Greve de ônibus completa 12 dias, afeta lojas e hospitais no RS
Sem perspectiva de fim, a greve no transporte público de Porto Alegre se aproxima das duas semanas de duração e vem alterando completamente a rotina da cidade.
O comércio é um dos setores mais afetados. A Câmara dos Dirigentes Lojistas estima um prejuízo de R$ 100 milhões devido à queda no movimento de clientes e às faltas dos funcionários.
Alguns comerciantes chegam a bancar para os funcionários passagens de micro-ônibus, mais caras que a dos ônibus comuns, e são forçados a tolerar atrasos.
Mas os clientes, sobretudo em áreas de comércio popular, não têm aparecido.
Com a falta constante de funcionários, o Zaffari, principal rede de supermercados do Estado, decidiu fechar unidades mais cedo. A medida se tornou comum no centro da cidade.
A abertura de uma loja de artigos de informática depende do horário que o segurança consegue chegar ao trabalho. No sábado, apenas dois dos sete funcionários conseguiram chegar ao trabalho.
"A maioria dos clientes chega ao centro de ônibus. Eles agora vão ao shopping ou pedem tele-entrega. O vendedor fica sem comissão. Está todo mundo estressado", diz a subgerente da loja, Renata Campos.
Carla Quevedo, gerente de uma farmácia no centro, diz que dois empregados não comparecem ao trabalho desde o início da greve por falta de ônibus. "Fechamos mais cedo para que os funcionários peguem menos fila na volta para casa".
A espera pelos micro-ônibus, insuficientes para suprir a demanda, é longa.
Para piorar a situação, o Rio Grande do Sul passa por uma semana de calor histórico, com temperaturas próximas dos 40ºC. Um meteorologista chegou a pedir "trégua" na greve citando "razões humanitárias". Um milhão de passageiros são afetados.
DE BARCO
A falta de funcionários também preocupa a direção dos hospitais, que estão fretando ônibus para buscá-los nos bairros.
Durante a greve, no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, um dos principais do Estado, os pacientes faltam ou remarcam 15% das consultas, enquanto a direção promove uma campanha de carona solidária para auxiliar nos deslocamentos dos servidores.
Outros órgãos públicos, como o Procon e o Hemocentro, reduziram o atendimento. Na quarta-feira, sessões de cinema foram canceladas na cidade. Quilômetros de corredores exclusivos para ônibus estão vazios e são invadidos por pedestres.
Os transtornos devem afetar até um patrimônio estadual: o clássico Gre-nal. Sem ônibus, o comparecimento ao jogo entre Grêmio e Inter no domingo será prejudicado, já que o estádio fica em um bairro de difícil acesso.
Pressionada por todos os lados, a prefeitura tomou medidas inusitadas, como a transformação de barcos de turismo em embarcações de transporte hidroviário.
O Tribunal Regional do Trabalho determinou que os motoristas e cobradores mantenham uma frota mínima em circulação, o que não foi cumprido. Os trabalhadores pedem redução da jornada e reajuste de 14%, enquanto as empresas oferecem 7,5%.
Ontem à noite, cerca de 200 manifestantes favoráveis ao passe livre se reuniram em frente à prefeitura em um ato de apoio à greve.
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