Corpo de cinegrafista será cremado na quinta-feira
O velório do cinegrafista Santiago Andrade, 49, será realizado na próxima quinta-feira (13), entre 7h e 11h, no cemitério do Caju, na zona portuária do Rio. Em seguida, está prevista uma cerimônia reservada aos familiares até às 12h, horário da cremação.
Os parentes de Andrade autorizaram a doação dos órgãos após ter sido declarada a morte cerebral do funcionário da Rede Bandeirantes na manhã de ontem.
O cinegrafista foi atingido por um rojão durante manifestação na Central do Brasil, na semana passada.
Ele estava internado no hospital municipal Souza Aguiar desde a noite de quinta-feira (9), onde passou por uma cirurgia de quatro horas. Mesmo após a operação, seu estado era considerado crítico.
HOMENAGENS
Casado há 30 anos com Arlita, Andrade deixa uma filha e três enteados. Em entrevista à TV Globo, a viúva desabafou sobre o que ocorreu. "Perdoar? Meu marido está indo embora, eles destruíram uma família. Uma família que era unida." Ela também fez um apelo contra a violência nos protestos. "Eu peço que essas pessoas não sejam violentas, que não façam isso. Isso não vai levar a nada."
editoria de arte/folhapress |
Foi com o jornalista Alexandre Tortoriello, 38, que Andrade ganhou dois prêmios de mobilidade urbana, em 2010 e 2012. Em 2013, o cinegrafista participou de um curso para jornalistas em área de conflito ministrado pelo Exército.
Com adesão relativamente pequena, uma manifestação convocada pelo Movimento Passe Livre para protestar contra o reajuste dos ônibus no Rio serviu de pano de fundo para uma homenagem e um ato de pesar pela morte do cinegrafista.
Cerca de 50 jornalistas se reuniram no fim da tarde, pouco antes do protesto, em frente à igreja da Candelária. Cinegrafistas de TV e fotógrafos baixaram as câmeras e fizeram um minuto de silêncio em homenagem ao funcionário da Band.
Andrade também foi homenageado no "Jornal Nacional", com aplausos dos jornalistas e vários cinegrafistas virando suas câmeras para uma foto do colega de profissão, projetada num monitor.
MANIFESTAÇÃO
A manifestação de ontem teve início no começo da noite na avenida Presidente Vargas, em frente à Central do Brasil, onde o cinegrafista foi atingido. Depois, o protesto continuou pela a avenida Rio Branco, com direito a chuva de papel picado. O ato reuniu pouco mais do que 500 pessoas -algumas delas estavam mascaradas.
O grupo se concentrou em frente a Assembleia Legislativa e depois seguiu para a Fetranspor (federação que reúne as empresas de ônibus). Lá, protestaram contra o reajuste -a passagem no Rio subiu no último sábado de R$ 2,75 para R$ 3.
Por volta das 20h30 houve um princípio de confusão entre manifestantes e policiais nas escadarias da Câmara dos Vereadores. A polícia não usou bombas de gás lacrimogêneo, mas disparou alguns tiros de paintball (arma de ar comprimido, que dispara bolas com tinta).
Vários manifestantes foram revistados e grupos se reuniam em torno dos policiais que faziam revista, com provocações. Os PMs não reagiram.
Por volta das 21h30 o grupo decidiu caminhar de volta até a Central do Brasil, onde o ato havia começado três horas e meia antes. O grupo foi se dispersando pelo caminho, mas aqueles que chegaram à estação de trens tentaram invadi-la novamente. Não conseguiram. Os portões já estavam fechados.
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