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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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A vaia burra

A Copa do Mundo no Brasil 64 anos depois da derrota para o Uruguai em 1950 traz de volta um personagem chatíssimo: a grã-fina com narinas de cadáver. Criada por Nelson Rodrigues, era a moça que dentro do estádio perguntava a seu acompanhante: "Quem é a bola?".

Felipão tirou Neymar do campo molhado e pesado do Morumbi após 80 minutos de aflição por uma possível lesão. Ao substituí-lo, ouviu uma vaia.

A manifestação pode ter sido misturada. Um pouco a insatisfação pela saída do craque, em parte o lamento por sua atuação apagada.

Estava também a grã-fina de Nelson Rodrigues. Vaiava sem saber por quê.

Felipão reagiu com compreensão. Disse que quando o time não agrada é normal haver reclamações. É verdade.

Mas, naquela circunstância, o justo seria o técnico se levantar do banco, abrir os braços e gritar para a galera: "Burros, burros!".

Não foi toda a torcida, e o jogo contra a Sérvia teve momentos de erros individuais graves. A questão é outra. Os amistosos sempre têm, e a Copa terá dois tipos de torcedor. O que está acostumado ao futebol e entende quando o jogo é difícil, como foi sexta. O outro é o torcedor de boate, que vai ao estádio como quem vai à balada. A versão moderna da grã-fina das narinas de cadáver.

O Brasil simulou contra a Sérvia o duelo contra a Croácia. Foi marcado por pressão, sofreu em uns momentos, resolveu em outros. Encarou uma defesa fechada e um rival forte.

Não brilhou. Ganhou!

Seleção em Copa não é circo. Tem jogo fácil onde é possível brincar e jogo duro onde é necessário brigar. O gol de Fred, caído, mostrou um time que sabe competir.

A Croácia vai jogar duro, tirar espaço. Se a grã-fina atrapalhar, vai ser mais complicado.

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