Grupo força entrada no Congresso e entra em confronto com a PM
Depois de duas horas de manifestação sem conflitos em Brasília, um grupo de manifestantes forçou a barreira policial montada na entrada do Congresso Nacional, iniciando um confronto com a Polícia Militar, que mantém posição para impedir o avanço do grupo.
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Os manifestantes, que tentam entrar no Congresso, começaram a atirar artefatos explosivos contra as dezenas de policiais. As bombas, porém, limitam-se a um forte barulho; não chegam a provocar ferimentos.
Alguns policiais reagiram com gás de pimenta e golpes de cacetete, além de bombas de gás lacrimogêneo, que foram respondidas com rojões disparados por manifestantes.
Mesmo após a dispersão, o grupo que estava no gramado do Congresso gritava: "invade, invade, invade!". Um policial levou uma paulada na cabeça e foi carregado pelos colegas. Uma sacola com pólvora e bolinhas de gude foi apreendida.
Também há registro de empurrões nos PMs para tentar furar a barreira. Um manifestante foi detido dentro da Câmara. Ele alegou que queria falar com deputados. A polícia vai avaliar como ele furou o bloqueio.
Um outro grupo de manifestantes, que busca evitar confronto, sentou-se no chão, em repúdio à atitude dos que entraram em confronto.
Para reforçar a segurança, a Câmara restringiu o acesso da imprensa ao interior do Congresso pela entrada da chapelaria, a principal da Casa.
Por volta das 19h, a sessão plenária do Senado continuava, com discurso da senadora Ana Amélia (PP-RS). Milhares de pessoas cantam na Esplanada dos Ministérios: "ooooo, o povo acordou!".
SEM IDENTIFICAÇÃO
Parte dos policiais militares que acompanham a passeata dos manifestantes na tarde desta quinta-feira (20) está sem identificação com nome e patente no colete. A PM estima que 20 mil pessoas protestam na capital federal.
Questionado pela Folha, sargento diz que não está identificado "porque não quer".
Os manifestantes atiraram, no início da noite, duas bombas nos policiais que reagiram com spray de pimenta.
Além da tropa que faz uma espécie de cordão de isolamento na Esplanada dos Ministérios, a cavalaria e o Batalhão de Operações com cães tentam impedir a entrada dos manifestantes no Congresso.
A ordem é bloquear todos os acessos, inclusive os que levam às cúpulas da Câmara e do Senado. O coronel Jahir Lobo, chefe de Operações da PM, diz que pode empregar até 3.500 homens na operação.
Para forçar os manifestantes a seguirem para o gramado do Congresso, evitando aproximação da marquise, policiais montam uma barreira humana na diagonal.
A segurança aumenta a medida que os manifestantes se aproximam do Congresso.
No gramado, onde já estão os manifestantes da linha de frente, um cordão de policiais militares busca impedir que o grupo chegue ao segundo espelho d'água.
Desafiando a resistência de partidos políticos, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) e o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) estão no gramado, acompanhados de quatro índios.
PAUTA
A pauta de protesto em Brasília é bastante variada. Muitas pessoas marcham com cartazes bem-humorados em punho. "Na Arábia Saudita, ladrão é decepado. No Brasil, é deputado", diz cartaz de manifestante.
Um dos posters mais originais faz referência à geração Coca-Cola: uma garrafa do refrigerante derrama manifestantes em frente ao Congresso. "A gente luta pelo que não tem. Minha mãe precisa de atendimento hospitalar público e não temos. Estou aqui por isso", diz o criador do cartaz, Hudson Limiro, 22.
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