Comandante da UPP autorizou tortura de Amarildo, afirma delegado
Na época comandante da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Rocinha, o major da PM Edson Santos autorizou que seus subordinados torturassem o ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, 43, atrás do contêiner onde funcionava o posto policial.
A afirmação foi feita nesta quinta-feira, primeiro dia do julgamento dos 25 acusados do desaparecimento do pedreiro, pelo delegado Rivaldo Barbosa, da Divisão de Homicídios, responsável pela investigação.
Em seu depoimento, Barbosa disse ainda que "pode haver outros Amarildos" na favela da Rocinha, zona sul, onde o pedreiro desapareceu em julho do ano passado.
Barbosa foi a primeira das 19 testemunhas de acusação a ser ouvida ontem. Além dele, dois outros policiais civis que participaram das investigações foram ouvidos, a delegada Elen Souto e o inspetor Rafael Rangel. À noite, a juíza Daniella Alvarez Prado decidiu suspender a sessão e marcou nova audiência para 12 de março.
A viúva de Amarildo, Elizabete Gomes, chegou ao Fórum, no centro do Rio, acompanhada por um dos filhos do casal, Anderson, e foi levada à sala das testemunhas já que foi intimada a depor como testemunha da acusação.
"Não tenho mais esperanças de encontrar meu marido vivo, mas pelo menos queria achar seus restos mortais para poder enterrá-lo", disse ao chegar.
Dos 25 réus, todos eles policiais militares, 13 estão presos e respondem por tortura mediante sequestro com resultado morte e ocultação de cadáver do ajudante de pedreiro Amarildo Souza, 43.
Doze estão em liberdade e são acusados de omissão e formação de quadrilha.
Em seu depoimento, o delegado Barbosa admitiu que a investigação falhou à época porque não periciou o local exato onde Amarildo teria sido torturado.
Na época, a polícia percorreu apenas o caminho de entrada, o suposto trajeto de saída do morador e a parte interna dos contêineres.
Barbosa disse ainda que todos os policiais que aparecem em imagens levando Amarildo de Souza participaram das torturas, que teriam começado por volta das 19h30 do dia 14 de julho do ano passado.
Além das 19 testemunhas de acusação serão ouvidas 20 testemunhas de defesa. Não há previsão de quando o julgamento terminará.
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