crítica
Massas, carnes e sobremesa falham no Pina, no Itaim
Divulgação | ||
Espaguete à carbonara do Pina, no Itaim |
Faz um sol de arder. Na calçada da rua Dr. Mario Ferraz, no Itaim, um garçom, com cardápio na mão, pode pinçar transeuntes em pleno movimento. O objetivo é levá-los ao Pina, em uma ruazinha perpendicular. Observe a manobra.
Trata-se de um restaurante italiano que, na inauguração, no primeiro semestre, apresentou-se como um lugar para apreciar "gastronomia autoral" em ambiente que remete aos "terraços da Toscana".
Bem, existe uma forçação de barra incômoda nisso tudo, e certo constrangimento –ambos reforçados ao longo das experiências.
O serviço é um deus-nos-acuda, capaz de melar qualquer refeição –garçons atrapalhados (e um lá na calçada da rua vizinha caçando cliente), pedidos servidos errados, depois de demora exagerada; idem para a conta.
E, então, à espera de uma "gastronomia autoral", ouve-se do garçom as opções de menu executivo (R$ 39). Num dia, nhoque com picanha ou risoto de rúcula e tomate seco (diretamente dos anos 1990?). No outro, salmão ao molho de maracujá (de novo?) ou fraldinha mais fettuccine com cogumelos.
Aos detalhes: risoto passado do ponto, mole, no qual mal se sente a rúcula, vendida como uma das estrelas da receita; salmão sob um molho concentrado de maracujá, com doçura que quase apaga a acidez; massa insossa e molenga, sem sal; e uma fatia de fraldinha... esturricada.
Noutro dia, pesquei pratos do cardápio regular.
O gaspacho (com tempurá de camarão, R$ 48) estava denso, pesado e pálido, na temperatura ambiente (e não frio e vibrante), sem rastro de pimentão. Os camarões eram carnudos e estavam em bom ponto, tenros, mas na massa que o embalava sobrava gordura.
Camarões também fizeram cena em um risoto, com limão-siciliano (R$ 58), no qual a acidez deste passava despercebida. O espaguete à carbonara (R$ 42) foi prejudicado por uma camada robusta de queijo seco, como se tivesse sido ralado há tempos.
Na sobremesa, uma esperança: o creme de mascarpone mostrou sabor lácteo delicado, mas um dos morangos frescos que o acompanhava veio passado, com uma mancha preta (R$ 20).
E, do café (queimado), só restou amargor.
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