Obra derrubou 4 paredes estruturais de prédio no Rio, diz PF
"Entre sete e oito paredes derrubadas, pelo menos 4 eram estruturais", afirmou o delegado Fábio Scliar, da Delegacia de Meio Ambiente e Patrimônio Histórico da PF, após fazer acareação durante a tarde com quatro operários da obra do nono andar do Edifício Liberdade, que desabou em janeiro no centro do Rio.
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De acordo com o delegado, os operários concluíram que se tratava de paredes estruturais porque "havia uma estrutura de concreto e ferro amarrada por estribos que adentravam a viga e a laje do piso". Em depoimento, eles afirmam que teriam "cortado o ferro sem saber se estava amarrado ou não"
O delegado disse ainda que os operários confirmam que as paredes foram derrubadas a pedido de Cristiane Azevedo, gerente da empresa TO (Tecnologia da Organizacional), que fazia o relacionamento entre os operários e os donos da empresa. No entanto, o advogado que representa a TO, Jorge Willians Soares, disse que as paredes derrubadas eram apenas divisórias e não eram estruturais.
"A TO não derrubou nenhum pilar, muito menos nenhuma viga. Qualquer coisa que eu venha a falar agora é temeroso porque até hoje eu não tive acesso ao inquérito policial", disse o advogado.
Scliar destacou que os operários que trabalhavam na obra não eram especializados em construção. Segundo a PF, os homens trabalhavam em uma empresa de decoração, que desenvolvia serviços na área de gesso, piso e persiana.
Beth Santos - 26.jan.2011/Divulgação PCRJ | ||
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O delegado afirma que na obra não havia pedreiros, sendo que apenas um dos operários desenvolvia a função de ajudante de obras.
"Não tinham conhecimento do assunto. Alguns deles acreditavam que a parede que estavam quebrando era nada mais, nada menos do que uma parede dura com uma massa forte, revestida com uma tela de ferro. E após uma determinada revelação que fiz a eles, todos se convenceram que se tratava de paredes estruturais", disse Scliar.
O advogado da TO alegou que a empresa responsável pelas obras foi escolhida através de licitação.
"Seria leviano falar de culpados, mas talvez nós estejamos nos aproximando mais de dizer que uma boa parte da responsabilidade advém da obra que ocorreu no nono andar e essa obra era de responsabilidade da TO", disse Scliar, que ainda ressaltou que tanto os operários como os donos da TO podem ser indiciados por homicídio doloso, com "dolo eventual" (quando a pessoa não tem a intenção, mas assume o risco de matar), ou culposo.
A Polícia Federal informou também que o diretor do ICCE (Instituto de Criminalística Carlos Éboli), Sérgio Henriques, afirmou que mais dois corpos foram identificados no domingo (1). Logo, o número de mortos sobe para 19 e, ainda, tem outras três pessoas que permanecem desaparecidas ou que os corpos não foram encontrados.
A gerente da TO Cristiane Azevedo continua prestando depoimento na PF. Amanhã (4), a polícia deve ouvir o síndico do Edifício Liberdade.
DESABAMENTO
Os três prédios localizados ao lado do Theatro Municipal desabaram por volta das 20h30 do dia 25. Os edifícios tinham 18 (Liberdade), 10 (Colombo) e 4 andares. O teatro não foi atingido, mas seu anexo, onde funciona a bilheteria, sofreu danos por causa dos escombros.
O inquérito foi iniciado pela Polícia Civil, mas como o Theatro Municipal foi afetado pelo desabamento, a PF assumiu o caso, por se tratar de um bem tombado pela União.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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