Promotor sugere que Mizael usou arma com silenciador para matar Mércia
O promotor Rodrigo Merli Antunes insinuou que o ex-policial e advogado Mizael Bispo de Souza poderia ter utilizado de um silenciador na arma que matou sua ex-namorada Mércia Nakashima, em maio de 2010. A questão foi apontada em interrogatório ao perito Renato Pattoli, responsável pelos laudos feitos durante as investigações policiais.
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Isso validaria o depoimento da única testemunha que diz ter presenciado o crime --ela permanece em anonimato. A testemunha disse que não ouviu tiros, mas apenas os gritos de uma mulher enquanto assistia o carro sendo jogado na represa.
Para tentar convencer os jurados, a acusação reproduziu no plenário um vídeo norte-americano que mostrava uma pessoa atirando com um revólver com silenciador de mesmo calibre daquele usado para matar a advogada Mércia.
O vídeo mostrou que os disparos não produziram nenhum tipo de ruido.
Durante o interrogatório da defesa ao perito, os advogados de Mizael tentaram desmontar os laudos feitos durante as investigações, principalmente as análises feitas do sapato do réu.
Nele, foram encontrados terra, indícios de sangue e osso, um pedaço metálicos contendo chumbo e zinco, além de uma alga que seria compatível às que vivem na represa onde o carro e o corpo da advogada foram encontrados.
De acordo com as resposta obtidas do perito pela defesa, a quantidade de suposto osso e sangue não permitiram fazer testes que concluíssem de que se tratasse realmente desses materiais.
Outro elemento destacado pela defesa foi a proporção de chumbo e zinco encontrado no sapato de Mizael, Segundo o laudo da perícia, a proporção desses materiais eram incompatíveis com a do projetil encontrado no carro de Mércia.
A defesa ainda tentou indicar aos jurados que como a terra encontrada no sapato do ex-policial não era a mesma da margem da represa, a alga também poderia pertencer a outro lugar.
A Promotoria, no entanto, com questionamentos feitos ao perito, mostrou que a alga não poderia ser desqualificada como prova. Ainda que Mizael lavasse os sapatos e pisasse em outro terreno após o dia do crime, a alga da represa poderia ali ter permanecido.
JULGAMENTO
No primeiro dia, uma das testemunhas ouvida foi o engenheiro Eduardo Amato Tolezani, que afirmou que que a versão de Mizael de que estava estacionado no Hospital Geral de Guarulhos (na Grande São Paulo) na hora da morte de Mércia não é possível, de acordo com os registros telefônicos do celular dele.
O biólogo Carlos Eduardo de Mattos Bicudo, que analisou os sapatos de Mizael, também falou no plenário e confirmou que havia neles a mesma alga encontrada na represa de Nazaré Paulista (a 64 km de São Paulo), onde o corpo de Mércia foi encontrado.
Também foi ouvido Márcio Nakashima, irmão de Mércia. Ele disse que o réu fazia ameaças e perseguia a vítima. "Quando ele não conseguia falar com ela, ele saía atrás dela. Ele gostava de controlar o que ela fazia", afirmou.
O delegado Antônio Assunção de Olim, responsável pela investigação do caso, foi a testemunha mais importante do segundo dia de julgamento. Durante as cinco horas em que prestou depoimento, ele disse que Mizael tem culpa no crime. Ao ser questionado sobre a participação de outras pessoas no crime, Olim afirmou ter certeza que "foram só os dois" --Mizael e o vigia Evandro Bezerra Silva.
O investigador Alexandre Simoni Silva foi a última testemunha a depor na terça-feira (12). Encarregado de analisar dados telefônicos do acusado, ele disse que o réu usava um celular para falar com Mércia e outro, sem cadastro, para falar com o vigia Evandro Bezerra da Silva, também acusado de envolvimento no crime.
Ele também afirmou que o telefone de Mizael apresentou uma "movimentação atípica" na noite do crime de acordo com a captação das antenas de telefonia.
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CRONOLOGIA DO CASO MÉRCIA
Divulgação |
Mércia Nakashima, encontrada morta na represa de SP |
23 de maio de 2010
A advogada Mércia Nakashima desaparece após almoçar com a família
10 e 11 de junho
O carro da advogada é encontrado na represa de Nazaré Paulista (64 km de SP) no dia 10 de junho, e seu corpo no dia seguinte
25 de junho
A Justiça de São Paulo decreta a prisão preventiva do vigia Evandro Bezerra Silva, depois de ele não aparecer para prestar depoimento no DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa)
9 de julho
O vigia Evandro Bezerra Silva é preso na cidade de Canindé do São Francisco, em Sergipe
10 de julho
Justiça decreta a prisão temporária de Mizael Bispo de Souza, 40, ex-namorado da advogada Mércia Nakashima, suspeito de ter participado do crime
Andre Vicente/ Folhapress |
Carro de Mércia é retirado da represa em Nazaré Paulista (SP) |
14 de julho
Justiça suspende pedido de prisão de Mizael, que não chegou a ser preso
2 de agosto
O Ministério Público oferece denúncia (acusação formal) contra Mizael e Evandro por homicídio qualificado e ocultação de cadáver
3 de agosto
A Justiça de Guarulhos aceita a denúncia e decreta a prisão preventiva dos dois acusados
4 de agosto
O advogado de Mizael Bispo de Souza, Samir Haddad Junior, entra com pedido de habeas corpus. Mizael não se entrega e é considerado foragido
5 de agosto
A desembargadora Angélica de Almeida, da 12ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça, suspende a prisão preventiva de Mizael
9 de agosto
A 12ª Câmara de Direito Criminal do TJ suspende a prisão preventiva de Evandro
11 de agosto
Polícia faz a reconstituição de parte do dia em que Mércia Nakahima desapareceu. A polícia refez os passos de Mizael das 11h do dia 23 de maio até por volta de 18h40. Mércia teria sido vista pela última vez por volta de 18h30. Segundo o delegado Antônio de Olim, que coordenou a investigação, a vistoria serviu para reforçar as contradições no depoimento de Mizael
31 de agosto
O Instituto de Criminalística entrega à Polícia Civil e ao Ministério Público o laudo sobre a morte de Mércia. A principal evidência apresentada no documento é uma alga encontrada em um sapato de Mizael, que seria compatível com espécie presente na represa de Nazaré Paulista onde o corpo dela foi encontrado
18 a 21 de outubro
Justiça de Guarulhos ouve 21 testemunhas do caso, além dos dois acusados, durante audiência de instrução
7 de dezembro
Juiz decreta a prisão preventiva de Mizael e Evandro e decide levar os dois acusados a júri popular. Os dois não se entregam e são considerados foragidos
17 de dezembro
Os advogados de defesa de Mizael e Evandro entram com recursos contra o decreto da prisão preventiva no Tribunal de Justiça
27 de dezembro
A desembargadora Angélica de Almeida, da 12ª Câmara Criminal do TJ, nega habeas corpus em favor de Mizael e Evandro
10 de janeiro de 2011
O STJ (Superior Tribunal de Justiça) nega pedido de habeas corpus feito pela defesa de Mizael
24 de fevereiro de 2012
Mizael se entrega à Justiça após mais de um ano foragido. Advogado diz que pediu prisão domiciliar para ele
21 de março
A 12ª Câmara de Direito Criminal do TJ mantém decisão de levar Mizael e Evandro a júri popular
15 de maio
A 2ª Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) nega pedido de habeas corpus a Mizael
23 de junho
Evandro é preso no povoado de Candú, zona rural de Carneiros, sertão de Alagoas
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