Destaque em feira de Frankfurt, livros de culinária ganham o mundo
Entre sobremesas saborosas, verduras apetitosas e chefs com sorrisos de orelha a orelha, a Feira do Livro de Frankfurt tem elevado as obras de cozinha, uma aposta segura que se espalha como fogo.
"Há 20 anos, os livros de culinária ficavam escondidos e eram destinados apenas aos especialistas", mas agora " as pessoas necessitam de consolo em um mundo cheio de crise e esses livros são uma forma de ficar alegre, de sonhar, de viajar", diz Edouard Cointreau, presidente da Gourmand World Cookbook Awards e especialista no setor.
A feira de Frankfurt, principal encontro mundial de livros, que termina neste domingo (18), reservou um espaço maior à categoria, batizado de Gourmet Gallery.
Nele, pode-se encontrar publicações sobre gastronomia do mundo inteiro, tanto russas quanto indonésias ou os segredos do chef francês Alain Ducasse. Há, ainda, a cozinha de Gaza ao lado dos manuais culinários de Israel.
ENTUSIASMO NO IRÃ
O frenesi por livros de receitas se estendeu a quase todos os países, entre eles o Irã. "Há cinco anos não era assim, mas agora ter livros de cozinha é algo popular", diz a chef Samira Janatdust.
Janatdust foi a Frankfurt apresentar seus livros, apesar da decisão de Teerã de boicotar a feira, devido à presença do escritor indo-britânico Salman Rushdie, que recebeu do país uma sentença de morte –ou fatwa– em 1989, após a publicação de seu quinto livro, "Versos Satânicos". A obra foi descrita como uma blasfêmia contra o islamismo e o profeta Maomé.
Conseguir se destacar no meio de tanta variedade é, por si só, um desafio. A espanhola Sofía Piqueras propõe fazer peças únicas, que decora com capas de pano feitas a mão e coloridas com especiarias ou ervas aromáticas.
Há tendências que se generalizam. Os livros de receitas vegetarianas estão com vento em popa. A editoria Marabout conta com publicações populares, uma sobre sucos verdes e outra sobre a couve-de-folhas.
"As pessoas também querem livros bonitos para exibir em suas cozinhas e folhear de vez em quando, diz Pixie Shields", membro da Marabout, um dos pesos-pesados do setor.
"É como ter uma revista de moda bonita", mas estatisticamente, as pessoas cozinham apenas duas ou três receitas dos livros", reconhece.
Entre as outras tendências, Edouard Cointreau destaca as obras temáticas, cada vez mais específicas, como as de confeitaria, de especialidades regionais e de iniciação para crianças.
O mercado de livros de culinária avança graças ao estímulo da televisão e da internet. Concentra-se nas versões em papel, com poucas páginas digitais, e cresce entre 3% a 5% ao ano, segundo Cointreau.
Mas há altos e baixos dependendo de cada país. Na França, por exemplo, o setor se estagnou nos últimos anos, assim como na Alemanha, ainda que siga representando as maiores vendas dentro dos chamados "livros de ajuda".
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade