Aumento dos homicídios no Rio começou antes de manifestações
A alta dos homicídios no Rio de Janeiro começou a ocorrer antes das manifestações deste ano, o que contraria explicação dada pela Polícia Militar para justificar o aumento nos casos de assassinatos.
A explicação da PM surgiu após a divulgação do crescimento de 38% no total de homicídios em agosto deste ano, comparado ao mesmo mês do ano passado. De acordo com dados do ISP (Instituto de Segurança Pública), a alta nos homicídios começou no início deste ano, mantendo-se ao longo de todos os meses.
Número de homicídios dolosos cresce 38% no Rio de Janeiro
A Polícia Militar justificou o descolamento do efetivo policial para os atos como um dos principais motivos para o aumento das mortes. "Antes, patrulhávamos protestos com apenas 20, 30 policiais. Com a violência atual nas manifestações, usamos até 500 PMs para acompanhá-las. Isso diminuiu a ostensividade", afirmou o porta-voz da PM, tenente-coronel Cláudio Costa.
Os balanços do ISP mostram, porém, que já em janeiro houve alta de 22,5%, em comparação com o mesmo mês de 2012. As manifestações começaram nas primeiras semanas de junho.
Entre junho e agosto deste ano, o Rio registrou alta de 18,6% nos assassinatos, em comparação com o mesmo período de 2012. A mesma tendência já ocorria nos três meses antes dos protestos, entre março e maio, quando houve aumento de 14,3%.
A alta ocorre principalmente na Baixada Fluminense, Niterói e São Gonçalo, segundo dados do ISP. Na capital, onde as manifestações se concentraram, o aumento dos homicídios deste ano, até agosto é de 3,3%.
Questionado pela Folha sobre os números, Costa disse que a PM precisa analisar outros fenômenos que expliquem o crescimento.
O Rio registrava queda constante de homicídios desde 2005, intensificada em 2009, após o início da implantação das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) e da política de gratificação a policiais por redução de crimes.
Para Ignácio Cano, coordenador do Laboratório de Análise da Violência da Uerj, as manifestações não explicam a alta nos homicídios. Na análise do sociólogo, a política de segurança apresenta limites e são necessárias novas ações para estancar a alta nos crimes.
"As UPPs e a Divisão de Homicídios funcionam apenas na capital. Áreas mais violentas, como a Baixada Fluminense, não contam com esse serviço. É preciso expandir e criar políticas complementares para impedir esse crescimento", disse Cano.
A PM afirma que pretende ampliar o programa de regime adicional de serviço, no qual PMs trabalham em horário de folga. O objetivo é aumentar o policiamento.
A alta dos roubos, por sua vez, coincide com o início das manifestações, segundo dados do ISP. Na capital, enquanto os três meses anteriores aos protestos registraram leve queda de 1% nos registros do crime, entre junho e agosto houve aumento de 14%.
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