GCM e manifestantes entram em confronto na região central de SP
Agentes da GCM (Guarda Civil Metropolitana) e famílias acampadas na calçada da avenida São João, na região central de São Paulo, entraram em confronto na manhã deste domingo, 5.
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O grupo passou a ocupar o local na sexta-feira depois de uma reintegração de posse retirá-los do prédio em que moravam.
Segundo a FLM (Frente de Luta por Moradia), a concentração de mais de 300 guardas-civis começou às 6h30. Eles fecharam o acesso à São João na altura do cruzamento com a avenida Ipiranga até o Largo do Paissandú. A ação começou às 7h, de acordo com Osmar Silva Borges, coordenador geral da FLM.
A GCM tinha o objetivo de retirar as famílias e seus objetos do local. Membros do Conselho Tutelar foram destacados para acompanhar a ação e garantir a segurança de crianças e adolescentes. O movimento aceita deixar o local somente se for para ir a um local de abrigo definitivo.
Segundo Borges, o conflito começou quando um dos agentes espirrou spray de pimenta em um dos manifestantes. Ele afirma que a GCM chegou a usar gás lacrimogêneo e a agredir algumas pessoas. Sete pessoas ficaram feridas e foram encaminhadas à Santa Casa, entre elas um morador de rua que tem suspeita de ter tido as costelas fraturadas, segundo ele.
O Conselho Tutelar afirma que uma de suas representantes também foi agredida, com um golpe na orelha. Algumas crianças apresentaram problemas respiratórios por causa do gás, segundo o Conselho.
A GCM confirma o confronto, mas disse que reagiu a um ataque e seis agentes ficaram feridos. A Folha contatou o responsável pela ação, inspetor Queiroz, que estava no 77º Distrito Policial, da Santa Cecília, registrando um Boletim de Ocorrência.
Segundo Borges, depois do confronto, tanto GCM quanto FLM entraram em um acordo, para que as negociações voltassem a ser retomadas na segunda-feira.
André Monteiro/Folhapress | ||
Famílias se acomodam em calçada da avenida São João após a Guarda Civil Metropolitana derrubar barracos |
LIMINAR
A FLM afirmou ter sido informada que a Justiça cassou uma liminar que garantia o atendimento habitacional definitivo aos ocupantes pela prefeitura do edifício apenas na tarde de ontem.
Segundo o coordenador do movimento, funcionários da prefeitura estiveram no local durante a desintegração, mas não apresentaram nenhuma proposta ou alternativa para as famílias desabrigadas.
"Mesmo que eles ofereçam os abrigos, as famílias vão falar não. Queremos que a prefeitura ceda um espaço sem que esteja presente no local um outro perfil de pessoas. Aqui as famílias se conhecem e, indo para os abrigos, a gente não sabe quando a prefeitura vai tirá-las daquela situaçãoº, disse.
Em nota, a Secretaria Municipal de Habitação disse que a "Justiça entendeu que a prefeitura tem obrigação de conceder abrigo às famílias e incluí-las nos programas habitacionais, mas que é preciso respeitar a ordem de atendimento habitacional".
DESOCUPAÇÃO
A organização dos moradores começou a organizar a desocupação na madrugada de quinta (2). Eles haviam se reunido com a polícia para garantir que todos sairiam pacificamente do imóvel.
Por volta das 7h30 de ontem, as famílias fizeram um panelaço e estendem faixas no prédio, protestando contra a ação de reintegração e logo em seguida começaram a retirar seus pertences. A retirada dos móveis havia terminado no início da tarde.
Segundo a PM, os objetos das famílias estavam sendo encaminhados para caminhões cedidos pelo autor da ação de reintegração e foram levados para o local indicado pelas famílias ou para um depósito judicial.
"Nossa casa agora vai ser a rua porque ninguém aqui tem para onde ir. Se tivesse não estaria ocupando. Decidimos sair para não levar borrachada à toa e para que as pessoas não pensem que somos bandidos e traficantes", afirmou o autônomo William Marcelino Correa do Nascimento, 18.
"Queremos uma moradia fixa para sair das ruas e poder por nossos filhos da escola. Estamos confiantes que a prefeitura vai se mobilizar para atender a gente, porque também precisamos de estrutura familiar", afirmou a desempregada Andrea da Silva, 34, que morava havia três meses em um quarto do prédio desocupado com o marido, a irmã, o cunhado e dois sobrinho.
O prédio havia sido ocupado há cerca de três meses por cerca de 230 famílias.
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