Após mortes, funcionários de obra na Raposo conseguem benefícios
Um dia após operários bloquearem a rodovia Raposo Tavares (SP-270) devido à morte de dois colegas que trabalhavam na duplicação da estrada e de a obra ser embargada pelo MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), os trabalhadores obtiveram uma série de benefícios nesta quinta-feira (12).
Os cerca de 2.000 funcionários, que não tinham vale-alimentação nem plano de saúde, passarão a ter ambos --vale no valor da R$ 240 e plano de saúde individual. Também serão abertas contas salário para todos os trabalhadores que ainda recebiam o pagamento em dinheiro.
Entre outros pontos acordados hoje estão a desativação de um alojamento e a melhoria das condições nos demais, a troca do fornecedor das refeições, recesso de 21 de dezembro a 5 de janeiro, com a passagem de ônibus custeada pela empresa, e folga de cinco dias úteis a cada 120 dias de trabalho a partir de 2014.
Procurada, a empreiteira OAS, que executa a obra, não se manifestou sobre o acordo.
"Foi uma vitória", diz Luiz Albino da Silva, diretor de base do Sintrapav (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada e Afins do Estado de São Paulo), que participou da negociação. "Os trabalhadores não tinham nada. Eles estavam abandonados."
Apesar do acordo, a obra segue embargada do quilômetro 475 ao 620, entre Maracaí e Presidente Epitácio, na divisa com Mato Grosso do Sul.
Segundo o procurador do Trabalho Cristiano Rodrigues, que acompanhou a fiscalização, o embargo do MTE será válido até que a empresa descarte a relação das mortes com acidente de trabalho. "A empresa terá que comprovar que não há risco aos demais trabalhadores."
MORTES
Um dos funcionários morreu em consequência de uma meningite bacteriana, segundo laudo do Instituto Adolfo Lutz divulgado hoje à tarde. A doença é contraída por meio da saliva e de secreções, como suor.
Um dia antes, a OAS havia descartado casos de meningite entre funcionários que chegaram a ser internados, mas receberam alta. O motivo da segunda morte segue desconhecido.
Outros dez trabalhadores foram internados em hospitais da região de Presidente Prudente (a 558 km de SP) com sintomas como dores na nuca, abdome e cabeça, além de vômito, diarreia e febre, segundo o MPT.
Em nota, a OAS informou que "lamenta profundamente a morte de dois dos seus colaboradores internados recentemente".
Um grupo de 600 trabalhadores chegou a fechar um trecho da Raposo Tavares ontem, por cerca de duas horas.
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