Protesto contra tarifa no Rio deixa rastro de destruição; OAB critica ação da PM
O protesto de estudantes contra o aumento das passagens de ônibus no início da noite de segunda-feira (10) deixou um rastro de estragos pelas ruas do centro do Rio.
No percurso, os participantes quebraram janelas da histórica Igreja de Nossa Senhora do Carmo, na rua Primeiro de Março, assim como os vidros do mobiliário urbano em pontos de
ônibus.
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Os manifestantes picharam a fachada do Centro Cultural Banco do Brasil e também algumas calçadas. Durante o protesto também foram destruídas latas de lixo da prefeitura e sacos de lixo foram rasgados, deixando um rastro de sujeira no asfalto.
Divulgado pelas redes sociais, o protesto reuniu estudantes de universidades públicas e particulares. Não havia uma liderança que falasse em nome dos manifestantes. A passagem no Rio aumentou neste mês de R$ 2,75 para R$ 2,95.
Segundo alguns manifestantes ouvidos pela reportagem, o movimento é pacífico. Um dos universitário na frente da 5ª DP, no centro, para onde foram levados 31 participantes do protesto, disse que não concorda com qualquer tipo de violência". Todas as pessoas detidas já foram liberadas pela polícia.
Armando Paiva/Futura Press/Folhapress | ||
Vidro quebrado após protesto contra o aumento de tarifa de ônibus; manifestantes deixaram rastro de destruição pela cidade |
Na prática, não houve sintonia no discurso dos estudantes.
"Um grupo de punks que participou do protesto reagiu com violência. Vi um deles lançar um coquetel molotov. A ação de uma minoria realmente atrapalhou a nossa manifestação", disse à Folha uma participante do protesto, que preferiu não se identificar.
Com aproximadamente 400 participantes, o grupo iniciou a manifestação na Cinelândia e seguiu em caminhada que interrompeu o trânsito em algumas das principais vias do centro. A confusão começou na rua Primeiro de Março, diante da sede do fórum.
TRUCULÊNCIA
A comissão regional de direitos humanos da Ordem dos Advogados do Brasil criticou a truculência policial durante o protesto.
"Os policiais atacaram os estudantes de forma desproporcional. E a partir daí, a situação fugiu ao controle. Os manifestantes se dispersaram pelas ruas do centro, que virou um cenário de lutas", afirmou o advogado André Barros, da comissão de direitos humanos da OAB-RJ.
Além de agredir os estudantes com cassetetes, os policiais da Tropa de Choque lançaram bombas de efeito moral e spray de pimenta. Um advogado que saía do trabalho chegou a ser atingido na cabeça durante a ação da PM.
Por sua vez, os manifestantes reagiram atirando pedras na direção dos policiais e iniciaram uma série de atos de vandalismo pelas ruas do centro. Um deles chegou a lançar um coquetel molotov em plena rua Primeiro de Março.
A OAB ressalta que cabia à polícia a tarefa de tranquilizar a situação.
"Não dá para a PM chegar em uma manifestação pacífica de estudantes atirando spray de pimenta na cara das pessoas. Houve sim um excesso dos policiais", criticou o advogado Raul Lins e Silva, representante da OAB que compareceu à delegacia na noite de ontem para acompanhar de perto o caso.
Com a cabeça enfaixada, o advogado Ralph Lichotti, 33, prestou depoimento. "Eu estava saindo do escritório de um cliente, na [avenida] Presidente Vargas, e nem tive tempo de fazer nada. Um policial me atingiu com um cassetete na cabeça", disse Lichotti, ao sair da delegacia.
Em nota, o comando da Polícia Militar informou que a Tropa de Choque usa o "conceito progressivo da força" no controle de manifestações. "A primeira medida para desobstruir o trânsito é a ordem e/ou advertência verbal. Esta medida foi adotada. Os manifestantes exaltados reagiram à ordem e não desobstruíram a rua. Como a PM tem como princípio a preservação da vida, usa armas não-letais para controle destes distúrbios."
De acordo com a instituição, o gás de pimenta é usado no mundo inteiro "como forma de controle e afastamento" por sua ação momentânea e sem sequelas. "Até mesmo carteiros, nos EUA, têm gás de pimenta em seu equipamento, para usar em animais soltos em residências que por acaso venham a atacá-los", informou a PM. E concluiu: "a PM continuará atuando para que os direitos da maioria da população sejam respeitados, dentre estes o direito de ir e vir".
Concentrados em frente à delegacia, ontem, à espera da liberação dos colegas detidos, um grupo de estudantes prometeu organizar uma nova manifestação, ainda maior, nos próximos dias.
Marcelo Fonseca/Folhapress | ||
Protesto contra o reajuste das passagens de ônibus termina em confronto na região central do Rio de Janeiro |
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