Extrema direita apela para mobilização de afetos, diz especialista

Série Eleições na Internet entrevista Isabela Kalil, coordenadora do Observatório da Extrema Direita

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São Paulo

Os grupos de esquerda são mais hierarquizados e cautelosos ao postar conteúdos nas redes sociais. Já os membros da direita não têm medo errar, eles sempre testam novas estratégias digitais.

A observação é da antropóloga Isabela Kalil, coordenadora do Observatório da Extrema Direita e do curso de sociologia e política da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.

Segundo ela, enquanto o campo democrático prioriza questões éticas e se baseia na manutenção da democracia, evitando ataques a instituições e atores políticos, o que ela classifica como extrema direita age no lado oposto, espalhando fake news e focando as emoções dos eleitores, sem se preocupar com o que será destruído.

"A extrema direita não tem nenhum compromisso. Nem do ponto de vista do ético nem compromisso de preservar pessoas e instituições. É uma espécie de vale-tudo e destruição da vida democrática", diz no quinto episódio da série Eleições na Internet, publicado nesta terça (18).

"A extrema direita entendeu a importância da mobilização dos afetos, enquanto a esquerda usa um tom professoral, às vezes até de superioridade para 'ensinar o que as pessoas não sabem'. Isso é bem ruim", afirma. "Pessoas encaram a política muitas vezes passando pelos afetos. As pessoas votam em alguém porque elas sentem que aquela pessoa é confiável. Às vezes não tem a ver com plano de governo."

Kalil observa que o movimento da direita brasileira segue forte influência da direita mundial, fenômeno que nomeia de "globalização das teorias conspiratórias".

Com base nisso, a especialista também afirma que o Brasil corre risco de viver algo parecido com o que ocorreu em 6 de janeiro de 2021 nos Estados Unidos, quando apoiadores do ex-presidente Donald Trump invadiram o Capitólio para protestar contra o resultado das eleições.

Apresentada pela repórter especial Patrícia Campos Mello, a série Eleições na Internet é publicada semanalmente, às terças-feiras, e conta com a participação de Carlos Affonso Souza, diretor do ITS (Instituto de Tecnologia e Sociedade).

O projeto é uma parceria da Folha com o ITS (Instituto de Tecnologia e Sociedade) com apoio do YouTube. Os episódios também estão disponíveis nos principais tocadores de podcast.

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