Comunidade boliviana se apega à tradição em festas populares
Embora muitas vezes vivendo em condições sub-humanas e sem documentos de permanência no país, os bolivianos de São Paulo mantêm tradições em festas populares na praça Cívica no Memorial da América Latina (Barra Funda) e na feira dominical da Kantuta (Pari).
No último dia 24 de janeiro, a festa de Ekeko, deus da abundância, reuniu até 25.000 pessoas, segundo estimativa do Memorial.
"Somos uma 'nación de naciones', temos 36 línguas oficiais", conta durante a festa o xamã andino Inti Roman, coberto por um poncho multi-colorido que foi tecido num tear manual.
Além de shows folclóricos de dança e de música, barraquinhas com miniaturas de casas, carros e até cofres em forma de porquinhos eram vendidos na comemoração para servir de oferenda ao deus da abundância celebrado indistintamente por toda a comunidade.
Marcio Neves/Folhapress | ||
Bolivianos na festa Alasitas ocorrida no Memorial da América Latina, em São Paulo |
Já na feira dominical da Kantuta, cujo nome alude a uma flor que tem as cores da bandeira da Bolívia -verde, amarela e vermelha-, além de trajes e tecidos, são vendidos ingredientes para cozinhar. Milho branco e negro, batatas miúdas avermelhadas ou brancas e batata doce são alguns deles.
Nesse ambiente distante da dura realidade do trabalho em oficinas de costura, a comunidade aproveita para discutir sua situação sócio-econômica.
A cerveja preferida nessas ocasiões é a Paceña e o refrigerante mais apreciado é a Inca Cola, de cor amarelada.
Nas barracas que vendem comidas prontas, o típico é saborear salteñas de carne, empanadas, leitão ou frango assados e até a sopa de maní com amendoim.
Os grupos de origem quéchua e aimará são os mais numerosos, mas também há muitos bolivianos na capital cuja etnia é guarani, grupo originário da área próxima à fronteira com o Paraguai.
País andino aonde praticamente todos falam espanhol e tem população de origem essencialmente indígena, a Bolívia tem uma população de 10 milhões de habitantes. Os que se destinam a São Paulo são, em geral jovens, provenientes de áreas mais rurais e interioranas.
O preço para tirar os documentos no Brasil e o sonho de guardar dinheiro para retornar andam na contramão para muitos deles.
Os que, afinal, regularizam sua situação sonham em comprar uma casinha em, Itaquaquecetuba, na Vila Maria, na Vila Guilherme ou mesmo no município de Guarulhos (SP).
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