Passageiro de São Paulo desiste de usar linha de ônibus lotada
Passageiros da viação Itaquera Brasil, que teve a pior nota no índice de qualidade, encaram uma dura rotina dentro dos ônibus.
A linha mais movimentada da empresa leva uma hora e meia para percorrer os 21 km que separam os bairros de Iguatemi e Carrão, na zona leste, nos horários de pico da manhã e da tarde.
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Mesmo lenta, a linha 3703 chega a transportar 20 mil passageiros por dia, uma média de 133 por veículo --quase o dobro da capacidade.
Gabriel Basile, 21, diz que poderia usar a linha para chegar à faculdade, no Tatuapé, mas afirma que ela é tão lotada que desistiu.
Ele passou a fazer outro caminho, mas precisa acordar meia hora mais cedo. Às 5h50, já está no ponto.
"Seria muito mais fácil na 3703, mas não dá. Os ônibus passam lotados, não entra ninguém. Ou vai igual sardinha, ou um abraço."
Ele diz que várias linhas da região são assim. "De tarde e de manhã, formam umas cinco filas em cada ponto. Você chega e só entra no quinto ônibus. Aí ele não para no meio, porque se o motorista abre a porta, cai alguém."
O estudante diz que também circula de ônibus por outras áreas da cidade, e acha que a qualidade não é boa em nenhuma delas. "Aqui é pior, mas não fica muito longe das outras. Quanto mais afastado, pra qualquer lado, é pior. Pelo preço da passagem, tinha que ter até frigobar nos ônibus", afirma.
APERTO
A teleoperadora Cláudia Braz, 32, mora na região de Cidade Tiradentes e trabalha no centro. Seu vale-transporte só cobre a passagem de ônibus --e não a integração com o Metrô, R$ 1,65 mais cara.
Por isso, gasta até duas horas para ir e voltar do trabalho. Ela usa a linha 3407, também da Itaquera Brasil, cujo ponto final é no terminal Parque D. Pedro 2º.
"Pego às 5h30, mas só consigo entrar porque moro perto do primeiro ponto. Depois que enche, o motorista só para no meio quando tem fiscal. Se ele para de bobeira, o povo até xinga, porque não cabe mais ninguém", diz.
Ela diz que o aperto é tanto que muitos conseguem dormir em pé na viagem. "O busão vai chacoalhando, mas ninguém sai do lugar."
E não é só o aperto que incomoda. Cláudia conta que a grande quantidade de passageiros dificulta a limpeza dos veículos, por isso acaba chegando ao trabalho com a roupa suja e "toda amassada".
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