Madrid Fusión separa Minas Gerais do Brasil
Fala-se muito português brasileiro nesta 11ª edição do Madrid Fusión -o congresso gastronômico que já foi palco de polêmicas e lançamentos de tendências nos últimos anos de efervescência da cozinha espanhola.
Neste ano, com menos novidades, o evento tem o Estado de Minas Gerais como região homenageada.
Javier Lizon/Efe | ||
O brasileiro Rafael Cardoso, de Belo Horizonte, em sua apresentação no Madrid Fusíon |
Na feira, que começou na segunda-feira e termina hoje, são três estandes brasileiros. Logo na entrada, um de Minas Gerais (que é um dos patrocinadores centrais do evento). Mais adiante -até mais visível a quem entra- outro do Brasil, montado pela Embratur. Minas tem mais um espaço dentro. E a água distribuída nos quiosques é também do Estado.
Acrescente-se a isso a presença de grande número de chefs e jornalistas da delegação mineira, e o Madrid Fusión exibe no ar uma inédita presença brasileira. Uma presença até um pouco confusa.
MINAS X BRASIL
Uma vez que o governo de Minas centrou sua atividade na gastronomia do Estado, criou-se uma fronteira entre ela e a gastronomia "do Brasil", no estande da Embratur. Nele, chefs de várias regiões se revezam, como Mônica Rangel (Visconde de Mauá), César Santos (Pernambuco), Flávia Quaresma (Rio) e Tereza Paim (Salvador).
Já nas aulas, tanto no auditório principal quanto em atividades paralelas nas salas menores, imperam os mineiros -a única concessão foi feita a Alex Atala, que tinha prevista para hoje à tarde sua aula intitulada "Brasil Pré-Portugal".
A presença brasileira desperta simpatia e curiosidade -em especial o estande da Embratur, sempre cercado por jornalistas e pelo público.
Todos assistem ao preparo e experimentam pratos como beiju com siri, sopa de palmito fresco com maracujá e farinha de camarão, doce de caju cremoso com queijo fresco, entre outros.
OUTRAS ESTRELAS
Mas tal curiosidade não tira dos visitantes e jornalistas a expectativa de ver grandes estrelas consagradas, como Albert Adrià (que promove grandes mudanças em seu restaurante 41°, em Barcelona), e chefs multiestrelados pelo guia "Michelin", como Joan Roca (El Celler de Can Roca), Eneko Atxa (Azurmendi) e Quique Dacosta (do restaurante com o mesmo nome).
A eles se somam estrelas de outros países, como o francês Pascal Barbot, todos ocupando boa parte dos três dias de atividades do evento.
BASTIDORES
Homenagem a rival
O coquetel de abertura do Madrid Fusión, na segunda, no pomposo Casino de Madri, teve quitutes mineiros. O pão de queijo não deu certo. Já a papada de porco estava sensacional. Houve uma estranha homenagem aos peruanos: um ceviche feito com peixe de rio e limão mineiro.
Ponto para Minas!
Dois fatos chamaram a atenção no coquetel de abertura: a ausência de chefs celebridades (a exceção foi Juan Mari Arzak com sua filha Elena); e o fato de que ninguém passou mal com a comida, coisa que misteriosamente vinha acontecendo em outros anos (ponto para os mineiros).
Quem paga?
O chef Juan Mari Arzak estava extasiado com a quantidade de chefs brasileiros presentes. "Quem paga tudo isso, o governo? Na Espanha o governo nunca nos pagou nada!", queixava-se. Os chefs mineiros viajaram com dinheiro do governo do Estado e de associações empresariais; os demais, foram pela Embratur, escritório oficial de turismo brasileiro.
Assunto do momento
O assunto do evento entre os gourmets de Madri é o novo restaurante de David Muñoz, que já faz sucesso no DiverXo. Sua nova casa, a StreetXO, reúne comida de rua e "show cooking" (os cozinheiros fazem e servem pratos baratos), e fica na loja de departamentos El Corte Inglés, no bairro de Callao.
JOSIMAR MELO viajou a convite do Madrid Fusión
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