Descrição de chapéu Estados Unidos

Parque Everglades é paraíso selvagem a apenas uma hora de Miami

Região vive renascimento após anos sofrendo com construções precárias prejudicadas por furacões

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Águia-pescadora em Flamingo, no Parque Nacional Everglades

Águia-pescadora em Flamingo, no Parque Nacional Everglades National Park Service

Flamingo (Flórida)

O maior parque da Flórida não tem Mickey nem princesa, e sim crocodilos, peixes-boi e um pássaro cor-de-rosa que parece uma miragem. E no lugar de montanhas-russas, as fortes emoções ficam para uma caminhada pelos pântanos, com água batendo na cintura.

Bem-vindos ao Parque Nacional Everglades, um paraíso selvagem a uma hora de carro de Miami. Apelidada de "rio de relva", a região reúne ecossistemas de zonas úmidas subtropicais num constante e lento fluxo de água, muitas vezes invisível sob pradarias a perder de vista.

"Sem dúvida temos os personagens mais carismáticos da Flórida", afirma o guarda-florestal Timothy Taylor, que trabalha em Everglades há 35 anos.

Taylor adora apontar para os turistas os peixes-bois e crocodilos que visitam a marina em Flamingo, uma comunidade na ponta mais ao sul dos Estados Unidos contíguos, onde fica um dos centros de visitantes do parque.

Guardas florestais Laurie e Tim, em frente ao novo prédio do Guy Bradley Visitor Center, em Flamingo, no Parque Nacional Everglades.
Guardas florestais Laurie e Tim, em frente ao novo prédio do Guy Bradley Visitor Center, em Flamingo, no Parque Nacional Everglades. - Folhapress

Nos últimos meses, Flamingo vive um renascimento após anos sofrendo com construções precárias prejudicadas por furacões. Primeiro foi o Guy Bradley Visitor Center, inaugurado em julho. Com uma charmosa arquitetura modernista cor-de-rosa, o novo prédio guarda exposições sobre a fauna, flora e os primeiros habitantes de Everglades. Há também uma lojinha.

É dali que saem os passeios gratuitos de observação de aves que Taylor e seus colegas lideram nas manhãs, com binóculos para emprestar. Everglades é um dos melhores lugares para essa atividade nos EUA, assim como pescaria e canoagem.

Em novembro, a reportagem avistou mais de 25 espécies de pássaros numa caminhada pela baía. Perdemos a conta de quantas águias-pescadoras vimos, incluindo aves em dois ninhos. E ainda observamos um colhereiro-americano em pleno voo, um espetáculo de pássaro com penas cor-de-rosa e um bico achatado em forma de colher.

Colhereiro-americano rosado, famoso pelo bico achatado em forma de colher, voando com as asas abertas no Parque Nacional Everglades
Colhereiro-americano rosado, famoso pelo bico achatado em forma de colher, voando com as asas abertas no Parque Nacional Everglades - National Park Service

Apesar do nome, não há mais flamingos em Flamingo. Mas os locais afirmam, sem tom de papo de pescador, que o furacão mais recente trouxe flamingos do México que agora habitam Snake Bight, uma baía onde só se chega de caiaque.

Outra novidade de Flamingo é um novo hotel, o único dentro do parque. O antigo, que funcionou no mesmo local por quase 40 anos, foi fechado e demolido após o furacão Wilma, em 2005. Para acordar dentro do parque, era então preciso se hospedar em ecotendas, barcos, acampar em barracas ou levar seu próprio trailer.

A reportagem foi convidada a se hospedar no Flamingo Lodge, inaugurado em novembro. Um novo restaurante, adjacente ao hotel, também acaba de ser inaugurado.

Todos os 24 apartamentos são virados para a baía, com um janelão no quarto e uma pequena varanda na sala frequentada por passarinhos curiosos (e muitos mosquitos no final da tarde, é essencial levar repelente). Tem também cozinha com geladeira, cooktop, lava-louças e micro-ondas, além de wi-fi, ventilador de teto e ar condicionado.

Construído com contêineres de transporte a quatro metros do chão, o hotel foi desenhado para enfrentar as tempestades típicas da região e o aumento do nível do mar. Para um parque de passeios naturais onde o sinal de celular é praticamente inexistente, o hotel surge como um luxo que deve atrair turistas atrás de conforto.

Para chegar a Flamingo, são duas horas de carro desde o aeroporto de Miami. A jornada serve também como destino: é uma das viagens de carro mais bonitas dos EUA, com manguezais e florestas de cipreste bem na beira da estrada. De manhã cedo ou no final do dia, a quantidade de pássaros sobrevoando também impressiona.

Entre as paradas ao longo do caminho, Royal Palm é uma das melhores, com uma trilha de 1 km numa passarela de madeira sobre um pântano de água doce. Jacarés se reproduzem aqui na estação seca (dezembro a abril), assim como anhingas, pássaros que podem ficar até um minuto debaixo d’água caçando peixes.

Uma imersão mais completa em Everglades acontece nas "caminhadas molhadas" ("wet walks", US$ 40), organizadas pelo Everglades National Park Institute a partir do Ernest F. Coe Visitor Center, bem na entrada do parque." Duas naturalistas levam pequenos grupos para conhecer por dentro uma floresta de ciprestes carecas encharcada, onde a água pode chegar até a cintura.

É preciso ter mais de 12 anos, altura acima de 1,37 metro e levar roupa adequada para participar, como calça comprida e tênis bem amarrado para não escapar do pé quando a água fica um pouco mais lamacenta. No geral, a água é quase cristalina e dá até para ver peixinhos e plantas aquáticas. Jacarés são raros, mas podem dar as caras à distância.

PARQUE MARÍTIMO

Outro parque nacional no sul da Flórida, quase vizinho de Everglades, é o Biscayne, mais popular para quem gosta de snorkeling e mergulho. Cerca de 95% do parque é água, com corais e barcos afundados para explorar e possíveis encontros com golfinhos e tartarugas.

Na terra firme, uma passarela leva o visitante por manguezais repletos de passarinhos. Com sorte, dá para ver iguanas tomando sol nas árvores e peixes-boi nadando na área.

Iguana no Parque Nacional Biscayne
Iguana no Parque Nacional Biscayne - Folhapress

Na "volta para a civilização", uma parada estratégica é o mercado Robert Is Here Fruit Stand, para provar frutas frescas e milk-shakes de limão, uma das especialidades da região. Para quem ainda tiver sede de natureza, o jardim botânico tropical Fairchild, com um borboletário imperdível, fica a 20 minutos do centro de Miami.

Voluntários ficam a postos para tirar dúvidas e liberam novas borboletas recém-saídas do casulo na mão dos visitantes. O jardim também tem diversos lagos que certamente vão lembrar a passagem por Everglades: há avisos de crocodilos por todos os cantos.

Everglades - National Park Service

Flamingo Logde & Restaurant

A jornalista viajou e se hospedou a convite do Flamingo Lodge e do Visit Miami 

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