Saiba como é a ilha de Richard Branson no Caribe, que oferece vida de bilionário

Refúgio de famosos, local nas Ilhas Virgens Britânicas é reflexo de excentricidades de seu dono

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Ilha de Necker (Ilhas Virgens Britânicas)

Dois anos após chegar ao espaço, Richard Branson, 73, está em casa. Ou em uma delas, na ilha de Necker, rodeada pelo mar azul-turquesa do Caribe. Numa terça-feira ensolarada, o bilionário aparece para tomar café da manhã no salão da Great House, a maior construção da propriedade de 30 hectares, nas Ilhas Virgens Britânicas.

Às 7h35, de short florido, camiseta branca e tênis surrado, de quem se diz dependente de atividades físicas, ele cumprimenta os funcionários do seu "hotel/ilha/lar" pelo nome.

Ambiente do resort construído por Richard Branson que ocupa toda a ilha de Necker, rodeada pelo mar azul-turquesa do Caribe
Ambiente do resort construído por Richard Branson que ocupa toda a ilha de Necker, rodeada pelo mar azul-turquesa do Caribe - Divulgação

Antes, jogou tênis, leu e ditou emails para a secretária. "Fazer esporte de manhã é ter essa sensação de que você começa o dia, às 8h, na frente dos outros", diz Branson. Durante cinco dias, o midiático empresário inglês apresentou para este repórter e para outros quatro jornalistas um de seus sonhos extravagantes que viraram realidade.

A ilha comprada em 1979 foi transformada num hotel de luxo, mas não só isso. É lá que o empresário recebe políticos, empresários e celebridades.

Barack Obama precisava de paz e descanso em 2017 após oito anos como presidente dos EUA? Pois teve isso na ilha, seu primeiro destino após deixar a Casa Branca. Lady Di seguiu o mesmo caminho na virada de 1989 para 1990, quando, sem o então marido, o hoje rei Charles, tentou (mas não conseguiu) fugir dos paparazzi.

A lista de famosos é extensa: Nelson Mandela, Bill Gates, Kate Moss e Jimmy Carter, entre tantos que aparecem em fotos nas áreas comuns do hotel.

O local reúne histórias que o dono e seus funcionários adoram contar. A mais antiga é a da compra, em 1979. Um ano antes, o então jovem empresário dono de gravadora e rede de lojas de disco soube que uma ilha estava à venda no país que tinha o mesmo nome de sua empresa, Virgin.

Ele foi até Necker com sua namorada, a quem queria impressionar, admite. Ofereceu US$ 100 mil, proposta recusada pelo proprietário, que pediu US$ 6 milhões. Um ano depois, o dono, em dificuldade financeira, procurou Branson e aceitou a oferta de US$ 180.000, com a condição de que um hotel fosse construído.

A namorada, Joan Templeman, virou esposa, e o casamento foi festejado na ilha 11 anos após aquela viagem de 1978. Outros matrimônios, de amigos do empresário, foram celebrados no hotel, como o do também bilionário e cofundador do Google Larry Page, em 2007.

Nessa festa, Branson conheceu um tal de Elon Musk. "O menino já era esperto", lembra sobre o dono da Tesla e seu rival na corrida espacial privada, que a dupla e o outro bilionário Jeff Bezos travam. "Mas ele [Musk] tem um ponto de vista muito diferente do meu", completa sobre polêmicas que o novo dono do Twitter (ou X) se mete.

Branson prefere as extravagâncias, tais como tentar dar a volta ao mundo de balão, voar para o espaço, ter uma ilha e fazer dela um negócio. Antes de o bilionário chegar, Necker era só mais um paraíso perdido no Caribe. A paisagem que encanta, a vista para o mar turquesa de temperatura agradável e a atmosfera de oásis já estavam lá. As digitais do dono vieram depois e ficaram por toda a parte.

Uma delas é a pegada sustentável, com toda a contradição de ser um destino acessível somente após muitas horas de voo, principalmente em jatinhos privados queimando querosene no ar.

Não há voos comerciais diretos do Brasil para Tortola, capital das Ilhas Virgens Britânicas. O caminho mais prático, com uma conexão, é por Miami. Qualquer outra opção, seja por Panamá, Colômbia,
Republica Dominicana, terá, no mínimo, duas paradas.

Quem chega de jatinho ou em voo comercial precisa percorrer ainda um trajeto que leva 15 minutos em uma lancha, de Tortola até a ilha de Branson. "Bubbles (borbulhas)?", indagam as funcionárias do resort ao oferecer champanhe no embarque.

De longe, é possível diferenciar a ilha das outras pelas duas gigantes turbinas eólicas instaladas. Elas e os 1.230 painéis solares garantem 90% da energia do local.

Na chegada, num deque rosa, o estafe orienta pelo exemplo: o hotel é de luxo, mas estamos numa ilha, e o dress code é de roupas leves, bermuda, camiseta e chinelos ou tênis.

Passar o tempo em Necker é responder algumas vezes por dia se tudo vai bem, se você quer beber e comer algo ou se pretende realizar uma das atividades oferecidas. Todos parecem se esforçar para confirmar suas expectativas. Mas o hotel é também uma casa. E, como costuma ser, tem a cara e os gostos do dono.

Estamos no Caribe, nas Ilhas Virgens Britânicas, mas não há nada que impeça o empresário de replicar em todas as instalações do local uma arquitetura de Bali que fica a mais de 18 mil quilômetros de distância. A memória do primeiro destino que o encantou como viajante fez o empresário pedir uma decoração inspirada na ilha da Indonésia.

Impossível também não conviver com lêmures, animais de Madagascar, que vivem livres no local desde 2010. Branson conta que temia pelas espécies de primatas que estão em extinção e são caçadas no seu país de origem.

O plano recebeu críticas de ecólogos. Porém, o governo local liberou, os animais se reproduziram e a administração do hotel diz que se adaptaram ao habitat local.

Nem todas as ideias de Branson, porém, foram para frente. O empresário planejou importar cangurus. Foi demovido por funcionários. Indagado, um deles explicou o veto: coloca "canguru + boxing" no Youtube e você vai ver.

Ao gosto do dono, a ilha é um playground para quem gosta de esportes. Kitesurfe, caiaque, wakeboard, vela e mergulho figuram nas opções aquáticas. Há também academia e quadras de tênis.

O resort tem 48 vagas e, na maior parte do ano, só é possível alugar todas ao mesmo tempo. Fechar a ilha sai, por dia, US$ 134.500 (ou R$ 652 mil), o que inclui, claro, acomodação, refeições, bebidas e atividades de lazer.

Em dez semanas do ano, a ilha abre para reservas individuais. O período mínimo é de quatro dias, com diárias por US$ 5.000, em média. Mais informações em virginlimitededition.com/en/necker-island.

O valor é para poucos que conseguem desfrutar, por alguns dias, a sensação de ter um ilha uma para chamar de sua —mesmo sabendo que, na verdade, ela é do Richard.

QUEM É RICHARD BRANSON

Aos 73, empresário britânico é fundador do grupo Virgin, que inclui hotéis, companhia aérea e empresa de voos espaciais. Com a Virgin Galactic, gastou mais de US$ 1 bilhão para chegar a borda do espaço, em 2021. Quando está no planeta Terra, passa boa parte do tempo na ilha de Necker

O jornalista viajou a convite da Virgin Limited Edition

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