Após protesto, governador do CE e prefeito de Fortaleza recebem estudantes
Um dia após protesto em Fortaleza reunir cerca de 3.000 pessoas pedindo redução nas tarifas de transporte público --e acabar em confronto em frente à sede do governo--, o governador do Ceará e o prefeito de Fortaleza receberam estudantes em reunião na capital cearense.
Os nove universitários que participaram do encontro afirmaram que o movimento não tem líderes e repudiaram o desfecho do ato de ontem, com tentativa de invasão ao Palácio da Abolição e atos de vandalismo.
O prefeito Roberto Cláudio (PSB) disse apoiar a redução da tarifa de ônibus. Afirmou que já há uma ação judicial da prefeitura em curso para tentar reverter reajuste de R$ 2 para R$ 2,20, promovido em dezembro pela gestão anterior, da ex-prefeita Luizianne Lins (PT).
A ação, porém, até agora teve decisão liminar (provisória) a favor do aumento da tarifa. Os estudantes se mobilizarão para ir ao Tribunal de Justiça do Ceará pedir celeridade no julgamento da ação.
O governador Cid Gomes (PSB) afirmou aos estudantes que poderá convocar plebiscitos para consultar a população sobre a realização de obras que são questionadas pelos gastos elevados, como o Acquario Ceará, um aquário com custo previsto de cerca de R$ 270 milhões.
Os participantes da reunião acertaram que irão manter o diálogo e que haverá um novo encontro, com um número maior de estudantes. Cid afirmou que ajudará os estudantes a formar uma pauta de reivindicações a ser apresentada também ao governo federal.
Um novo protesto reivindicando investimentos na educação ocorre na tarde desta sexta (21) em Fortaleza.
PROTESTO
O dia de protesto em Fortaleza (CE) nesta quinta-feira (20) terminou com confronto em frente à sede do governo e ao menos 61 detidos.
Por volta das 20h, após passeata pacífica, um grupo de manifestantes tentou invadir o Palácio da Abolição, sede do governo, onde o governador Cid Gomes (PSB) esteve durante toda a confusão.
O local virou uma praça de guerra, com a polícia atacando com balas de borracha e os manifestantes com pedras e bombas caseiras.
O saldo final foi de 61 detidos --55 adultos e seis adolescentes.
Havia ao menos 3.000 manifestantes em frente ao palácio, mas nem todos participaram dos atos de vandalismo. Os que defendiam um ato pacífico avisaram à polícia que sairiam e foram embora.
Os participantes do protesto tentaram definir uma pauta de reivindicações ao governador Cid Gomes (PSB), mas o movimento estava dividido e não houve consenso.
Parte dos agressores usava máscaras. Por volta das 20h, esse grupo rompeu as cercas de metal armadas para impedir a invasão do palácio e quebraram os vidros da guarita de entrada.
A PM recuou e evitou o confronto.
Os que tentavam invadir chegaram a entrar no perímetro do Palácio da Abolição, mas a PM formou uma barreira e impediu a invasão total.
Os manifestantes recuaram e ficaram, de longe, atirando pedras no palácio. Também jogaram as cercas de metal nos espelhos d'água do imóvel --local que mais cedo servira de banheira para alguns manifestantes.
A PM avançou com balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo, dispersando o grupo. Também dispersou os manifestantes a golpes de cassetete.
Formou-se um cordão de isolamento na avenida Barão de Studart, na frente do palácio, e ruas laterais foram fechadas.
Em reação, os vândalos atiraram pedras contra prédios, lojas e uma agência da Caixa Econômica Federal nas proximidades. Eles acabaram encurralados e os policiais começaram a prendê-los e revistá-los. Todos foram levados a uma delegacia próxima.
Segundo a Polícia Civil, todos os presos mantiveram confronto com a polícia. Entre as mochilas de alguns, ainda segundo a corporação, havia bombas, canivetes e estilingues com bolas de gude, usadas para quebrar os vidros do palácio.
Policiais infiltrados no movimento e funcionários do governo estadual filmaram e tiraram fotos dos manifestantes, material que será usado para definir responsabilidades. Todos poderão responder por dano qualificado ao patrimônio, incitação à violência, formação de quadrilha e lesão corporal.
Houve dois PMs feridos por pedradas. Não havia balanço de manifestantes feridos na noite desta quinta (20).
Familiares e amigos dos detidos diziam na delegacia que vários deles tinham sido presos já longe da manifestação e não haviam participado de atos de vandalismo.
FIM CAÓTICO, INÍCIO PACÍFICO
O protesto na capital cearense começou pacífico, por volta das 16h, na praça Portugal, área nobre de Fortaleza.
Manifestantes marcharam pedindo redução da tarifa de ônibus e a entrega das carteirinhas de estudante de 2013, que está atrasada.
A manifestação havia sido organizada por estudantes do DCE (Diretório Central dos Estudantes) da Universidade Federal do Ceará, que pediam a todo momento que não houvesse vandalismo.
Os estudantes foram até a Assembleia Legislativa. Negociaram com a PM uma reunião com o presidente da Assembleia, Zezinho Albuquerque, e o secretário de Educação da prefeitura, Ivo Gomes, ambos do PSB. De lá, seguiram para o Palácio da Abolição, onde o ato acabou em violência. (AGUIRRE TALENTO)
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