Sem-teto derrubam grades e tentam invadir Prefeitura de São Paulo
Dois dias depois de tentar invadir a Câmara Municipal de São Paulo, o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) por pouco não invadiu a prefeitura na manhã desta quinta-feira (17).
A confusão aconteceu quando um grupo de manifestantes teria usado um alicate para cortar as grades que foram instaladas no entorno da prefeitura. Após derrubar o gradil, eles partiram para cima dos guardas que faziam a segurança da entrada do prédio.
De acordo com relato da GCM (Guarda Civil Metropolitana), alguns manifestantes usaram estilingues para atirar bolas de gude. Outros teriam usado pedaços de pau e pedras. Ao menos seis vidros de três portas da entrada principal do prédio foram quebrados.
Durante a tentativa de invasão, três guardas ficaram feridos --um inspetor teve um corte na mão direita, outro inspetor sofreu hematomas na perna esquerda e um guarda foi atingido por uma paulada, apresentando inchaço no pescoço. Segundo a PM, ao menos 300 pessoas participaram do ato.
O protesto começou de maneira pacífica, no Theatro Municipal, no centro da capital. De lá, os manifestantes bloquearam o viaduto do Chá e seguiram em passeata até a porta da prefeitura --quando os ânimos esquentaram.
Segundo Guilherme Boulos, membro da coordenação nacional do MTST, a tentativa de invasão foi um "ato isolado". "Foi um momento em que a coisa saiu do controle. Queremos uma manifestação pacífica, são pais e mães de família que estão aqui", disse.
Na terça-feira (15), eles se reuniram com autoridades municipais e prometeram novas ocupações em terrenos da cidade.
Os manifestantes, que fazem parte do movimento das ocupações Faixa de Gaza, em Paraisópolis, e Dona Deda, no Parque Ipê, na zona sul da cidade, pedem a manutenção e ampliação das Zeis (Zonas Especiais de Interesse Social), expansão de habitações de interesse social em outras áreas da cidade e a mudança na maneira como a prefeitura age nas ações de despejo em terrenos públicos ocupados.
Boulos reclama que a prefeitura promove despejos em terrenos municipais com ações da GCM e sem pedir reintegração de posse à Justiça.
TENSÃO NA TERÇA
Na terça-feira (15), o ato teve momentos de tensão, quando os manifestantes tentaram invadir a Câmara dos Vereadores. A GCM usou gás de pimenta e cassetetes para impedir que o grupo ultrapassasse um bloqueio feito com tapumes no Palácio Anchieta - uma das faixas do viaduto Maria Paula chegou a ficar bloqueada por mais de uma hora.
Houve um princípio de confusão, no momento em que pessoas que estavam no prédio do legislativo paulistano jogaram objetos nos manifestantes. Eles revidaram. Segundo a Polícia Militar, a manifestação daquele dia reuniu 400 pessoas --os organizadores falaram em mil participantes.
Uma comissão formada por 12 integrantes do MTST foi recebida pelo presidente do legislativo paulistano, José Américo (PT). Para ele, os manifestantes entregaram um documento com sete propostas --a principal era a agilização da votação do Plano Diretor da cidade, enviado aos vereadores há três semanas pelo prefeito Fernando Haddad (PT).
Na sequência, os sem-teto foram recebidos na prefeitura. Lá, eles esperavam reforçar o pedido sobre as ações da GCM nos despejos em terrenos públicos.
O grupo foi recebido pelo secretário-adjunto de Relações Governamentais, José Pivatto. A prefeitura afirmou que encaminharia as pautas do MTST para a secretaria de Habitação, que é o órgão que deve analisar a viabilidade dos pedidos.
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