Cães serão castrados após 8 morrerem envenenados no interior de SP
Após oito cachorros morrerem envenenados por chumbinho em um período de duas semanas no município de Águas de São Pedro, a 184 km de São Paulo, a prefeitura afirmou à Folha que irá firmar convênio com uma clínica e um hotel para a realização de castração de animais de rua e também daqueles que possuem donos. "A Guarda Municipal também irá intensificar as rondas para coibir o crime", informou o assessor Renan Bortoletto.
No ano passado, ao menos 50 gatos foram mortos por envenenamento, afirmou a presidente da Associação de Proteção aos Animais de Águas de São Pedro, Silvia Helena Ferrero. A entidade está mapeando o número de cães de rua, mas acredita que o total de gatos sem donos é superior. "Os gatos são mais difíceis de serem adotados e ficam pelas ruas, as pessoas ainda preferem mais os cachorros. As nossas estimativas apontavam para cerca de 50 gatos mortos com chumbinho, e agora está acontecendo com os cães", afirmou.
Segundo Ferrero, a parceria com a prefeitura é importante já que o município, que tem cerca de 2.700 habitantes, não possui centro de recolhimento de animais de rua e nem de castração. "Essa abertura com a prefeitura é fundamental, mas nós queremos uma parceria permanente [tanto para a castração quanto para alertar a população contra o chumbinho] e não algo apenas emergencial", afirmou.
De acordo com a prefeitura, a Vigilância Sanitária percorreu estabelecimentos comerciais para fiscalizar e informar que a venda de chumbinho é ilegal no país. O produto não possui registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e é irregularmente utilizado como raticida.
ENVENENAMENTO
No começo deste mês, dois cães que possuíam donos e outros seis de rua morreram envenenados. Uma das vítimas foi a vira-lata Nina que morreu no dia 2 de janeiro após ingerir uma salsicha com chumbinho. A dona, que não quis se identificar com medo de que seu outro cachorro também fosse envenenado, contou que caminhava em uma praça no centro quando Nina teria engolido algo.
"Eu achei que fosse uma fruta, fiquei de olho para vê se ela não iria engasgar. Na volta para casa, depois de uns 10 minutos, ela começou a passar mal, com parada respiratória e a língua ficou roxa", contou a dona, que é fotógrafa.
Nina foi levada ao veterinário por volta das 11h e morreu às 17h do dia 2 de janeiro. Uma colega da dona foi até a praça e recolheu o produto que a cadela teria ingerido. Eles levaram a salsicha envenenada ao veterinário, que tomou um susto com a quantidade de chumbinho no alimento. "Ele disse que daria para matar um adulto", contou a fotógrafa.
A dona de Nina registrou boletim de ocorrência contra maus tratos de animais na delegacia civil do município. Caso o culpado seja encontrado ele poderá pegar de três meses a um ano de detenção, além de pagar multa. O alimento envenenado foi encaminhado à Vigilância Sanitária.
A Associação de Proteção aos Animais de Águas de São Pedro registrou boletim de ocorrência de outros seis animais envenenados. O dono de um vira-lata chamado Dentinho também entrou em contato com a polícia depois que seu cachorro ingeriu veneno.
A dona de Nina acredita que o número de cachorros envenenados no município pode ser maior, já que muitos donos não registraram boletins de ocorrência e não levaram a público o caso. "Eu já ouvi história de gente jogando veneno no quintal das pessoas para calar os cães, e agora estão colocando veneno nas praças para matar os animais de rua. As pessoas não podem se calar isso precisa ser denunciado", contou indignada.
A fotógrafa criou uma página no Facebook para mobilizar as pessoas contra o uso ilegal de chumbinho e os maus tratos a animais.
Os moradores vão organizar uma passeata no dia 19 de janeiro, às 14h, no centro, para conscientizar a população de que maus tratos a animais é crime previsto em lei. Denúncias anônimas podem ser feitas no número 0800 61 8080 ou no 181 do disque denúncia.
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