Manifestantes liberam avenida e começa a reintegração de posse na zona sul
As famílias de uma comunidade na Vila Andrade, na zona sul da capital, começaram a deixar suas casas por volta das 8h desta quinta-feira (5), após acordo feito com a Polícia Militar para evitar um confronto durante cumprimento de reintegração de posse.Os manifestantes que faziam barricadas na avenida Doutor Guilherme Dumont Vilares desocuparam a via por volta das 10h15.
A avenida estava fechada desde as 6h pelo grupo que é contra a reintegração de posse de uma área na rua Doutor Soter Faria. Os manifestantes chegaram a atear fogo em madeiras, sofás e pneus na via e fecharam os dois sentidos.
O acordo feito entre a liderança da comunidade e a PM foi para que a Tropa de Choque recuasse, enquanto as famílias retornariam às casas para fazer a retiradas de pertences.
Na comunidade há casas de alvenaria, inclusive sobrados, onde 57 famílias vivem há mais de 40 anos. De acordo com Suzete Maria Garcia Mendes, oficial de justiça do Fórum de Santo Amaro a área tem sete lotes e todos pertencem à Cristiane Copppola Bove Santos, entre outros proprietários.
O advogado das famílias, Ramon Koelle, diz que a antiga proprietária do terreno estava com processo de usucapião do local. "Só que usucapião é pessoal, você só pode usucapiar para você. Ela [proprietária] colocava outros para morar nessa área. Então, o processo de usucapião tinha que ser em nome dessas famílias", defende.
Vitalina Cardoso Silva, de 48 anos é uma das moradoras mais antigas da comunidade. Ela diz que não tem para onde ir. "É muito triste, porque a minha vida eu fiz aqui. Meus filhos nasceram e se criaram aqui. Eu vim para cá com 18 anos", lamenta.
Daniel Andrade, de 46 anos, motorista, morou durante um ano e meio no local. "Eu fui adotado por essa comunidade quando vim para cá. É difícil, época de fim do ano e Natal. Todo mundo sabia que um dia ia ter que sair, mas que fosse de uma forma digna, que viessem fazer um cadastro das pessoas, que oferecessem auxílio aluguel e alimentação", reclamou.
Aos moradores, a prefeitura ofereceu abrigo. Os proprietários do terreno disponibilizaram 12 caminhões para a mudança, além de depósitos judiciais para onde serão levados os móveis por 30 dias.
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