Defesa de Mizael tenta desqualificar perícia do assassinato de Mércia
O perito Renato Pattoli é a primeira testemunha a ser ouvida neste terceiro dia de julgamento do ex-policial e advogado Mizael Bispo de Souza. Ele é acusado de matar sua ex-namorada Mércia Nakashima, em maio de 2010.
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Na parte da manhã apenas os advogados de defesa e jurados fizeram perguntas ao perito que coordenou os laudos e exames pedidos pela polícia durante as investigações do crime. A partir das 12h, a acusação começou a interrogá-lo.
A estratégia da defesa nessa etapa foi questionar detalhes do trabalho do perito, apontando possíveis brechas que tenham sido deixadas de lado ou ainda questionando os laudos apresentados no processo.
Um dos pontos citados durante o depoimento foi o motivo pelo qual o perito não recolheu a terra presente do carro da vítima, mas apenas de três lugares -- do sapato de Mizael, da entrada da casa do ex-policial e da margem da represa onde o carro e o corpo de Mércia foram encontrados.
De acordo com ele, a coleta não era necessária já que a terra da margem da represa havia sido recolhida e que ela seria mais precisa para analisar o envolvimento ou não do suspeito no crime, pois a pessoa que empurrou o veículo para a represa teria que sair do local andando.
O resultado do laudo na terra não indicou compatibilidade das terras recolhidas no local do crime com as terras na casa e no sapato do ex-policial.
Pattoli afirmou ainda que não houve falha na coleta de material para investigação, pois ele se focou na busca de matérias orgânicas que comprovassem a ligação do suspeito com a autoria do crime.
Na ocasião, uma alga microscópica foi encontrada num dos sapatos analisados de Mizael. O material era compatível com as algas presentes na represa.
Durante o interrogatório também foi questionado se a água da represa foi coletada durante a perícia realizada no local, o que foi negado pelo perito. Segundo ele, essa coleta não seria fundamental para a busca do autor do crime já que não havia particularidade na água que pudesse ser comparado com algum material recolhido na casa de Mizael.
Outro fato questionado pela defesa foi a retirada do veículo da represa não ter sido acompanhada pelo interrogado, responsável pela perícia das investigações.
Pattoli informou que estando ou não no local naquele momento, a preservação integral da área do crime seria inviável, uma vez que para fazer as análises necessária o carro deveria ser retirado da água. Ele disse que soube, após chegar no local, que apenas uma janela do veículo estava aberta quando foi retirado: a do motorista.
Os advogados podem usar na defesa de Mizael a afirmação do perito de que, do local onde a testemunha afirmou presenciar alguém jogando o carro de Mércia na represa, ele próprio não conseguia enxergar nada durante a reconstituição do crime.
Ao afirmar isso, Pattoli ressaltou sua deficiência visual e disse que durante a reconstituição foi possível verificar através da descrição de cenas por parte da testemunha que ela conseguia ver o que ocorria mesmo distante dos fatos.
JULGAMENTO
No primeiro dia, uma das testemunhas ouvida foi o engenheiro Eduardo Amato Tolezani, que afirmou que que a versão de Mizael de que estava estacionado no Hospital Geral de Guarulhos (na Grande São Paulo) na hora da morte de Mércia não é possível, de acordo com os registros telefônicos do celular dele.
O biólogo Carlos Eduardo de Mattos Bicudo, que analisou os sapatos de Mizael, também falou no plenário e confirmou que havia neles a mesma alga encontrada na represa de Nazaré Paulista (a 64 km de São Paulo), onde o corpo de Mércia foi encontrado.
Também foi ouvido Márcio Nakashima, irmão de Mércia. Ele disse que o réu fazia ameaças e perseguia a vítima. "Quando ele não conseguia falar com ela, ele saía atrás dela. Ele gostava de controlar o que ela fazia", afirmou.
O delegado Antônio Assunção de Olim, responsável pela investigação do caso, foi a testemunha mais importante do segundo dia de julgamento. Durante as cinco horas em que prestou depoimento, ele disse que Mizael tem culpa no crime. Ao ser questionado sobre a participação de outras pessoas no crime, Olim afirmou ter certeza que "foram só os dois" --Mizael e o vigia Evandro Bezerra Silva.
O investigador Alexandre Simoni Silva foi a última testemunha a depor na terça-feira (12). Encarregado de analisar dados telefônicos do acusado, ele disse que o réu usava um celular para falar com Mércia e outro, sem cadastro, para falar com o vigia Evandro Bezerra da Silva, também acusado de envolvimento no crime.
Ele também afirmou que o telefone de Mizael apresentou uma "movimentação atípica" na noite do crime de acordo com a captação das antenas de telefonia.
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CRONOLOGIA DO CASO MÉRCIA
Divulgação |
Mércia Nakashima, encontrada morta na represa de SP |
23 de maio de 2010
A advogada Mércia Nakashima desaparece após almoçar com a família
10 e 11 de junho
O carro da advogada é encontrado na represa de Nazaré Paulista (64 km de SP) no dia 10 de junho, e seu corpo no dia seguinte
25 de junho
A Justiça de São Paulo decreta a prisão preventiva do vigia Evandro Bezerra Silva, depois de ele não aparecer para prestar depoimento no DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa)
9 de julho
O vigia Evandro Bezerra Silva é preso na cidade de Canindé do São Francisco, em Sergipe
10 de julho
Justiça decreta a prisão temporária de Mizael Bispo de Souza, 40, ex-namorado da advogada Mércia Nakashima, suspeito de ter participado do crime
Andre Vicente/ Folhapress |
Carro de Mércia é retirado da represa em Nazaré Paulista (SP) |
14 de julho
Justiça suspende pedido de prisão de Mizael, que não chegou a ser preso
2 de agosto
O Ministério Público oferece denúncia (acusação formal) contra Mizael e Evandro por homicídio qualificado e ocultação de cadáver
3 de agosto
A Justiça de Guarulhos aceita a denúncia e decreta a prisão preventiva dos dois acusados
4 de agosto
O advogado de Mizael Bispo de Souza, Samir Haddad Junior, entra com pedido de habeas corpus. Mizael não se entrega e é considerado foragido
5 de agosto
A desembargadora Angélica de Almeida, da 12ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça, suspende a prisão preventiva de Mizael
9 de agosto
A 12ª Câmara de Direito Criminal do TJ suspende a prisão preventiva de Evandro
11 de agosto
Polícia faz a reconstituição de parte do dia em que Mércia Nakahima desapareceu. A polícia refez os passos de Mizael das 11h do dia 23 de maio até por volta de 18h40. Mércia teria sido vista pela última vez por volta de 18h30. Segundo o delegado Antônio de Olim, que coordenou a investigação, a vistoria serviu para reforçar as contradições no depoimento de Mizael
31 de agosto
O Instituto de Criminalística entrega à Polícia Civil e ao Ministério Público o laudo sobre a morte de Mércia. A principal evidência apresentada no documento é uma alga encontrada em um sapato de Mizael, que seria compatível com espécie presente na represa de Nazaré Paulista onde o corpo dela foi encontrado
18 a 21 de outubro
Justiça de Guarulhos ouve 21 testemunhas do caso, além dos dois acusados, durante audiência de instrução
7 de dezembro
Juiz decreta a prisão preventiva de Mizael e Evandro e decide levar os dois acusados a júri popular. Os dois não se entregam e são considerados foragidos
17 de dezembro
Os advogados de defesa de Mizael e Evandro entram com recursos contra o decreto da prisão preventiva no Tribunal de Justiça
27 de dezembro
A desembargadora Angélica de Almeida, da 12ª Câmara Criminal do TJ, nega habeas corpus em favor de Mizael e Evandro
10 de janeiro de 2011
O STJ (Superior Tribunal de Justiça) nega pedido de habeas corpus feito pela defesa de Mizael
24 de fevereiro de 2012
Mizael se entrega à Justiça após mais de um ano foragido. Advogado diz que pediu prisão domiciliar para ele
21 de março
A 12ª Câmara de Direito Criminal do TJ mantém decisão de levar Mizael e Evandro a júri popular
15 de maio
A 2ª Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) nega pedido de habeas corpus a Mizael
23 de junho
Evandro é preso no povoado de Candú, zona rural de Carneiros, sertão de Alagoas
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