Sede da Copa, Manaus tem trânsito caótico e estacionamento em cemitério
A primeira aventura que um visitante enfrenta ao chegar ao Amazonas não é a selva, mas o trânsito da capital. Sétima cidade mais populosa do país e representante da região Norte na Copa, Manaus vive dias de caos no trânsito.
Congestionamentos, sinalização e fiscalização insuficientes, asfalto ruim e esburacado são problemas crônicos, assim como o constante desrespeito às leis.
O transporte clandestino também é disseminado.
Usuários de ônibus se queixam da lentidão do sistema, ciclistas reclamam da falta de ciclovias, pedestres apontam a invasão das calçadas e motoristas podem levar mais de hora para cruzar a cidade.
A expansão da frota é apontada como principal problema pela prefeitura, que admite a saturação das vias principais. De 2001 até hoje, o número de veículos aumentou 207%, segundo o Denatran --de 185 mil para 568 mil.
Lucas Reis/Folhapress | ||
Carros no cemitério São João Batista, que é usado como estacionamento |
A chuva constante também ajuda a agravar o cenário caótico, deixando semáforos apagados e vias alagadas.
Ao longo da história, pouco se fez para aperfeiçoar a mobilidade urbana em Manaus, que dobrou sua população em duas décadas e nunca planejou a malha viária. Em 20 anos, apenas três grandes vias foram construídas.
Caminhar pelas calçadas, quando elas existem, exige atenção com buracos e até com motos e carros. É comum ver veículos estacionados no passeio, que também serve de atalho para motoqueiros.
Nem os cemitérios escapam: o São João Batista é usado por funcionários de um hospital como estacionamento. Até dezenas de carros param lá todos os dias.
"As pessoas não estão acostumadas a dirigir em uma cidade grande. Manaus cresceu muito rápido", justifica Paulo Henrique Martins, diretor da Manaustrans (agência de trânsito).
"As artérias principais são poucas, e pouco investimento foi feito para solucionar os entroncamentos. O investimento não acompanhou o ritmo dos novos veículos."
O número de mortes em acidentes denuncia a imprudência dos motoristas. Segundo o Mapa da Violência, a taxa subiu 34,3% de 2001 a 2011: de 14,9 para 20 mortes a cada 100 mil habitantes.
A prefeitura diz que em 2014 traçará o plano da Política Nacional de Mobilidade Urbana, exigido pelo governo federal. Será a primeira vez que a cidade de 344 anos se debruçará sobre isso.
A Superintendência de Transportes Urbanos fala em novas obras viárias e em priorizar as ciclovias e o transporte público --há só um corredor de ônibus na cidade.
Em 2009, quando Manaus foi confirmada entre as sedes da Copa, a mobilidade virou promessa de campanha do governador Omar Aziz (PSDB).
Projetos foram incluídos no pacto da Copa: reforma do porto, corredor de ônibus e monotrilho. Tudo encalhou.
Os projetos migraram para o PAC da Mobilidade, mas não têm previsão para sair.
Até a Copa, tudo o que será feito é recapear e melhorar a sinalização das avenidas do entorno do estádio.
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