pacote válido até março de 2020, com saídas às sextas-feiras

US$ 1.567 (R$ 6.362) 
9 noites em Istambul, Ancara e Capadócia, na Trains & Tours (lufthansacc.com)
Duas noites em Istambul, duas na Capadócia, duas em Kusadasi, uma em Ancara, uma em Pamukkale e uma em Çanakkale. Hospedagem em quarto duplo, com café da manhã. Sem aéreo

R$ 15,8 mil
7 noites em Istambul, no Shangri-La Bosphorus (shangri-la.com)
Pacote para casal, com check-in em 27 de dezembro. Inclui café da manhã. Sem passagens aéreas

A jornalista viajou a convite do Ministério da Cultura e Turismo da República da Turquia 

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