Vai para o Rio de Janeiro? Veja tour a pé para curtir o melhor do calçadão

De Copacabana a Ipanema, saiba como aproveitar caminhada de quase 10 km à beira do mar

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Seth Kugel
Nova York | New York Times

Para quem nunca se aventurou por lá antes, uma caminhada descontraída de 8 km pelo calçadão das praias de Copacabana e Ipanema —os dois parênteses de areia mais lendários do Rio de Janeiro— vai provocar emoções mesmo em quem há anos cita "caminhadas na praia" como um de seus passatempos favoritos.

 Calçadão de Copacabana, no Rio
Calçadão de Copacabana, no Rio - Moacyr Lopes Junior/Folhapress

As reações podem variar de nostalgia sonhadora ("imagine como deve ser crescer em um lugar como este") a momentos de "ahá" cultural ("a bossa nova está fazendo tanto sentido para mim agora!"), ou especulações de médio prazo ("quais são mesmo as regras para quem quer ser nômade digital no Brasil?").

Já estive no Rio mais de 20 vezes, mas ainda me emociono toda vez que volto e ponho os pés no famoso calçadão onde acontece a quase totalidade deste passeio. Esqueça o esforço para tentar pronunciar a palavra "calçadão" e concentre-se em vez disso em seu som oficial: mil sandálias havaianas percorrendo a longa calçada portuguesa com desenho de ondas.

O trajeto é simples: percorra a primeira praia, faça um desvio breve na direção oposta ao mar para contornar uma ponta rochosa e depois percorra a segunda praia. Pare para se refrescar em um dos inúmeros quiosques ao longo do caminho. Dependendo de seu desejo no momento, vire à esquerda para entrar na água e refrescar-se um pouco ou à direita para aventurar-se na cidade.

Comece seu passeio no meio da tarde num dia de sol. O cenário das praias cariocas sob céus cinzentos é como a Itália quando falta macarrão. Fins de semana são bons, os fins de semana do verão, de dezembro a fevereiro, são melhores, e domingo é ideal, porque é quando a prefeitura fecha a avenida beira-mar, adjacente ao calçadão, para liberar o espaço para multidões de cariocas.

Tênis ou havaianas são uma boa pedida, mas evite, por favor, as sandálias com meias. As praias do Rio aceitam todos os tipos corporais, e os cariocas estão acostumados às excentricidades de turistas, como biquínis folgados e gringos com a pele vermelha como camarão, mas há limites mesmo à tolerância deles.

Leve protetor solar, um cartão de crédito —quase todos os lugares aceitam aqueles por aproximação, ou contactless, até mesmo os quiosques—, e mantenha seu smartphone bem guardado no fundo do bolso. (Esta é uma área do Rio onde turistas podem caminhar em relativa segurança durante o dia, mas mesmo assim vale ficar atento). Você não precisa de pedômetro –pode acompanhar seu progresso pelos postos de salva-vidas ao longo do caminho, que são numerados de 1 a 12.

Comece na ponta norte da praia do Leme (que logo vira Copacabana), aproveitando para andar pelo Caminho dos Pescadores e cumprimentar a estátua de bronze de Clarice Lispector, uma das grandes romancistas brasileiras do século 20, ou conversar com pescadores reais. Em seguida, passe pelo Posto 1, onde geralmente se veem jovens tomando sol e jogando altinha, esporte em que o objetivo é conservar a bola no ar por mais tempo sem usar as mãos.

Quando chegar ao Posto 2, quer dizer que você já está em Copacabana, praia ao mesmo tempo turística (por causa dos hotéis) e diversificada (graças ao transporte público). O ambiente vibra de energia, com futevôlei, esculturas na areia e uma escultura notável, não de areia, do campeão de Fórmula 1 Ayrton Senna, que por aqui desfruta de status quase comparável ao de Pelé.

Pare para admirar o hotel Copacabana Palace, inspirado na Riviera Francesa, inaugurado em 1923 e que continua a conferir classe à praia até hoje.

Passando um pouco do Posto 2, a praia de Copacabana termina no Forte de Copacabana. Entre à direita na rua Francisco Otaviano e ande um pouco mais de três quadras, atravessando um parque para chegar à praia do Arpoador, conhecida sobretudo pelos surfistas que a frequentam pelas manhãs e as pessoas que curtem o pôr do sol no fim da tarde, mas também pelo pequeno e charmoso parque na península.

Entre os Postos 7 e 8 você verá a próxima estátua de bronze: Tom Jobim, o compositor responsável pelo clássico de bossa nova "Garota de Ipanema", com seu violão. Se for domingo, faça um desvio de uma quadra até a Praça General Osório para curtir o artesanato da feira hippie.

Depois vá ver os espécimes humanos finamente esculpidos que geralmente frequentam o entorno do Posto 9. Esse pode ser um bom momento para um breve descanso na areia. Um vendedor simpático aparecerá como que em um passo de mágica para lhe alugar uma cadeira de praia.

Se você ainda não saiu da praia, pense em virar à direita na Rua Vinícius de Moraes para chegar à rua principal do elegante bairro de Ipanema e curtir ou um sorvete na sorveteria Vero ou um suco de goiaba geladinho e sanduíche grelhado na Polis Sucos.

Depois disso, volte para a praia, atravesse o canal e você estará na área mais tranquila (e ainda mais elegante) conhecida como Leblon. Na ponta da praia, suba a rua curta mas sinuosa para chegar ao mirante.

Ou, melhor ainda, siga na direção oposta à do mar e junte-se aos cariocas no Boteco Boa Praça para tomar um chope. Ainda há muita coisa a conhecer no Rio, mas sem curtir um chope gelado e espumoso no final de um dia de praia, você não saberá o que é o Rio.

Distância: oito quilômetros.

Grau de dificuldade: Fácil, porque o trajeto é quase inteiramente plano. Mas, em um dia de sol, você chegará ao fim suado e sentindo calor.

Tempo para percorrer: 2,5 a três horas, incluindo momentos de descanso.

Bom para crianças? Provavelmente não é a melhor pedida para crianças pequenas, devido à extensão e ao fato de que elas provavelmente ficarão mais interessadas em brincar na praia.

Tradução de Clara Allain

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